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Dia Mundial lembra ações de combate ao tabagismo
Região – O tabagismo ainda mata, e muito. O hábito está diretamente relacionado a diversas doenças respiratórias, especialmente o câncer de pulmão, segundo mais frequente no país. Dados do Ministério da Saúde afirmam que, em 2017, mais de 27,8 mil pessoas morreram no Brasil vítimas da doença. Esta consciência é o que norteia o Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado no domingo, 31.
Não há dados significativos sobre o tabagismo na região, mas isto não significa que os problemas causados pelo fumo devam ser menosprezados. Afinal, é uma doença crônica, ainda que tratável e evitável. É também uma epidemia, já que dados globais estimam a morte de até 8 milhões de pessoas por ano no planeta pelo uso direto ou indireto do tabaco, segundo a OMS.
“Não começar a fumar é uma das coisas mais simples que existem, embora seja ainda complicado mensurar pois há diversos fatores que influem, como genética e o convívio familiar”, afirma a pneumologista e professoras das universidades Feevale e Unisinos, Cynthia Rocha Dullius. Segundo ela, muitos jovens iniciam o vício por presenciarem pais e avós fumando também.
A situação atual no Brasil é mais favorável, em relação a tempos atuais. Mas as estatísticas disponíveis ainda preocupem. De acordo com o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2019, do Ministério da Saúde, 14,6% dos habitantes de Porto Alegre são fumantes, o índice mais alto entre as capitais brasileiras.
Covid-19
Neste ano, um novo fator deve ser levado em consideração: o coronavírus, que compromete as capacidades pulmonares, por ser uma síndrome que compromete a respiração. Um risco a mais para tabagistas, que passam a ser pessoas de risco para formas graves da Covid-19. A contaminação pode haver ainda pelo hábito de se levar às mãos não higienizadas à boca.
As complicações também podem acontecer pelo compartilhamento de dispositivos fumígenos, como o narguilé e cigarros eletrônicos. “Quem fuma, dificilmente consome um cigarro por dia, então esta pessoa já tem alteração no sistema imunológico, se tornando mais suscetível ao coronavírus”, afirma Cynthia.
Polêmica
Um estudo polêmico realizado na França em abril, apontava uma possível relação entre o hábito de fumar e menos casos de Covid-19. Mas a pesquisa trouxe, além de uma grande controvérsia, mais perguntas do que respostas, principalmente de outros especialistas. “Não temos certeza desta informação, e ela não pode ser levada em consideração”, diz Cynthia.
De qualquer maneira, inúmeros outros estudos apontam os malefícios do hábito de fumar, não importando a idade, em razão da alta dependência que a nicotina e outras substâncias presentes no cigarro podem causar. “O que temos certeza: o tabagismo não faz bem. O tabaco traz alterações cardiovasculares, neurológicas, que também estão associadas”, afirma a médica.