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Diário Rural: família produz verduras e cria animais há mais de 40 anos em Presidente Lucena

29/07/2020 - 17h33min

Atualizada em 29/07/2020 - 17h33min

Presidente Lucena – O aposentado Nicolau Silvério Lippert, 70 anos, tem vitalidade de jovem quando mostra seu galpão, no qual cria algumas vacas, galinhas e porcos. Chovia no dia em que a reportagem esteve na propriedade da família, para coletar sua história de vida, portanto, não foi possível visualizar a plantação. Mas as terras daquele local têm muito para contar.

A propriedade, na localidade de Nova Vila, tem pouco mais de quatro hectares. Foi adquirida por ele junto ao tio da esposa, Loni Exner Lippert, 65 anos. O casal tem dois filhos: o mais velho, Ismael Lippert, 38 anos, vai três vezes por semana na Ceasa, em Porto Alegre, utilizando o caminhão da família para vender os produtos da roça.

O aposentado tem também quatro netos. Dois deles trabalham na fábrica da Doces Petry e, portanto, não conseguem auxiliar na roça, e outros dois ainda são crianças, Matheus, de oito anos, e Helena, de apenas três. Segundo Nicolau, os pequenos consideram divertido o trabalho no campo, e até ensaiam algumas palavras em alemão eventualmente.

Quando chove, se torna difícil até para o aposentado realizar a lida diária. “Aproveito para arrumar alguma coisa aqui, outra ali, no galpão, ou ainda ajudar dentro de casa”. Ou ainda ajeitar a alimentação dos animais, trabalho que faz com bastante dedicação. Vez ou outra, quando possível, os porcos são comercializados vivos também para algum parente que more na colônia.

O sítio, na Av. Presidente Lucena, pertence à família há mais de 40 anos. Quando jovem, Nicolau morava onde hoje é a sede de Presidente Lucena, e depois se mudou para onde é atualmente é Ivoti. Trabalhou durante oito anos na Laticínios Ivoti, como motorista. O ofício de entregador também foi repassado ao filho, que está no ramo até hoje.

Nicolau, a esposa Loni, e dois dos netos, Matheus e Helena (Créditos: Felipe Faleiro)

Diversificação da produção para outras culturas

“Nós não tínhamos condições para comprar uma área de terra, então fomos para a cidade”. Quando iniciou a morar em Nova Vila, Nicolau começou a trabalhar com a plantação de verduras, tanto para a subsistência da família quanto para a comercialização. Por muitos anos, o investimento foi no milho, mas hoje, a produção é diversificada para outras culturas.

A família cultiva batata-doce, aipim, cana-de-açúcar, entre outros. Mas o milho ainda é o carro-chefe, com um hectare plantado atrás da propriedade. Recentemente, o agricultor recebeu dois sacos de adubos da Prefeitura, por meio do Proin Rural, programa que disponibiliza o material para os colonos que preenchem o bloco de produtor.

Ele ainda não utilizou os adubos, mas deverá usar na próxima safra. “É um programa muito bom, acho que todos precisavam ter este incentivo”. Parte do milho de suas plantações é também utilizado na silagem para os animais, e outra parte é vendida. Apesar de todo este tempo, Nicolau conta que nunca precisou de financiamentos rurais para auxílio à produção.

“Eu poderia ganhar na Mega-Sena sozinho, mas não deixaria isto aqui”

Responsabilidade aprendida com os pais

Como outras propriedades típicas em localidades na zona rural, a de Nicolau Lippert, em Nova Vila, não tem cercas ou grades. Mas algumas características tradicionais são mantidas, como a porteira que demarca, de um lado, as plantações, e de outro, a área do galpão, a garagem onde é guardado o caminhão da família e a residência em si. Cães também guardam a casa.

Em dias ensolarados, o aposentado realiza uma atividade que, para ele, já é usual: retira a carroça do galpão, veículo que comprou há alguns anos, amarra algumas vacas, às quais também é coletado o leite, e vai até as plantações para mexer na roça. Ele exibe, orgulhoso, os animais que o auxiliam no trajeto, que é praticamente impossível de ser realizado em dias chuvosos.

Diz também que se criou na roça desde pequeno, incentivado pelos pais, que sempre o ensinaram a ter responsabilidade e o cuidado com o campo. Simpático, o aposentado conta que tem a vida que sempre gostaria. “Eu poderia ficar milionário, ganhar na Mega-Sena sozinho, mas não deixaria isto aqui. Eu gosto disso”.

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