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DIÁRIO RURAL: Verdureiro “Chapéu”, de Picada Schneider, produz verduras há 48 anos

14/04/2021 - 06h30min

Atualizada em 14/04/2021 - 06h49min

Permanecer na roça é um desejo de toda a família

 

Por Cândido Nascimento

 

Presidente Lucena – A vida de Dealmo Graeff (Chapéu), 67 anos, é direto na roça desde muito cedo, quando ajudava os pais nas pequenas tarefas agrícolas, no turno oposto ao das aulas, quando estudou na pequena e antiga escolinha de Picada Schneider (chamada de Brizoleta). Desde os 19 anos leva as suas verduras para a “Ceasinha” de Novo Hamburgo, situada na rua México.

Os pais de Dealmo, Eugênio e Marta Maria Graeff, tiveram oito filhos, mas o produtor diz que era ele que andava sempre atrás do pai na roça. A sua esposa, Clarice Köehler Graeff, também residiu na Picada Schneider desde que nasceu. “Eu também ia de manhã na escola e de tarde dava o pasto para o gado”, explica a moradora.

Nos tempos de infância do casal, os principais produtos cultivados eram o milho, aipim e a batata-doce. Os pais de Dealmo dedicavam-se ao plantio de milho, aipim e feijão.

 

 

Dealmo e a esposa dedicam-se ao plantio e comércio de verduras (Crédito: Cândido Nascimento)

 

“Eu comecei a plantar verduras à meia com um tio”

Com o passar dos anos, o produtor Dealmo buscou a sua independência financeira e começou a plantar verduras na propriedade do seu avô, Frederico Führ, junto com o tio Arlindo Knorst, quando tinha entre 19 e 20 anos.

Ambos trabalhavam à meia. Na época, o plantio era de aipim, batata-doce e temperos. Também comercializavam laranjas e bergamotas. Chegaram a comprar naquele período uma caminhonete Chevrolet, para fazer o transporte dos produtos.

 

O APELIDO

 

Conforme o produtor, ele ficou conhecido pelo apelido de “Chapéu” na Ceasa, pois levava na cabeça um inseparável chapéu de palha, e brinca que quando ia de boné os companheiros de trabalho na Ceasa hamburguense diziam que o chapéu tinha se aposentado.

 

A rotina começa bem cedo na propriedade familiar rural

 

Variedade de alfaces é o foco da família

Atualmente, o foco do plantio está na variedade de alfaces, lisa, crespa, americana, roxa, mimosa, e também chicória, repolho, cebolinha e salsa.

“Antigamente, esses morros ao redor na nossa propriedade eram tudo roças e 60 anos atrás, ainda era assim”, comenta o produtor rural, cuja propriedade atual tem cerca de 7,5 hectares. Ele conta com o auxílio da esposa e do filho Valdir, cujo apelido ficou sendo “Chapeuzinho”.

Um detalhe interessante é que em vez de bois, é usada uma junta de vacas para lavrar a terra, a Salina e a Preta (Schwartz). “As vacas são mais leves e mais rápidas”, comenta o verdureiro.

 

“Sou sócio da Sicredi”

Desde que a Cooperativa Sicredi se instalou no município, Dealmo é associado. É através da agência local que as contas da família são pagas mensalmente.

Até o momento não foi feito nenhum financiamento para aquisição de máquinas ou implementos, ou para custeio de produção, mas o produtor acha importante o incentivo ao setor agrícola, através dos planos de investimento.

 

Incentivo da Prefeitura é válido

O produtor e a esposa comentam que recebem os incentivos da Prefeitura, através das notas tiradas no bloco do produtor.

O auxílio se refere ao uso de retroescavadeira para abrir açudes na propriedade, ou hora de trator para lavração e adubo.

Foi necessário investir bastante com a tubulação para fazer a irrigação dos canteiros, além de tela de sombreamento, (sombrite) para aliviar o efeito do sol sobre as plantas.

 

Açudes foram abertos com benefícios através do bloco do produtor, com uso de retroescavadeiras

 

Uma fonte de água que desce do morro

Uma das riquezas naturais existentes na propriedade familiar é uma fonte de água que desce direto do morro, e que serve para beber, fazer as refeições e ainda tratar os animais.

“No verão a água sai bem gelada e no inverno, ela sai um pouco mais quente que a temperatura ambiente”, explicam “Chapéu” e a esposa.

 

Fonte de água pura desce direto do morro

 

Ficar na roça é o desejo da família

Mesmo que a esposa do verdureiro já trabalhou um período na fábrica, onde era a antiga Calçados Dilly, hoje ela não troca a permanência no campo por trabalhar na indústria.

Dealmo também comenta que se criou no campo e que não troca esse serviço por nada. A rotina de trabalho é das 7 horas da manhã até escurecer, e vai de segunda a sábado. Ambos concordam que trabalhar ao ar livre proporciona muito mais saúde às pessoas.

Ele lamenta que os mais jovens não querem mais trabalhar na roça, devido à rotina diária e dura. “Ninguém mais quer sujar as mãos, esse é o problema”, entende o produtor. Contudo, o filho ajuda em todas as tarefas. Inclusive na lavração e plantio, além de levar as verduras até a feira.

Segundo o verdureiro, se há 20 anos havia entre 10 e 12 produtores na Picada Schneider, hoje esse número é reduzido pela metade.

 

A terra é arada com auxílio das vacas Salina e Preta

 

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