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Dólar cai abaixo de R$ 5,70 pela 1ª vez em mais de 3 meses

15/02/2025 - 08h20min

O dólar registrou queda de 1,26% nesta sexta-feira, encerrando o dia cotado a R$ 5,695. Foi a primeira vez desde 7 de novembro do ano passado que a moeda fechou abaixo de R$ 5,70.

O movimento ocorreu em meio à divulgação da pesquisa Datafolha, que apontou aumento na avaliação negativa do governo Lula, e às expectativas do mercado em relação à política tarifária dos Estados Unidos. No acumulado de 2025, a desvalorização da divisa americana chega a 7,8%.

Influência política e impacto no mercado

No fim da tarde, a divulgação da pesquisa Datafolha mostrou que a avaliação negativa do governo federal atingiu 41%. O efeito foi imediato no mercado cambial, intensificando a desvalorização da moeda americana. “Hoje, a pesquisa Datafolha fez preço. Elas vão fazer preço, assim como foi em 2014, com o mercado antevendo que um possível governo mais à direita, pró-mercado, traz alívio ao câmbio”, afirmou André Valério, economista-sênior do Banco Inter.

Cenário externo e tarifas americanas

O movimento cambial também reflete as expectativas sobre a política tarifária dos Estados Unidos. Filipe Villegas, especialista da Genial Investimentos, destacou que as medidas de Donald Trump sobre importações têm impacto menor do que o esperado: “O que vemos acompanhando na realidade são práticas mais amenas. Sim, ele está fazendo imposição de novas tarifas, mas com imposição de efeitos menores do que o mercado esperava. Por isso temos valorização de moedas emergentes e desvalorização do dólar”.

A perspectiva de um possível acordo para a guerra entre Ucrânia e Rússia também favorece moedas emergentes. Gustavo Okuyama, da Porto Asset, ressaltou que a discussão sobre tarifas recíprocas pode indicar uma intenção maior de negociação do que de aplicação efetiva: “O timing mais lento de imposição de tarifas tem sido entendido como uma vontade maior de negociar do que necessária implementar as tarifas em si”. O memorando do governo americano prevê análise das medidas tarifárias em abril.

Dados econômicos e tendência global

A economia americana também influenciou o movimento do dólar. As vendas no varejo dos EUA em janeiro registraram queda de 0,9%, o menor nível em quase dois anos. O resultado reforçou a expectativa de desaceleração econômica e aumentou as apostas em redução dos juros no país. Globalmente, o índice DXY, que mede o dólar frente a seis moedas fortes, recuava 0,3%.

Moedas emergentes e divisas fortes se valorizaram em relação ao dólar. O rand sul-africano subiu 0,72%, o peso mexicano ganhou 0,5%, o euro avançou 0,29% e a libra esterlina registrou alta de 0,33%.

Fatores internos e mercado brasileiro

No Brasil, indicadores de comércio e serviços mostraram desaceleração da economia. Esse fator influenciou as projeções sobre a taxa Selic, impactando ativos de risco. “Com uma queda relevante na expectativa do fim do ciclo de alta da Selic, diante de dados de atividades mais fracos, observamos diversos ativos de risco performando bem em resposta a essa menor taxa de juros esperada”, explicou Okuyama.

 

 

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