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Escritor americano Philip Roth morre aos 85 anos
O prolífico escritor Philip Roth, um dos ícones da literatura dos Estados Unidos na segunda metade do século XX, faleceu aos 85 anos na terça-feira à noite. O agente do escritor, Andrew Wylie, confirmou à imprensa americana que Roth – que havia se aposentado da literatura em 2012 – faleceu na terça-feira vítima de uma insuficiência cardíaca congestiva. A revista The New Yorker e o jornal The New York Times informaram a morte de Roth, que conquistou em 1998 o prêmio Pulitzer por seu aclamado romance “Pastoral Americana” (“American Pastoral, 1997).
Philip Milton Roth nasceu em 19 de março de 1933 em Newark, Nova Jersey, neto de imigrantes judeus-europeus da onda migratória aos Estados Unidos na primeira parte do século XIX.
Roth, que viveu em Nova York e Connecticut, foi um virtuoso ensaísta e crítico, assim como um agudo observador da sociedade americana. Conhecido por revisar a experiência judaico-americana em seus mais de 30 livros, o escritor foi uma importante referência da literatura após a Segunda Guerra Mundial com a universalidade de sua mensagem”. “I don’t write Jewish, I write American” (“Eu não escrevo Judeu, eu escrevo Americano”), disse uma vez. Roth considerou que chegou a um ponto de inflexão quando percebeu que poderia usar o próprio mundo como matéria-prima literária, fosse a sua infância ou o cenário de sua cidade natal Nova Jersey.
“Não se pode inventar do nada, ou definitivamente eu não posso”, afirmou em um documentário de 2011. “Preciso de algo de realidade, unir dois fragmentos da realidade para obter o fogo da realidade”. Roth conseguiu manter a relevância de suas obras, tanto em termos de qualidade como de quantidade, incluindo sua elogiada trilogia política, que incluiu “Pastoral Americana”, “Casei com um Comunista” (1998) e “A Marca Humana” (2000).
Aposentadoria
Roth, contemporâneo de Don DeLillo, Saul Bellow e Norman Mailer, conquistou as maiores premiações da literatura nos Estados Unidos, mas foi um eterno candidato ao Prêmio Nobel de Literatura, que nunca venceu. Também recebeu o prêmio Man Booker International pelo conjunto de sua obra em 2011. Um ano depois recebeu o prêmio Príncipe das Astúrias e em 2015 a França concedeu a Roth o título de Comandante da Legião de Honra, um reconhecimento que o escritor recebeu como “uma surpresa maravilhosa”.
Seu último romance “Nêmesis”, sobre a epidemia de pólio em 1944, foi publicado em 2010, dois anos depois do anúncio de Roth de que deixaria de escrever, o que deixou o mundo da literatura atônito. “É quase como ouvir que Keith Richards se aposenta do rock and roll ou que o papa abandona a religião”, escreveu o crítico James Walton. Roth permaneceu fiel a sua decisão e se declarou feliz com sua vida pós-literatura, embora tenha admitido que escrever o ajudou permanecer longe da depressão. “Havia chegado ao fim. Não havia mais nada para escrever”, declarou à BBC em 2014. “Comecei a grande tarefa de não fazer nada. Fiquei muito bem”.
Palavras para Trump
Seu livro “Complô contra a América” (2004) se tornou uma referência após a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. O romance estabelece uma história alternativa dos Estados Unidos, na qual imagina que Franklin D. Roosevelt foi derrotado na eleição de 1940 por Charles Lindbergh, um aviador com inclinações pró-nazismo. Alguns críticos de esquerda estabeleceram uma comparação com a vitória de Trump. Roth chegou a descrever Trump como “ignorante de governo, da história, da ciência, da filosofia, da arte,, incapaz de expressar ou reconhecer sutilezas ou nuances… de administar um vocabulário de 77 palavras”.
Fonte: Correio do Povo