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A Kombi da dona Julita: neta recria o cenário da avó, que vendeu verduras por 50 anos na BR-116

11/07/2023 - 23h47min

Produção de hortaliças está enraizada na história, assim como a venda direta do produtor, como fazia a saudosa dona Julita

Mauri Marcelo Toni Dandel

Morro Reuter – Uma Kombi de portas abertas, vendendo hortaliças e frutas da estação marcou época no município. Por mais de 50 anos, Dona Julita e seu esposo, Osvino Frederico Dilly eram um cartão-postal da lateral da BR-116. E esta cena voltou com tudo, para emocionar muita gente.
O Café da Colônia deste ano emocionou, não só por todas as atividades que foram realizadas relembrando a história e a cultura, mas também pela Kombi corujinha 1975 da saudosa Dona Julita que voltou. Muitos visitantes que foram ao evento se espantaram ao ver a cena típica da infância e juventude de muitos, de ver uma Kombi com portas abertas, vendendo frutas e hortaliças. Mas, em vez de ser na lateral da BR-116, próximo ao atelier da Anelise Bredow, a Kombi estava na lateral da Praça Sabá Meyrer.
A responsável pelo resgate desse capítulo afetuoso da memória de Morro Reuter foi a neta de Julita, Brigite Dilly, 40 anos, que, além de recriar o cenário e levar todos à emoção, ela também fez a venda de produtos diretamente do produtor, como sua avó fazia. “De todos os lugares, tinha gente que até se emocionou, pois coloquei uma foto dela. Algumas pessoas que conheciam ela diziam e que passam na BR, sempre lembram da Kombi com a ‘senhora sentadinha dentro’”, destacou Brigite.

A VOLTA
A Kombi 1975, cor gelo, da saudosa Dona Julita esteve presente no 5º Café da Colônia. Estacionada na praça municipal, junto ao muro de livros, ela remontava o cenário que durante 50 anos se via às margens da BR-116. A agricultora e comerciante Dona Julita era presença aos finais de semana com o veículo carregado de frutas, verduras, hortaliças e muitas flores vindas da sua produção direto para a venda. “Nos últimos tempos, eu que conduzia a vó em sua Kombi para as vendas na BR-116. São muitas memórias que tenho dela”, diz Brigite, que levou a Kombi à Praça neste final de semana.
Julita faleceu aos 94 anos em 20 de março de 2018, dia do aniversário de Morro Reuter.

*Colaborou Daniela Moraes

Brigite Dilly recriou (no Café da Colônia) o cenário da sua avó, Dona Julita, que por mais de 50 anos vendia verduras e frutas na lateral da BR-116 em Morro Reuter (foto Daniela Moraes/PMMR)

Dona Julita com sua Kombi, a qual destacou em entrevista de 2018, que era herança do marido e “uma maneira de lembrar dele” (foto Rosana Sperotto/Arq)

NA HISTÓRIA – PELO EBOOK

“Com as portas laterais escancaradas, ostentava orgulhosa a paleta de cores dos vegetais da estação, arrumando sua mercadoria ou atendendo um de seus clientes fiéis. Ao fundo, o morro Dois Irmãos, quando a neblina assim permitia”, conta o e-book “29 lugares, pessoas, causos e coisas de agora e antes que nos fazem amar Morro Reuter”, realizado pela Prefeitura em 2021 com produção e edição de Miguel Eich.

Página do ebook lançado em em 2021, mostrando um pouco da história da Dona Julita

ENTREVISTA AO DIÁRIO

Em 2016, dona Julita relembrou o trabalho entregando leite e vendendo verduras de Kombi

Em março de 2016, o Diário publicou o caderno dos 24 anos de Morro Reuter, e entre as entrevistas “com os mais antigos”, uma matéria de 2 páginas com a dona Julita e sua Kombi ao jornalista Rogério Savian. Aquela acabou sendo uma das últimas entrevistas dela, que veio a falecer dois anos depois, justamente no aniversário de Morro Reuter.
Julita escreveu seu nome na história, pois durante mais de 50 anos de sua vida – e ela viveu até perto dos 95 anos – ela comercializou hortaliças e frutas da estação na BR-116. Aliás, ela não fez só a venda de produtos coloniais, Dona Julita acabou se tornando um cartão-postal da história do município, que até hoje tem, ainda, dezenas de “varejistas”, que produzem ou revendem produtos coloniais em suas Kombis e caminhões pela região.

Em março de 2016, o Diário publicou uma matéria de 2 páginas com a dona Julita e sua Kombi, sendo uma das últimas entrevistas dela, que veio a falecer dois anos depois (Entrevista a Rogério Savian, fotos Rogério Savian e Leonardo Boufleur)

A neta, Brigite, levou esta foto junto no Café da Colônia, relembrando o passado histórico da avó, dona Julita

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