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Após movimento da família e amigos Allan vai para a escola em Herval

14/06/2022 - 18h06min

Atualizada em 20/06/2022 - 11h01min

Família, amigos e Allan realizam um manifesto em frente da escola na quinta-feira, 9, e foram ouvidos (Créd. Cleiton Zimer)

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – Após a família adotar uma última medida para pedir socorro, através de um protesto na quinta-feira, 9, o cadeirante Allan Tayde Arnold de Mello, 15 anos, finalmente poderá frequentar a sala de aula da Escola Estadual Cônego Afonso Scherer, no Centro. A determinação veio durante reunião que ocorreu na manhã de segunda-feira, 13, na 2ª Coordenadoria Regional de Educação (2ª CRE), em São Leopoldo. Família e escola participaram no encontro.

O protesto foi uma medida extrema. A mãe conta que não queriam se expor, muito menos ao Allan, mas, depois de meio ano sem respostas, foi a única maneira de serem ouvidos e terem uma resposta na prática. Após a manifestação ser anunciada através da imprensa, a reunião com a família foi marcada.

Ficou alinha do que Allan deve ir para a sala de aula imediatamente, e as devidas providências para que isso seja possível devem ser adotadas. A escola pediu um prazo para alinhar os detalhes e, a partir da semana que vem, o adolescente terá o mesmo direito que seus colegas: o de frequentar aulas presenciais.

 Momentâneo

É uma solução emergencial e provisória. Ainda não é a ideal, mas é um começo. A instituição vai remanejar a turma de Allan, alocando eles para o térreo, na sala de informática, que possui acesso através de rampas. Estão providenciando carteiras adequadas para que todos os estudantes caibam na sala.

Mãe será monitora até Estado providenciar alguém

Mas, não é tão simples. Conforme decretado pelo juiz Miguel Carpi Nejar, da Comarca de Dois Irmãos, num prazo de 10 dias o Estado deveria prover um monitor com urgência para acompanhar Allan. A decisão saiu no dia 20 de maio, porém, até o momento, nada aconteceu na prática.

Não há mais como esperar – já estamos na metade do ano letivo e Allan ainda não pôde entrar na sala de aula – e, desta forma, a própria mãe, Vanessa Arnold, se dispôs a acompanhar o filho como monitora até que o Estado tome providências que lhe cabem. Pois, mesmo ele tendo acesso à sala de aula, é necessário o acompanhamento de alguém para ir ao banheiro, por exemplo – o sanitário da escola é adaptado, mas, mesmo assim, ele precisa de ajuda. Na escola municipal, onde estudava até então no ensino fundamental, ele tinha a possibilidade de ir para casa (logo ao lado) e era ajudado pela avó.

Quem quiser se candidatar à vaga de monitor de Allan pode entrar em contato com o Conselho Tutelar de Santa Maria do Herval ([email protected] / [email protected], que encaminhará os currículos para o Ministério Público. Além disso, é necessário a aquisição de um guincho especial para ele, o que está sendo providenciado.

Manifesto legítimo

A Escola informou que considera legítimas as manifestações da família e vai continuar trabalhando para que o Allan tenha os seus direitos garantidos. De acordo com a diretora Rejane e vice Ivanete, que encaminharam a demanda já em junho do ano passado, até terça-feira a solução emergencial deve estar implantada e, com isso, Allan poderá frequentar a aula.

Elas lembram que ainda são necessárias diversas mudanças, como a construção de, no mínimo, três rampas: para o refeitório, biblioteca e quadra esportiva. Só assim se dará, devidamente, a inclusão. Destacaram que na reunião a Coordenadoria, junto com o engenheiro responsável, se comprometeram em agilizar o atendimento das necessidades do aluno.

AME

Allan foi diagnosticado com Atrofia Muscular Espinhal (AME) aos dois anos. Aos três, foi para a cadeira de rodas. Somente aos 12 começou a receber a medicação – só a conseguiram via judicial quando ela foi fabricada.

Desde o início estudou na Escola Amizade, que é municipal, onde concluiu o ensino fundamental. No ano passado Allan se formou, indo para a Escola Estadual Cônego Afonso Scherer, a única que tem ensino médio no Município.

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