Estado - País - Mundo
Audiência coloca em cheque a ineficiência da Corsan na implantação da SoluTrat em Santa Maria do Herval
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – Uma sucessão de erros levou a um extremo. Na noite de quarta-feira (19) dezenas de moradores do bairro Amizade participaram de uma audiência pública com a Corsan convocada pelo Legislativo, coordenada pelo parlamentar Leandro Lechner Kich – presidente da Câmara. Estiveram presentes representantes da estatal, prefeita, vice e vereadores, discutindo os transtornos decorrentes da implantação do sistema SoluTrat – de limpeza de fossas sépticas.
A comunidade foi escolhida como ‘piloto’ para a implementação do programa, sendo a primeira da unidade a recebê-lo [em que também fazem parte Dois Irmãos e Morro Reuter].
Se via de regra a Lei Federal 14.026, de 2020, estipula que até 2033 90% da população seja atendida com tratamento de esgoto, a primeira tentativa de implantação feita pela Corsan – nesta unidade em específico – já se demonstrou falha.
Os moradores, de forma unânime, não se apuseram ao projeto em si – considerando-no até justo já que parte de um princípio básico da saúde pública. No entanto, questionam o fato de terem sido tratados como inadimplentes com cobranças de multas, sendo que, na prática, não houve uma devida comunicação e instrução. Reclamam que foi formulado todo um plano de ação sem computar a importância da peça principal: que são os clientes lá na ponta.
Teve moradores que relataram que foram agendar três vezes o serviço, perderam horas do dia esperando a empresa comparecer na data marcada; não vieram, sendo, mesmo assim, autuados.
Outros, afirmaram que não receberam a cartinha da comunicação e, ainda assim, tiveram que pagar uma taxa de R$ 92.
O valor total do serviço seria de R$ 545, que daria aproximadamente R$ 46 mensais. No entanto, o não agendamento acarreta nesta cobrança dobrada – conforme previsto em Lei.
SEM DAR ATENÇÃO AO PRINCIPAL
De acordo com moradores e autoridades presentes, não houve uma comunicação efetiva diante da importância que o próprio projeto representa. Numa manhã, duas funcionárias teriam distribuído folders na Feira do Produtor, que fica no Centro, e que não atingiu os clientes do bairro Amizade onde de fato está ocorrendo a ação.
O gerente anterior, Oneide Castro – e que não faz mais parte da Corsan, teria dito que um “acampamento” teria sido montado na entrada do bairro, mas nada disso foi feito.
Outro questionamento foi o uso de normas técnicas contidas nas cartinhas entregues na casa dos clientes – não transcritas para uma fácil compreensão.
Algumas teriam sido enviadas via Correios, mas, a agência nem sequer entrega correspondências no bairro.
Pedido de suspensão imediata
Clientes, vereadores, assim como vice-prefeito Gilnei Capeletti, pediram a imediata suspensão do serviço – até que este seja devidamente adequado. Pediram que o valor das multas cobradas seja revertido em crédito para a conta de água.
Os responsáveis da Corsan, Carina Rosani Dolfini Koch – que é a nova gerente no lugar de Oneide, e Cássio Bertoldo, pediram que essas reclamações fossem formalizadas, porém, não conseguiram justificar alguns erros apontados pelos moradores, como o não cumprimento de horário de agendamento por parte da estatal, a falha estrutural na comunicação e outros fatores. Explicaram, tão somente, normas técnicas e da legislação.
Cobranças
Moradores afirmaram que a Corsan não consegue, nem sequer, atender com o mínimo de qualidade a distribuição de água, assim como os estragos feitos nas pavimentações em casos de manutenção/ligação de rede.
Chegaram a questionar a prefeita Mara Stoffel sobre a possibilidade do Município assumir essa demanda. Mara respondeu que seria inviável a Prefeitura fazer essa gestão uma vez que o limite de gastos com a folha está no extremo, em decorrência da queda de arrecadação.
Quem apresentou, não veio prestar contas
Vereadores foram apresentados à SoluTrat no ano passado. Ontem de noite reclamaram que os mesmos que mostraram o projeto não vieram para prestar contas na audiência, pontuando que o que foi prometido pela Corsan, não foi realizado.