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Bem-humorado, torcedor do San Lorenzo e primeiro papa latino-americano: conheça a trajetória de Francisco

21/04/2025 - 07h10min

Francisco ficou à frente da Igreja por 12 anos.

Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos. Seu falecimento ocorre um dia após a celebração da Páscoa — data que, para os cristãos, simboliza a ressurreição de Cristo —, encerrando um ciclo histórico de quase 12 anos à frente da Igreja Católica.

Primeiro papa latino-americano, primeiro jesuíta e o primeiro pontífice da era moderna a suceder um papa que renunciou, Francisco se tornou uma das figuras mais influentes do século XXI, sendo carismático, acessível e reformador. Ele foi o papa de número 266 da história da Igreja Católica e assumiu o pontificado em 13 de março de 2013, sucedendo Bento XVI.

Um argentino entre os grandes líderes da fé

Francisco nasceu em Buenos Aires, em 17 de dezembro de 1936, filho de imigrantes italianos que chegaram à Argentina em 1929. Antes de ingressar na vida religiosa, formou-se técnico em química e lecionou literatura e psicologia.

Era um homem de hábitos simples e uma espiritualidade intensa, apaixonado por tango, torcedor fervoroso do San Lorenzo e admirado por seu estilo de vida sem ostentação. Foi arcebispo da capital argentina e ganhou respeito pela humildade, inteligência e capacidade de diálogo.

Caminho até o Vaticano

Em 1958, ingressou na Companhia de Jesus, ordem fundada por Inácio de Loyola. Foi ordenado sacerdote em 1969, e logo ascendeu na hierarquia eclesiástica, liderando a ordem jesuíta na Argentina nos anos 1970 e se tornando cardeal em 2001, por indicação de João Paulo II.

Em 2013, após a surpreendente renúncia de Bento XVI, foi eleito papa — inclusive contra sua própria vontade, como confessaria depois. Inspirado por São Francisco de Assis, escolheu o nome “Francisco” por desejo de uma Igreja humilde e voltada aos mais pobres.

“Pensei nos pobres. Depois nas guerras… Francisco é o homem da paz. Como eu queria uma Igreja pobre, para os pobres”, disse no início de seu papado.

Reformador e pastor do mundo

Durante seu pontificado, Francisco promoveu reformas profundas, especialmente na estrutura da Cúria Romana e na gestão econômica do Vaticano. Fechou contas suspeitas, fortaleceu mecanismos de controle e combateu escândalos financeiros.

No campo moral, procurou fazer com que a Igreja deixasse para trás sua “obsessão por tabus sexuais”, como afirmou o vaticanista Marco Politi. Manteve firmeza doutrinária, mas também estendeu pontes: permitiu a bênção de casais homoafetivos, abriu espaço para a voz das mulheres no Sínodo, e foi o primeiro papa a receber um transexual no Vaticano.

Ainda assim, foi criticado por setores progressistas por manter a proibição à ordenação de mulheres. Aos ultraconservadores, suas posições pastorais eram vistas como ameaças.

Francisco também não poupou críticas a líderes políticos e regimes considerados opressores, posicionando-se com firmeza em temas como guerra, pobreza, imigração e mudança climática.

Saúde e morte

Nos últimos meses, o papa enfrentou sérias complicações respiratórias. Em fevereiro, foi diagnosticado com bronquite e, dias depois, com infecção polimicrobiana e pneumonia bilateral, o que agravou seu estado.

Apesar de uma breve recuperação que lhe permitiu celebrar as cerimônias da Semana Santa, Francisco faleceu nesta segunda-feira (21), no Vaticano, deixando o mundo em luto e a Igreja diante de mais um momento histórico de transição.

Um legado eterno

Francisco será lembrado como o papa dos pobres, da misericórdia, do diálogo. Um homem que, mesmo na cadeira mais alta da Igreja, manteve os pés no chão e o coração nos marginalizados.

Seu lema papal, em latim, dizia: Miserando atque eligendo — “Olhou-o com misericórdia e o escolheu”. É também assim que o mundo se despede dele: com misericórdia, gratidão e reverência.

 

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