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Dólar dispara e bate R$ 6,11, ainda refletindo anúncios de Haddad e com dados de emprego; Ibovespa cai

29/11/2024 - 11h09min

Por Cleiton Zimer

O dólar iniciou o pregão desta sexta-feira (29) em forte alta, sendo negociado acima dos R$ 6,00, valor que foi atingido pela primeira vez na história na quinta-feira (28). A alta ocorre em um cenário de incertezas fiscais, especialmente após os anúncios do governo, que incluem um pacote de medidas para cortar R$ 70 bilhões em gastos públicos entre 2025 e 2026 e até R$ 327 bilhões até 2030. A proposta, que também prevê isenção de Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil, gerou reações negativas no mercado, que ainda se ajusta ao impacto dessas medidas. No mesmo momento, o Ibovespa opera em queda.

Impacto do pacote fiscal

O pacote fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contém diversas medidas, incluindo cortes significativos no orçamento e ajustes em programas sociais. O governo projeta reduzir R$ 70 bilhões em 2025 e 2026, e até R$ 327 bilhões até 2030. Parte dessas economias viria de mudanças no salário-mínimo, aposentadoria de militares e redução de emendas parlamentares, entre outros pontos. Além disso, a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, medida que cumpre uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gerou críticas. A expectativa é que a isenção custe R$ 35 bilhões, com a compensação esperada por meio de aumento de impostos para as camadas mais altas da população.

Reações do mercado financeiro

Embora o pacote de cortes tenha sido amplamente aguardado e bem recebido em alguns aspectos, o anúncio da isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil foi mal interpretado pelo mercado. O presidente do Bradesco Asset, Bruno Funchal, destacou que, apesar de as medidas de contenção de gastos estarem na direção certa, a proposta de revisão da tabela de IR cria um risco fiscal significativo. Funchal explicou que o mercado tem receio da tramitação do projeto de lei, o que poderia resultar em uma medida sem a devida compensação fiscal, aumentando a percepção de risco.

Cotações do dólar e Ibovespa

Às 10h15, o dólar subia 2,00%, sendo cotado a R$ 6,1091, com a máxima do dia alcançando R$ 6,1156. Na véspera, a moeda já havia subido 1,30%, fechando a R$ 5,9891, após alcançar R$ 6,0029 no pico do dia. Com esses resultados, o dólar acumula alta de 3,02% na semana, 3,59% no mês e 23,42% no ano.

Em paralelo, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), operava em queda de 0,22%, aos 124.330 pontos. Na véspera, o índice havia encerrado em baixa de 2,40%, chegando a 124.610 pontos, a maior queda desde 2 de janeiro de 2023. No acumulado da semana, o índice perdeu 3,50%; no mês, a queda é de 3,93%, e no ano, de 7,14%.

Expectativas para o futuro fiscal

O governo federal, nos últimos meses, adotou diversas medidas para tentar controlar o crescimento das despesas obrigatórias, como o bloqueio de R$ 19,3 bilhões no orçamento. Apesar das ações, o mercado ainda aguarda mais informações sobre como o governo pretende lidar com as finanças públicas no futuro. Especialistas acreditam que, com os cortes, o governo busca cumprir o arcabouço fiscal e garantir que o país consiga honrar suas dívidas, o que é essencial para aumentar a confiança dos investidores. Contudo, a eficácia desse plano ainda está sendo questionada, especialmente em relação ao impacto das mudanças no Imposto de Renda.

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