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ESPECIAL 35 ANOS: as lembranças de Guido Vier, o subprefeito de Santa Maria do Herval por 10 anos

12/05/2023 - 11h09min

Guido representou a comunidade hervalense por 10 anos – quando ainda era distrito de Dois Irmãos (FOTO: Cleiton Zimer)

Por Cleiton Zimer

Santa Maria do Herval – Guido Vier, 92 anos, é testemunha ocular da história de Santa Maria do Herval. Ele foi subprefeito do Município quando este ainda era distrito de Dois Irmãos. Assumiu junto do prefeito Justino Antonio Vier, em 1973 – a convite deste; e emendou com o prefeito Norberto Emílio Rübenich, entre 1977 e 1982. Foram dez anos.

Além disso foi vereador de Dois Irmãos no pleito de 1974 – exercendo ambas as funções neste período [mesmo diante de críticas dos que eram contrário dele atuar nestas duas frentes]. E, em Herval [já emancipado], se elegeu em 1997 – terceira legislatura. Sempre atuou pelo Progressistas (PP).

Anos antes a subprefeitura era em Boa Vista do Herval. No entanto, na época de Guido, já era no Centro, na própria casa onde ainda mora hoje em dia. “Até domingos de manhã as pessoas vinham para cá”, lembra.

Guido com um dos carros que usava para trabalhar.

PRINCIPAL DEMANDA ERA DAS ESTRADAS

Guido conta que uma das suas principais demandas na época de subprefeito era com as estradas. Afinal quase todos eram agricultores. “Quando alguém que morava mais retirado vinha, falando que não conseguia mais tirar a produção da roça, eu me comprometia. E era assim que eu trabalhava. Ffalava que ia, e cumpria. Ia logo.”

Além de ser o responsável pelo território que hoje compõe o Teewald, também era de sua alçada São José do Herval e Walachai – que arualmente pertencem a Morro Reuter.

Durante sua gestão, foi feita a ponte na Vila Kunst.

MORADORES AJUDANDO EM TROCA DE ABATIMENTO NOS IMPOSTOS

Guido tinha 36 funcionários para trabalhar, no entanto, isso nem sempre era o suficiente. Chegou até um tempo, diante das dificuldades, em que o prefeito Justino cogitou tirar alguns servidores pois havia dificuldade para pagar. “Respondi que na verdade eu precisava de mais, se tirasse, seria muito ruim.”

Na época nem tinham máquinas. Havia somente uma patrola antiga que Dois Irmãos tinha ganhado de São Leopoldo. Era velha, volta e meia estava estragada.

Guido então fez uma proposta, que foi aceita. Ele escolheu moradores de cada localidade para ajudar na limpeza das ruas e, depois, era abatido dos impostos. Tinha vezes que até sobrava, ou seja, além de abater do imposto devido, ainda recebiam dinheiro pelo serviço feito.

Sempre havia um morador que coordenava cada localidade. “Assim fomos muito bem”, lembra.

A arte de escutar as pessoas

Guido recorda que uma das principais lições que leva da sua época de subprefeito é o de ouvir as pessoas. Todos iam até a sua casa, no Centro, para pagar os impostos que vinham de Dois Irmãos, fazer pedidos e, claro, reclamar – afinal era ele a referência do Distrito.

Tinhamvezes que xingavam. E, eu, só escutava. Quando terminavam eu perguntava se tinham dito tudo. Aí eles respondiam, “do que adianta falar”. E eu dizia – mas precisa esperar, eu ainda não falei, não te interrompi, só escutei. E eu falava que iria até a casa deles, olhar o problema. E assim foi. Depois todos estavam felizes.”

Quanto mais difícil, melhor

Guido gostava do trabalho. Afirma que, quanto mais difícil, melhor. “Quando era uma estrada simples de fazer, não gostava muito. Mas quando era algo complicado, mais eu gostava, pois fazia a diferença.”

Os bailes da sociedade

No seu tempo de subprefeito Guido também foi presidente da Sociedade do Centro. Quando tinha algum baile ia para a Delegacia em Boa Vista do Herval e pegava uma licença com o delegado.

Ele pedia se precisava de polícia. Eu respondia que sim, mas expliquei como as coisas eram no Teewald: deixei claro que poderiam entrar no salão para comer e beber, mas, que deveriam ficar na porta. Aqui tinha uns ‘guri’ que tomavam uma e outra e de repente já estavam brigando e, se a polícia entrasse logo, daria uma confusão grande. Aí eu disse que, se algo acontecesse, eu tentaria apartar primeiro; se não desse certo, aí iria chamar a polícia para ajudar.”

A construção do hospital – uma memória viva

Guido viu o Herval crescer. Foram muitas as mudanças com conquistas ano após ano. Como um dos maiores feitos, lembra da construção do Hospital [hoje Ambulatório] – muito antes de ser subprefeito.

Ele era jovem. Conta que, se não fosse pelo morador de São José do Herval – o João Klauck, o Hospital não existiria hoje. Klauck era considerado um homem sério, até bravo às vezes. Era o responsável pelo ‘Kass’ – um tipo de banco onde as pessoas depositavam dinheiro na época.

Ele ia todo domingo para a Igreja no Centro de Herval, mesmo sendo de São José. Vinha de carro [na época – idos de 1949 – poucos tinham]. Havia o padre Erico Schmitz, que era vigário. Então, todo domingo, quando terminava a missa, o padre pedia para o pessoal ficar do lado de fora porque o Klauck queria falar sobre construir o Hospital. Ele se parava na porta e falava, sério, que cada semana alguma comunidade iria trabalhar, sem receber nada, até terminar. E assim foi feito.”

Ele lembra que o Hospital era completo e até faziam cirurgias e partos. Haviam consultas que tinham que ser pagas, pois não havia apoio financeiro do Estado. Ao mesmo tempo destaca a excelência no atendimento hoje em dia.

Guido, ao centro, durante resultado de um pleito político

Família

Guido vem de uma família de agricultores. É filho de Felipe Antônio Vier e de Catarina Luisa Wagner Vier. Eram no total de oito irmãos, sendo sete homens e uma mulher.

Moravam numa casa na Vila Ferraria – que segue em pé até os dias de hoje.

Guido se mudou para o Centro e se casou Werna Vier – que faleceu há 28 anos. O casal teve cinco filhos: Isolde Maria, Romeo, Maria Elisa, Marilena e José Fernando. A união também frutificou em 13 netos e 12 bisnetos.

Aos 92 anos, segue morando na sua casa onde trabalhou durante muito tempo como subprefeito, no Centro, na entrada do Herval. Vive em companhia da atual esposa Ione Teresinha Collor, 79 anos.

Guido (ao centro) também atuou durante muitos anos no Coral Masculino da ACB Herval, onde cultivou muitas amizades até os dias de hoje.

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