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Família Kolling: herança da imigração alemã em Dois Irmãos
Por Giordanna Benkenstein Vallejos
Miguel Kolling é o ancestral de Heriberto Kolling e de Paulo Nicolau Kolling, entrevistados para essa reportagem. Assim como eles, existem diversos descendentes que Miguel deixou na região de Dois Irmãos. Antônio Kolling é filho de Pedro Kolling e neto de Miguel Kolling. Antônio nasceu em 1881, era alfaiate e agricultor. Ele teve oito filhos, entre eles, Otto Bruno Kolling, pai de Paulo Nicolau Kolling e Frederico Hugo Kolling, pai de Heriberto Kolling. Hoje existem aproximadamente 45 tataranetos de Antônio.
Miguel veio da Alemanha, e era o mais novo dos nove irmãos homens. Eles chegaram no Brasil com o pai, pois a mãe faleceu no embarque para a nova pátria. Nem todos que desembarcaram ficaram em Dois Irmãos, por isso, o sobrenome Kolling existe em diversas cidades do estado. Dizem que Miguel era o mais pequeno dos filhos que vieram no navio. Como havia uma escassez de alimentos, cada filho tinha direito a uma fatia de pão por dia. Por Miguel ser o menor, recebia duas fatias. “É curioso pensar que talvez só existimos porque ele recebeu esse reforço alimentar, que permitiu o seu crescimento, apesar de ser o mais frágil dos irmãos. ”, disse Heriberto.
Casa Kolling
A família Kolling se estabeleceu nas terras ao lado da Sociedade Santa Cecília, na lateral da Estrada Sapiranga, até a divisa com a Picada dos Nabos e tinham 33 hectares de terra. A casa que viviam fica na Av. São Miguel, n° 555, sendo parte do patrimônio histórico da cidade, sendo há alguns anos utilizada pelo comércio. Heriberto Kolling também nasceu nesta casa. Ele conta que o dormitório era de um lado e a cozinha de outro, sempre dividida por um corredor.
Usina Hidroelétrica
O pai de Paulo, Otto Bruno Kolling, foi funcionário da CEE e agricultor, por isso, eles sempre tiveram energia elétrica em casa. A energia gerada pela usina hidroelétrica, na Cascata São Miguel, era distribuída para toda a cidade na época. Paulo lembra que sempre precisava ter alguém olhando nos relógios da usina e anotando quanta energia era gerada de hora em hora. “Às vezes os funcionários tinham que limpar de madrugada a represa, quando ficavam galhos. A enchente que ocorreu em 1965 fez parar os trabalhos. ”, disse ele.
Lembranças do passado
Heriberto relata que na propriedade de seus avós, havia um galpão com estrebaria. Também conta que todos os seus tios desempenhavam a função de agricultores, pois cultivavam parreiras e hortas com diversas leguminosas, que eram vendidas para visitantes de Porto Alegre e região. ”A principal diferença para mim, é que naquela época eu conhecia 90% das pessoas da cidade. Hoje em dia, não posso dizer que conheço 10%. ”, conta ele.
Paulo relembra que quando era mais jovem, com ventos um pouco mais fortes, a energia elétrica parava de funcionar. O telefone também era por voltas, não haviam números para serem discados. Relembra que depois do Kerb, os irmãos da família se reuniam e cantavam músicas em alemão. “Meu pai vinha da Picada 48 até o centro a pé, apenas para poder cantar com seus irmãos depois do Kerb.”
Desde pequeno, Paulo tinha que ajudar nas tarefas do campo, assim como os demais irmãos. Ele ajudava a fazer pasto e tirar leite das vacas. Lembra também que dificilmente eles compravam carne, porque a família tinha o hábito de carnear o próprio gado. “A vida do colono não é que nem a nossa, com um salário fixo. No campo tem que economizar para ter as coisas e o dinheiro vai entrando aos poucos.”, explica.
Em 1968 foi criada a Cantaria Santo Antônio. Vão completar 55 anos que existe a empresa em Dois Irmãos. O fundador é o pai de Heriberto, Frederico Hugo Kolling e mais três sócios. No começo da cantaria, na Rua Sapiranga, só entravam carroças e não existiam muitas coisas naquela região, que hoje em dia é um dos pontos movimentados da cidade. “Naquela época tudo era a mão e agora tudo se faz com maquinário. Antes vinham os blocos inteiros e agora a matéria prima vem praticamente pronta. ”, conta Heriberto.
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