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Gafanhotos atacam lavouras de soja no RS e agricultores já sofrem prejuízos

02/12/2020 - 10h57min

Atualizada em 02/12/2020 - 11h00min

Santo Augusto/RS – Gafanhotos estão atacando e destruindo lavouras de soja no noroeste do Rio Grande do Sul. Produtores da região já relatam, também, que os insetos chegaram a algumas plantações de milho. Diante do avanço sobre a safra recém-plantada, os agricultores pedem ajuda das autoridades para conter os insetos e amenizar as perdas.

Segundo Luiz Carlos Pommer, técnico em agricultura do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Augusto (RS), pelo menos três agricultores de São Valério do Sul (RS) já relataram ataque a plantas de soja. Também há casos confirmados na zona rural de Santo Augusto.

Ele conta que os insetos migraram para as lavouras depois de comerem folhas de árvores timbó às margens das propriedades. “Eles deixaram só o talo e o tronco das árvores. E, na medida que vai secando essas plantas, estão começando a migrar para a soja. Desde sábado, começaram a comer a beiradas das lavouras”, relata o técnico.

Pommer também observa que há focos de ninfas e de gafanhotos em fase de procriação, o que só aumenta a preocupação. “São muitos e cada um pode colocar de 100 a 200 ovos. Ou seja, Se não houver controle efetivo, a população de insetos pode triplicar”, ressalta.

“Como 85% deles ainda estão na mata perto das lavouras, não podemos fazer uso de inseticida porque isso mataria, também, outros insetos e aves, causando problemas ambientais. Recomendamos que agricultores só apliquem produtos registrados para gafanhotos para evitar causarem mal ao meio ambiente”, salienta o técnico.

Inspeção e coleta de material

Fiscais agropecuários inspecionaram a região na tarde desta segunda-feira, para avaliar os danos e coletar material referente ao gafanhoto, que será remetido à Universidade Federal de Santa Maria (USFM) para identificação da espécie.

“Mas já se sabe que não é a mesma espécie que fez ataques na Argentina. Este gafanhoto não forma nuvem, se aglomera em grupos de forma separada e aleatória, e não tem poder de voo e distanciamento alto, o que é interessante para as medidas de controle”, observa Alonso Andrade, fiscal agropecuário do Estado.

Segundo ele, a operação para mapear a região e definir as ações que serão adotadas para evitar a proliferação dos insetos envolve cerca de 25 fiscais. Até agora, os danos não são alarmantes. “Existem danos, mas nada comparado aos causados pelos gafanhotos na Argentina”, destaca Andrade.

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Augusto, Clovis Sequinatto destaca a preocupação com o avanço dos gafanhotos na região e revela que foi possível avistar até seis gafanhotos em um único pé de soja.

“É um foco muito grande. Meu medo é que os insetos migrem em massa para as lavouras de soja, ainda mais agora que ela começou a crescer porque choveu nos últimos dias. Com certeza vai atingir milho, mandioca e cana de açúcar. É muito preocupante” Clovis Sequinatto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Augusto (RS)

 
Chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, o agrônomo Ricardo Felicetti afirma que os surtos na região são “infestações pontuais de espécies locais que ocorrem normalmente em anos mais secos como esse”. 
 
A Secretaria também orienta que, caso detecte registros na propriedade, o produtor entre em contato com a pasta ou com a rede de vigilância, composta pelas inspetorias e escritórios de defesa agropecuária da secretaria e os escritórios municipais da Emater/RS-Ascar.
 
Crédito: GloboRural

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