Estado - País - Mundo
História do engajamento comunitário de Jairo Schumann de Dois Irmãos
Por Geison Machado Concencia
Dois Irmãos – Jairo Schmann é morador do bairro São João há mais de 40 anos. Durante esse tempo, foi um importante líder comunitário que uniu as pessoas que ali viviam para construir um bairro próspero e reconhecido na cidade. Natural de Novo Hamburgo, veio para Dois Irmãos em 1981, com a esposa Margarete Schumann.
Quando ele chegou no bairro não haviam muitos moradores. As casas não estavam regularizadas e, por isso, não tinham água e nem luz. A partir daquele momento, Jairo se sentiu na obrigação de começar a lutar para adquirir esses direitos e viu na união da comunidade, uma forma de conquistar esses recursos para o local. No primeiro momento, pediram à prefeitura que regularizasse a situação dos terrenos. Depois de conquistado a água e a luz, tinham outros desafios a frente, entre elas, a construção de uma escola e de uma igreja.
Os desafios foram enormes. O bairro não tinha rua pavimentada, quando chovia as pessoas chegavam nas fábricas e tinham que trocar de calçado por causa do barro. Havia também a violência que crescia no bairro. “Quem vê o São João de hoje, não imagina o enorme desafio que foi superar todas as dificuldades,” comentou Jairo.
MUDANÇAS NO BAIRRO
A superação de todas essas dificuldades, para Jorge, começou depois que os moradores perceberam que era necessário a união de todos, para que os problemas do bairro fossem resolvidos. As pessoas entenderam que deveriam trabalhar em prol da comunidade e a sentir orgulho do seu bairro. Os eventos importantes deveriam ser realizados no próprio São João e não em outros lugares, mesmo não tendo todos os recursos, como uma igreja ou a associação.
IMPORTÂNCIA DO ENGAJAMENTO
Para um dos líderes comunitários, todas as pessoas devem se envolver para melhorar o seu bairro. “ Ser comunidade não é promoção pessoal, mas desenvolvimento coletivo.” Segundo Jairo, ninguém pode se abster das discussões que envolvem melhorias para o bairro, até as pessoas mais simples, elas devem ser inseridas no debate público. A única forma para transformação de um bairro é por meio disso.
ENVOLVIMENTO POLÍTICO
A partir do envolvimento da política, as demandas da comunidade foram sendo atendidas pelo setor público. O auxílio veio por meio da pavimentação de ruas, igrejas, ampliação da escola e segurança.
Outro fator que Jairo considera como sendo fundamental para o desenvolvimento do bairro foi a melhoria da qualidade de vida dos moradores. “Quando as pessoas começaram a adquirir suas casas, a terem o terreno registrado em seu nome, percebi que as coisas mudaram.”
CONTRUÇÃO DA ESCOLA
O Jairo foi até a antiga secretaria de educação do município e pediu o que era necessário para construir uma escola. O secretário da época repassou ao morador do bairro que ele precisava da assinatura de crianças que precisavam estudar. Diante disso, Schumann, junto com seus colegas de diretoria começaram a percorrer as casas, em busca de assinaturas para levar à Prefeitura. Não demorou para que eles tivessem a quantidade necessária para apresentar ao secretário de educação.
Em 1987 foi inaugurado o colégio, com apenas duas salas feitas de madeira. Porém, à medida que o bairro aumentava, surgiu a necessidade de ampliar o espaço da escola. Então a comunidade começou a se unir para arrecadar dinheiro para a ampliação da Paulo Arandt por meio de rifas, venda de cartão de meio frango e tudo que fosse possível para arrecadar recursos para a ampliação da escola.
A igreja foi construída da mesma forma, através do envolvimento da comunidade. Jairo recorda que alguns padres, quando vêm rezar uma missa, ficam impressionados com o espaço. “Alguns deles falam que não é uma igreja, mas quase uma catedral,” relembrou Jairo. Antes da construção da igreja, as missas eram feitas nas salas de aula da escola ou em galpões, “Eram 10 a 15 pessoas reunidas dentro de um espaço pequeno.”
O posto de saúde do bairro foi construído sobre o antigo CTG. Na época eles acharam mais conveniente usar o espaço para a construção de uma APF. Ele lembra de chegar no Renato Dexheimer e dizer para dar uma finalidade mais importante para o espaço.
Tinham uma ponte de ligação muito boa com a prefeitura, em todas as administrações do município. Sempre foi uma relação franca e transparente, pois quando a prefeitura podia ela sempre ajudava, comentou Jairo. “Sempre fomos bem recebidos, indiferente a administração, não podemos nos esquecer de que aqui teve o dedo da prefeitura.”
DESCOBERTA DE UMA VOCAÇÃO
O Jairo Schumann disse que antes de morar no bairro São João não se envolvia em pautas sociais. Adquiriu o espírito de engajamento comunitário com a esposa, pois ela era catequista e o sogro era fundador da igreja no bairro Rondônia, em Novo Hamburgo. Jairo comentou que nunca imaginou que tinha esse dom para juntar as pessoas em prol de um bem comum.
.
.
*VEJA MAIS REPORTAGENS DO ANIVERSÁRIO DOS 63 ANOS DE DOIS IRMÃOS NO SITE DO JORNAL, NA EDIÇÃO ONLINE E NO IMPRESSO QUE JÁ ESTÁ NAS RUAS.