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Mais de 260 agentes cumprem 106 ordens judiciais em oito cidades
Rio Grande do Sul – Uma grande operação foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (29) após a Polícia Civil investigar uma série de roubos de gadoe em fazendas na Região da Campanha, desde o ano passado, e descobrir que estes delitos eram praticados por integrantes de uma facção que atua em todo o Estado e tem base no Vale do Sinos. O objetivo era capitalizar o tráfico de drogas.
Mais de 260 agentes cumprem 106 ordens judiciais em oito cidades gaúchas na chamada Operação Faxina, sendo 27 mandados de prisão preventiva, 40 de busca e 39 de bloqueios de contas bancárias — até as 7h, 20 pessoas foram presas. Em um ano, a organização criminosa teria movimentado cerca de R$ 5,5 milhões. A polícia já contabiliza 22 prisões.
A investigação começou após o roubo a uma fazenda em Dom Pedrito, em 2019, quando as vítimas foram amarradas e torturadas pelos ladrões. A Delegacia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e de Abigeato de Bagé (Decrab) passou a apurar o caso e descobriu que o abigeato e os demais roubos nas sedes de fazendas estavam ocorrendo no município para que os traficantes comprassem armas, munição e até mesmo entorpecentes.
O delegado André Mendes, responsável pelo caso, descobriu ainda uma conexão entre os delitos que estavam ocorrendo em Dom Pedrito, Bagé e Pinheiro Machado.
— Com a identificação e prisão dos responsáveis pelo roubo seguido de tortura, em Dom Pedrito, verificamos que eles tinham ligação com outros ladrões de cidades da Campanha, e que todos eles fazem parte de uma rede maior, ligada ao tráfico de drogas, remetendo a investigação para uma facção com base no Vale do Sinos e a traficantes que estão no sistema prisional — explica Mendes.
De dentro da cadeia
Mendes destaca que um detento do presídio de Bagé é quem comanda os roubos e a venda de entorpecentes. Ao longo da apuração, foram identificados ainda os responsáveis pelos roubos, e também os integrantes do grupo que armazenavam, distribuíam e revendiam armas e drogas.
Além dos suspeitos serem da mesmaorganização criminosa e do fato de os delitos capitalizarem o tráfico, o ponto em comum era a ligação do apenado com um fornecedor de drogas da Capital. Para o delegado, era o elo que faltava.
No bairro Sarandi, zona norte de Porto Alegre, este traficante foi procurado pela equipe do delegado Guilherme Fagundes. Ele, que integra uma facção com base no Vale do Sinos, foi localizado depois em Novo Hamburgo e preso. O investigado usa tornozeleira eletrônica e também é investigado por participação em vários homicídios na região.
A polícia, devido à Lei de Abuso de Autoridade, não divulgou nomes dos suspeitos.
Servidor bancário
Além da ligação do apenado em Bagé — que comanda o tráfico e os crimes rurais — com o fornecedor de drogas preso em Porto Alegre, foram identificados gerentes do tráfico em algumas cidades da Campanha, sendo que dois deles atuam em Pinheiro Machado — um traficante, que é considerado o “braço direito” do detento, e a própria namorada do preso. Os dois são responsáveis por fracionar as drogas e recolher o dinheiro obtido com o tráfico, bem como do abigeato e demais delitos interligados.
Também foi descoberto que o grupo usa parte do dinheiro em investimentos e no depósito de contas bancárias em nomes de laranjas. Esta movimentação financeira, que envolve 39 contas, era realizada por um funcionário de um banco em Pinheiro Machado. O delegado Mendes diz que ele atuava em conjunto com a namorada do detento em Bagé.
Foi por meio deste suspeito, que está entre os presos nesta quinta-feira, que a polícia conseguiu verificar a movimentação financeira de R$ 5,5 milhões. O valor deve ser superior a este depois que as contas bancárias forem analisadas.
A investigação da Decrab foi em conjunto com as delegacias de polícia de Pinheiro Machado e Dom Pedrito.
* Com informações de Gaucha ZH.