Nova Petrópolis: Sítio Histórico de Linha Imperial em busca de Reconhecimento Internacional

Nova Petrópolis – No início de março, Paulo César Soares e Morgana Neumann estiveram em Sharjah, nos Emirados Árabes, no encontro mundial da IOV (Organização Mundial de Artes Populares) com a missão de convidar o presidente mundial da entidade ao 50º Festival Internacional de Folclore (FIF), e buscar o reconhecimento internacional do Sítio Histórico de Linha Imperial.

A IOV é o órgão validador do FIF, garantindo aos grupos folclóricos estrangeiros que o evento é importante e reconhecido. A relação com Nova Petrópolis já tem mais de 10 anos, e é corriqueiro entre os folcloristas dizer que o Festival passou ao status de global apenas após a filiação com a entidade. Atualmente a IOV possui ampla participação mundial e é órgão consultivo da UNESCO atuando em mais de 100 países.

No Rio Grande do Sul, a entidade possui atualmente seus maiores trabalhos, tendo iniciado em Ijuí, junto a UNIJUI, a primeira graduação de folclore no mundo. Ijui recebe da entidade o título de Capital Internacional das Etnias, lembrando que em 2020, Nova Petrópolis recebeu o título de Cidade Internacional de Folclore IOV Brasil. Em 2022, Passo Fundo e o seu Festival mundialmente famoso também ingressaram na organização.

A grande relação da entidade com os grupos folclóricos e os festivais se deve a sua origem na Áustria onde a entidade foi criada em 1979. No ano de 1998, a organização entrou em relações operacionais com a UNESCO e ano a ano vem aumentando sua participação e ampliação na atuação em salvaguardar os patrimônios materiais e imateriais do mundo, sendo reformulados e atualizados de tempos em tempos. A parceria mais recente foi firmada em 2019, reforçando e ampliando as responsabilidades da IOV junto a UNESCO.

Paulo e Morgana na sede da UNESCO e IOV em Sharjah, Emirados Árabes (Créd.: Divulgação)

Patrimônio da Linha Imperial

Memoriais, museus, sítios históricos, casas culturais, centros de pesquisa de patrimônio histórico, livrarias, arquivos históricos, monumentos também se encontram entre as novas responsabilidades e áreas de atuação da IOV. E focado no Patrimônio material localizado na comunidade de Linha Imperial, os membros da IOV de Nova Petrópolis estiveram nos Emirados Árabes para solicitar reconhecimento ao sítio histórico do Cooperativismo.

Na ocasião, foi entregue uma solicitação oficial, apresentado o vídeo intitulado “Berço do Cooperativismo”. Em seu pronunciamento, Soares procurou valorizar não apenas o sítio histórico de Linha Imperial, mas os que se encontram no mundo todo e clamou para que as pessoas lutassem pela preservação deles. “Fui um dos últimos a me pronunciar nos três dias de evento, e percebi que deveria usar nossa petição, não como um pedido único apenas para o nosso interesse, mas que fosse um pedido amplo de reconhecimento a todos os lugares de valor histórico”, disse.

Preservação da memória

Soares e Neumann acreditam que a petição foi acolhida e muito bem recebida. Ambos participaram do evento em 2019 e foram os principais responsáveis pelas articulações e encaminhamentos que resultaram no título de Cidade Internacional de Folclore IOV Brasil a Nova Petrópolis. O objetivo é ganhar reconhecimento da IOV e futuramente ingressar junto a UNESCO, e consolidar o sítio histórico, que atualmente é muito conhecido no mundo cooperativista, mas pouco fora dele.

Autor do projeto, Soares é também o gestor executivo da Casa Cooperativa. entidade que realiza a curadoria do sítio histórico. Ele destaca que a iniciativa trata também de valorizar a comunidade, os lugares e as pessoas que fizeram parte dessa história. “A história do cooperativismo de crédito no Brasil e a origem da maior empresa do Rio Grande do Sul, o Sicredi, estão diretamente ligadas ao sítio histórico de Linha Imperial, que agora ganha uma iniciativa para preservar sua memória”, afirma.

Morgana Neumann é uma das duas brasileiras a integrar a diretoria da Comissão Jovem internacional da IOV (Créd.: Divulgação)

Sobre o sítio histórico

O sítio histórico de Linha Imperial abriga importantes construções e documentos que contam a trajetória do cooperativismo e sua evolução até os dias de hoje. Por isso, a iniciativa de preservação da memória é fundamental para que as gerações futuras conheçam e se inspirem. “Essa história é ‘nossa’, no sentido amplo da palavra, e todos temos que lutar para preservar e continuar”, afirma Soares.

O sítio histórico-cultural do cooperativismo pode ser visitado em Linha Imperial de forma autoguiada através da sinalização do Roteiro do Cooperativismo ou através de condução realizada pela Casa Cooperativa. Para maiores informações: [email protected].