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Pai de santo mata o próprio bebê após relação extraconjugal com jovem, que também foi morta em Esteio
Um crime brutal abalou a cidade de Esteio, na Região Metropolitana, nesta semana. Três pessoas — uma jovem de 18 anos, seu bebê de apenas dois meses e um adolescente de 16 anos — foram encontradas mortas em uma cova às margens do Rio dos Sinos. A Polícia Civil aponta como autor do crime o pai de santo Jocemar Antunes de Almeida, de 46 anos, que confessou o assassinato das vítimas. Entre elas, estava seu próprio filho biológico, fruto de um relacionamento extraconjugal com a jovem morta.
As vítimas foram identificadas como Kauany Martins Kosmalski, o bebê Miguel Martins Kosmalski, e o adolescente Ariel Silva da Rosa, amigo próximo de Kauany. O caso é tratado como feminicídio e duplo homicídio qualificado, com indícios de premeditação.
CIÚMES, REPUTAÇÃO E SILÊNCIO
De acordo com a investigação conduzida pela delegada Marcela Smolenaars, a motivação do crime está diretamente ligada à tentativa de Jocemar de ocultar a paternidade do bebê e proteger sua imagem como líder religioso. A polícia apurou que Kauany vinha ameaçando revelar à comunidade que Miguel era filho de Jocemar, o que poderia comprometer sua posição dentro do terreiro que liderava.
A companheira de Jocemar, Belisia de Fátima da Silva, 41 anos, também confessou participação no crime e teve prisão preventiva solicitada. Ela permanece custodiada pela Polícia Civil. A delegada afirma que o crime foi executado em conjunto pelo casal, com o envolvimento ainda de dois adolescentes, de 15 e 17 anos, que auxiliaram na ocultação dos corpos.
A EXECUÇÃO DAS VÍTIMAS
No domingo (20), Kauany deixou a casa onde morava com o bebê e foi ao encontro de Jocemar. O adolescente Ariel, amigo da jovem e também do casal, os acompanhou. Os três se dirigiram até uma área afastada nas margens do Rio dos Sinos. No local, segundo o depoimento do próprio suspeito, beberam vinho. Em seguida, Belisia chegou portando uma faca, e deu início à ação.
Conforme a confissão de Jocemar, Kauany foi a primeira a ser morta, esfaqueada pela companheira dele. Em seguida, Ariel também foi assassinado, com golpes de faca desferidos pelo próprio pai de santo. A motivação para matar o adolescente, segundo a polícia, foi o fato de ele conhecer o relacionamento entre Jocemar e Kauany, além de saber que Miguel era filho do religioso.
O bebê Miguel foi encontrado junto aos corpos, mas ainda não está claro se ele foi morto antes de ser jogado na cova ou se ainda estava vivo. A Polícia Científica identificou vestígios de sangue no carro usado por Jocemar e aguarda laudos periciais para determinar a causa exata da morte do bebê. A delegada não descarta a hipótese de asfixia.
PRISÕES E DESDOBRAMENTOS
Jocemar foi preso em flagrante na terça-feira (22), após confessar o crime ao ser confrontado com provas coletadas durante o inquérito. Nesta quarta-feira (23), a Justiça decretou sua prisão preventiva. O juiz André Dal Soglio Coelho, do Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp), considerou a gravidade do caso e a possibilidade de fuga ou obstrução da investigação.
O pedido de prisão preventiva para Belisia também foi encaminhado pela Polícia Civil e aguarda decisão da 1ª Vara Criminal de Esteio. Os dois adolescentes envolvidos estão apreendidos, e o Ministério Público avalia o pedido de internação provisória.
LOCALIZAÇÃO DOS CORPOS E COMOÇÃO
Os corpos de Kauany, Ariel e Miguel foram encontrados na tarde de terça-feira (22) após o próprio Jocemar indicar o local onde os havia enterrado: uma área de mata às margens do Rio dos Sinos, coberta com galhos e entulhos. A localização aconteceu poucas horas depois de uma tia de Kauany registrar o desaparecimento da jovem e do bebê.
O caso segue em investigação. A Polícia Civil trabalha agora para reunir todos os elementos que sustentem as denúncias formais contra os envolvidos. Jocemar e Belisia devem responder por três homicídios triplamente qualificados e ocultação de cadáver.
