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Picada Café 31 anos: aos 93 anos, Rosa Mombach, que sempre sonhou ser professora, ensina lições de vida

17/03/2023 - 11h30min

Picada Café – Aos 93 anos de idade, dona Rosa Mombach é uma referência na localidade de Joaneta, onde vive desde que nasceu. Sua história é recheada de incontáveis ensinamentos que a cada conversa transmitem uma verdadeira lição de vida. Quando menina, a alegre senhora sonhava em ser professora. Aos 12 anos foi convidada por uma professora para estudar, mas diante da negativa do pai, obedeceu e permaneceu na roça, ajudando a família. “Aprendemos a obedecer os pais e eu tinha isso no coração”, conta. Diz que o paiol da casa dos pais tinha 11 enxadas, duas para o pai e a mãe, e as restantes para ela e os irmão. Estudou até o 4º ano, mas afirma, entre risos, que sabe de tudo.

Por toda sua vida, carregou o sonho de ensinar adormecido no coração, com tristeza, mas sem mágoas. “Eu gostava muito de ajudar na escola. Logo estava pronta com minhas tarefas e queria ajudar a professora a corrigir contas, gostava muito de matemática”, diz a senhora sorridente que até hoje faz suas contas de cabeça quando vai ao supermercado.

Dona Rosa é prova de que quem sonha, deseja muito, alcança o que quer. Passados 81 anos, hoje ela dá aula para crianças do município, contando as origens de Picada Café, costumes de antigamente e outras tantas lições de vida. A pedido das escolas, ela recebe alunos da rede municipal, para ouvir suas histórias sobre a cidade dos velhos tempos. Também foi convidada para participar do projeto Roda de Memória, que reúne antigos moradores locais para contar histórias do lugar onde vivem. Diz que as crianças se acomodam na garagem, fazem perguntas e anotam tudo o que ela ensina.

Entusiasmada com a vida, dona Rosa venceu muitas batalhas, como câncer no intestino, há dez anos. Até ficar doente, morou numa antiga casa enxaimel feita pelo pai, bem próxima da casa de uma das filhas, Rosane Marinês, com quem vive. Todos os dias ela vai na casa onde morou até adoecer pra colher ovos no galinheiro e colocar em ordem o que está fora do lugar. Filha de Pedro Utzig Neto e Maria Schabarum, casou em 1952 na Igreja Santa Joana Francisca de Shantal, com Alcido Mombach (in memorian) natural da Picada Holanda, com quem teve sete filhos, todos de parto natural, sendo seis vivos: Luis Airton, Rosana Marinês, Ricardo, Renato, Mirna Rejane, Neuri e Lairson (in memorian). Os festejos ocorreram na casa antiga, “sem cimento, mas bem cuidada”, como ela cita.

 

Exemplo de vida

Religiosa, dona Rosa não falta na missa de domingos. Além disso, assiste a missa na TV e diz que ainda guarda seu catecismo em alemão. O gosto por servir, ajudar o próximo, a motivou a iniciar em 1991 a Pastoral da igreja local, assim como o Clube de Mães. Na Pastoral ela ensina tudo o que sabe sobre chás, temperos, como fazer pomadas e outros remédios. Ainda hoje costuma ser convidada de outras Pastorais, como a de Novo Hamburgo, onde compartilha seus conhecimentos. Também fala com satisfação do convite que recebeu do Instituto Ivoti, para ensinar seus chás.

Para Marinês, a mãe é um exemplo de vida. Dona Rosa acorda cedo para fazer caminhada, logo após tomar seu café, cuida de sua horta, faz almoço e lê O Diário todos os dias. Já fez várias viagens de carro com a família, foi de avião para Aparecida e fala com orgulho dos seis bisnetos (mais um que está a caminho).

Sempre sorridente e entusiasmada, diz que gosta de ajudar, como aprendeu com a mãe. “Minha mãe nunca foi no médico com os filhos e eu também não”, destaca. O segredo de sua saúde diz que muito se deve a alimentação. “A gente deve comer o que planta”, ensina ela que não tem pressão alta, não precisa de remédios e dorme muito bem. “Eu não me incomodo, gosto de trabalhar e de ajudar. Não tenho paciência pra sentar, revela dona Rosa que só ficava sentada quando fazia crochê, atividade que não faz mais porque precisou de cirurgia na mão.

Hoje, diariamente, ela esbanja conhecimento e alegria de viver!

 

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