Professora é indiciada por maus-tratos contra quatro crianças em escola de Caxias do Sul

Menino de 4 anos perdeu um dente e teve outros cinco comprometidos após agressão registrada em vídeo

Caxias do Sul – A Polícia Civil indiciou por maus-tratos contra quatro crianças a professora Leonice Batista dos Santos, de 49 anos, flagrada em vídeo agredindo um aluno de 4 anos em uma escola infantil da cidade. O caso aconteceu em 18 de agosto, na Escola Infantil Xodó da Vovó, na Serra gaúcha.

Nas imagens de câmera de segurança, a professora aparece gritando com o menino e, em seguida, atingindo-o com uma pilha de livros. O impacto causou a perda de um dente e comprometeu outros cinco, exigindo o uso de aparelho ortodôntico.

Segundo a delegada Thalita Giacomiti Andriche, em relação ao caso registrado em vídeo, a docente foi indiciada por maus-tratos qualificados pela lesão corporal grave. Já em relação a outras três crianças, que relataram episódios anteriores, o indiciamento foi por maus-tratos na forma simples.

— São fatos que teriam ocorrido anteriormente, mas que foram noticiados e apurados no curso do mesmo inquérito policial — explicou a delegada.

Prisão e defesa

Leonice está presa desde 22 de agosto. No interrogatório, permaneceu em silêncio. Seu advogado afirmou que a defesa buscará provar a inocência e que aguarda o relatório final do inquérito.

Versão inicial e denúncia

Na ocasião, a professora disse aos pais que o menino havia caído no banheiro e batido a boca. No entanto, uma dentista alertou que os ferimentos não eram compatíveis com a versão. Diante disso, os pais exigiram as imagens, que confirmaram a agressão.

— Se chega a quebrar o pescoço do meu filho ali naquela mesa… Eu tenho certeza que de 8 a 10 quilos, com certeza, tem naqueles livros lá — desabafou o pai.

Demissão e nota da escola

A escola, que atende cerca de 90 alunos, demitiu imediatamente a profissional após assistir às imagens. Em nota, a direção declarou que segue à disposição das famílias e reiterou compromisso com uma educação baseada no cuidado, na ética e no bem-estar das crianças.

Situação da vítima

De acordo com os pais, o menino está em recuperação, mas ainda enfrenta restrições alimentares e emocionais.
— Ele não pode fazer força nos dentes. Então, é só papinha, só iogurte, sopinha, arroz e feijão amassado. Qualquer barulho assusta. É um trauma que vai ficar para sempre — relatou o pai.

Mesmo abalados, os responsáveis reforçam que não culpam a escola, mas querem justiça:
— O pior de tudo é ver o filho da gente ter que almoçar de canudo, jantar de canudo. Isso não se faz, é um inocente.