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Protagonismo feminino: o papel de algumas mulheres que fazem a diferença na região

08/03/2023 - 10h30min

Gestante, a soldado atua no administrativo da BM, mas já esteve no patrulhamento

Região – O Dia Internacional da Mulher é comemorado em 8 março, sendo uma das mais importantes datas do calendário global, que marca a celebração da luta pelos direitos das mulheres e condições igualitárias, em todas as esferas da sociedade.

A data foi criada em 1917, mas só foi oficializada em 1975, mais de 60 anos depois, em uma assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU). Ao contrário de outras datas comemorativas, esse foi um dos poucos dias que não foi criado pelo comércio.

A ideia de encontrar uma data para celebrar a luta das mulheres por igualdade, tem várias origens, porém, de todas as teorias, a mais aceita é ela nasceu após uma conferência na Dinamarca em busca de direitos igualitários, em 1910, e foi consolidada por um histórico incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, no ano de 1911.

Com o passar dos anos, muitas foram as lutas, que possibilitaram muitas conquistas obtidas pelas mulheres. O direito ao voto se consolidou, as leis cresceram e se adequaram, assim como a sociedade como um todo.

Hoje, o evento é comemorado por mais de 100 países como um momento dedicado à luta pela igualdade, para celebrar as conquistas, cobrar direitos e relembrar as mulheres que foram vítimas de violência. Por isso, nesta data especial, o Diário ouviu algumas das mulheres que ocupam funções de destaque na região, em profissões que, predominantemente, eram ocupadas por homens, além de contar a história da escritora ivotiense Pronila Krug, que venceu um câncer e está escrevendo um novo livro para falar sobre o combate à doença e auxiliar as mulheres que passam por isso.

SOLDADO DREHER REPRESENTA A FORÇA DA MULHER NA POLÍCIA

Até há poucos anos, raros eram os casos de mulheres atuando como policial militar, profissão estigmatizada como sendo uma função de homens. Entretanto, graças a busca por igualdade, este foi mais um paradigma quebrado e, atualmente, muitas mulheres exercem este trabalho tão importante para a sociedade.

Natural de Igrejinha e lotada na Brigada Militar de Ivoti, a soldado Tamara Dreher, de 23 anos, é um dos exemplos que representa a força da mulher na polícia. Gestante, ela passou, nas últimas semanas, a atuar na área administrativa da corporação, entretanto, anteriormente, fazia o patrulhamento nas ruas do município.

Ela relata que tinha o sonho de exercer a profissão e que, este estigma da profissão ser masculinizada, nunca lhe preocupou. “É uma coisa que sempre quis e, apesar de ainda ter poucas mulheres, sempre tem alguma inspiração e alguém que tu vê. Sempre gostei de ajudar e ter a autoridade para poder ajudar e proteger. Foi isso que me levou a ingressar na BM”, conta.

Dreher sempre teve as mulheres policiais como exemplo e percebeu, quando esteve nas ruas, que também pode ser a inspiração para as meninas que almejam chegar a este lugar. “Eu que, principalmente nas meninas, olhavam e se espantavam por ser uma policial mulher. Hoje em dia a mulher por tudo e, por isso, é importante poder mostrar que, se a gente tem vontades e sonhos, temos que correr atrás, independente de sexo”, pontua.

TRÊS MULHERES ESTÃO A FRENTE DE MUNICÍPIOS DA REGIÃO

Assim como na polícia, o trabalho da mulher também vem tendo destaque na política, outra área predominantemente masculina. Até 1932, somente os homens poderiam votar no Brasil. O direito ao voto foi conquistado, elas passaram a exercer e se destacar em cargos públicos e, atualmente três prefeitas estão a frente de Morro Reuter, Santa Maria do Herval e São José do Hortêncio.

CARLA CHAMORRO

O Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta quarta-feira, 8 de março, marca a simbologia de luta das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens. A data também mostra o valor da força da mulher para conquistar seu espaço e aonde ela desejar.

A prefeita de Morro Reuter, Carla Chamorro, que está em seu segundo mandato, faz uma reflexão sobre a importância de exercer o cargo servindo de inspiração a outras mulheres.

“As mulheres estão ocupando cada vez mais cargos de liderança e acho isso muito positivo. Em duas décadas, dobrou o número de mulheres à frente de governos municipais, segundo o IBGE. Mas o que acredito é que a competência para exercer a gestão pública ou privada não está atrelada ao sexo.

As mulheres conquistaram mais direitos ao longo dos anos e estão mais presentes de forma atuante na sociedade. Gosto da ideia da união, do trabalho em conjunto, da conjugação da força; nunca, do embate. Essa deveria ser a luta maior da humanidade: respeito.

Hoje, para as mulheres os caminhos estão abertos, o convite é feito, o espaço é dado. Todavia, visualizo a necessidade de, em casa e na escola, haver mais ações de incentivo para que pessoas assumam espaços de liderança, em prol do bem-estar coletivo.”

MARA STOFFEL

Mara Stoffel, 54 anos, revolucionou a política de Santa Maria do Herval. Foi a segunda mulher a se candidatar e a primeira a assumir o cargo máximo da cidade – por dois mandatos consecutivos.

Mara possui em seu sangue traços políticos. Empreendedora bem-sucedida, entrou na vida pública em 2012 quando foi eleita vereadora e, naquele ano, assumiu como presidente do Legislativo por ter sido a mais votada – com 330 votos.

Em 2016 deu um passo além – e fez história, sendo eleita a primeira prefeita de Santa Maria do Herval com 2.452 votos, ao lado do seu vice Gilnei Capaletti.

Em 2020 outro feito. Ela e Gilnei se reelegeram com surpreendentes 80% dos votos, ou seja, 3.553 moradores apostaram no plano de governo de Mara e toda sua equipe.

“Assumir a gestão do nosso Município é muito gratificante, ter a oportunidade de trabalhar para a evolução do nosso querido Teewald”, disse.

Mara afirma que ser a primeira mulher a estar no cargo é sinônimo de responsabilidade e desafios. “Mas tenho a certeza que estamos dentro da expectativa, fazendo um bom trabalho, representando a todos os gêneros. E estar a frente do município com muita responsabilidade, respeito, honestidade e trabalho em conjunto com toda a nossa equipe. Sou imensamente feliz por toda a ação e envolvimento que este cargo permite na vida dos hervalenses.”

ESTER DILL KOCH

Em 2018, Ester Elisa Dill Koch se tornou a primeira prefeita de Hortêncio. Ela fala da importância da mulher ocupar seu espaço na sociedade e acredita que exercer o cargo de prefeita é uma forma de incentivar outras mulheres a também se engajarem na política. “Eu vejo que muitas não gostam tanto do assunto, então quando tem uma mulher que as representa em um cargo de certa relevância no município, entendo que isso é uma forma de incentivar elas a buscarem essa igualdade e de querer se envolver cada vez mais, não só na vida política, mas na social, sendo mais ativa”, pontua.

Ela relata que, no início, teve certa relutância de exercer a função. “Quando me ofereceram o cargo, eu tinha certo receio. Por ser uma cidade pequena, pensei que as pessoas não seriam compreensivas. E não queria prejudicar a minha equipe. Mas, para a minha surpresa, foi ao contrário. Pela primeira vez tivemos uma mulher prefeita”, destaca.

Ester lamenta o fato de ainda existirem casos de mulheres recebendo salários inferiores aos homens, mesmo tendo mais capacitação para exercer determinado cargo. Ela também conta que percebe certas mudanças no padrão de comportamento, pois as mulheres estão, gradativamente, buscado seu espaço na sociedade. “Por isso, acho importante o envolvimento na política para fomentar esse espírito de igualdade”, conclui.

MARLI, KÁTIA E SUSANA PRESIDEM CÂMARAS

Se três municípios da Encosta da Serra possuem prefeitas, o mesmo é o número de mulheres que ocupam a cadeira de presidente da Câmara de Vereadores em Ivoti, Nova Petrópolis e Presidente Lucena.

MARLI HEINLE GEHM – IVOTI

“Fui eleita nove vezes como vereadora e em tantas oportunidades estive na presidência da Câmara, por isso ficou muito feliz de poder representar nossa classe feminina, não apenas na política e no nosso Poder Legislativo, mas em todas as demais esferas da sociedade. As mulheres devem ocupar funções de destaque e ter as mesmas colocações e direitos que os homens”.

KÁTIA REGINA ZÜMMACH – NOVA PETRÓPOLIS

“Me sinto extremamente honrada em ocupar esse cargo. Sabemos das dificuldades que as mulheres têm na politica, mas acredito que isso possibilita a reflexão sobre a importância da mulher nos espaços de poder, ocupando lugares de liderança. A representatividade faz com que meninas e mulheres possam se inspirar e acreditar na participação feminina. Somos a maioria da população, mas infelizmente na politica ainda somos minoria”.

SUSANA EXNER – PRESIDENTE LUCENA

“É uma honra e sempre um desafio estar a frente de um cargo como esse. A mulher na sociedade representa cuidado, diálogo, justiça e força, coisas mais do que necessárias na política. Acredito que gerir com competência e compartilhar aprendizados, seja a melhor forma de inspirar novas pessoas a ingressar nesse meio de tanta relevância”.

MARLEA É A PRIMEIRA JUÍZA DE PAZ DE ESTÂNCIA

A empreendedora Marlea Immig é a primeira mulher nomeada Juíza de Paz na comarca e no Cartório de Ofício dos Registros Públicos do município. No dia 24 de junho do ano passado, ela celebrou os três primeiros casamentos no civil, dando início ao seu novo ofício. “Sem dúvidas eu posso afirmar que me sinto muito realizada fazendo os casamentos, assumindo essa posição, num momento tão importante para a sociedade, para os casais, de modo geral.

ESCRITORA INSPIRA MULHERES NA LUTA CONTRA O CÂNCER

Aos 76 anos, autora de dois livros e coautora de tantos outros títulos, além de empresária no ramo de vestuário, Pronila Krug relembra a luta para vencer uma doença silenciosa e, em certos casos, fatal: o câncer.

Ela descobriu a doença há cerca de cinco anos, depois de exames periódicos. Ao receber o diagnóstico, Pronila destaca que não se desesperou com a notícia e que venceu mentalmente a doença. “Claro, não esperava esse diagnóstico, porque não tinha sintomas graves. Porém, não fiquei triste ou chorei. Pensava sempre que ia vencer. Amanhã o dia não me pertence, mas hoje vou aproveitar”, conta.

Pronila ressalta que, durante o tratamento, uma das coisas que afetaram foi a queda do cabelo. Mesmo com essa adversidade, não deixou o câncer abalar sua autoestima. “Levei minha vida como sempre levei, não fiquei desesperada. Ao contrário. Estou fazendo um livro sobre o assunto. Além disso, tinha uma loja. As pessoas que têm isso, não podem parar e esperar que as coisas melhorem. As pessoas precisam se ocupar e se mexer”, disse Pronila.

Atualmente, ela escreve um livro que pretende lançar em um futuro próximo. Além disso, relata que vive bem, apenas fazendo a manutenção do tratamento que iniciou há meia década.

 

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