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Rei do Futebol, Pelé morre aos 82 anos em São Paulo

29/12/2022 - 16h09min

Atualizada em 29/12/2022 - 20h47min

Pelé, Rei do Futebol (Ricardo Stuckert/CBF)

O futebol perdeu seu sinônimo. Maior jogador de todos os tempos, Pelé morreu nesta quinta-feira (29), aos 82 anos, por falência múltipla de órgãos. O Rei do Futebol estava internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo, há um mês, desde o dia 29 de novembro. A internação aconteceu por causa de uma infecção respiratória, após o ex-jogador contrair covid-19, e para a reavaliação do tratamento de um câncer no cólon.

A família ainda não divulgou detalhes sobre o velório, mas uma estrutura foi montada na Vila Belmiro nos últimos dias para receber a vigília. O sepultamento ocorrerá em Santos.

Pelé lutava contra um câncer no cólon, já em fase de metástase, e foi submetido a uma bateria de exames na semana passada, nos quais os médicos identificaram, além do quadro de anasarca (inchaço generalizado), uma insuficiência cardíaca descompensada e disfunção renal. Na última quarta-feira (21), o Rei apresentou progressão do câncer, e o hospital divulgou boletim informando que ele necessitava de cuidados maiores. Pelé passou 26 dias internado.

Edson Arantes do Nascimento foi submetido a uma cirurgia para retirada de um tumor no cólon direito no ano passado. Na ocasião, ele deu entrada no centro de saúde em agosto de 2021, para passar por uma bateria de exames que faz anualmente, mas que estava atrasada por causa da pandemia de covid-19. Foi quando a lesão foi detectada. Após passar pela cirurgia, ele iniciou o tratamento de quimioterapia, mas ultimamente seu organismo não respondia mais ao tratamento.

O câncer de cólon, chamado também de câncer do intestino grosso ou câncer colorretal quando afeta o reto, surge quando as células na parte interior do cólon se multiplicam de forma diferente uma das outras, dobrando de tamanho e se inflamando.

Eleito o Atleta do Século XX pela Fifa, Pelé é uma verdadeira lenda. A começar pelo fato de ser o único jogador a conquistar três Copas do Mundo – em 1958, 1962 e 1970. Também foi o mais jovem atleta a disputar e ganhar uma final do Mundial, aos 17 anos, 8 meses e seis dias nos 5×2 diante da Suécia em 1958 – ele fez dois gols na decisão. Sem falar na incrível marca de 1.281 gols marcados, um recorde mundial.

Mas o Rei do Futebol é muito mais que números. Ele é considerado o jogador mais completo da história do esporte. Jogadas espetaculares, dribles incríveis, cobranças de falta, gols de placa e de todos os jeitos, tudo estava no repertório do eterno camisa 10. Ele finalizava com as duas pernas e cabeceava bem, tinha técnica, domínio de bola, visão de jogo, façanhas que impressionam até hoje, mesmo 45 anos depois de sua aposentadoria – o último jogo oficial foi em 1977.

Lenda

Nascido no dia 23 de outubro de 1940, na cidade mineira de Três Corações, Pelé começou sua carreira profissional no Santos em 1956, dois meses antes de completar 16 anos. O bom futebol mostrado com a camisa do Peixe logo chamou a atenção de Sylvio Pirillo, então técnico da Seleção, que o convocou para atuar contra a Argentina, pela Copa Rocca.

Pelé marcou o único gol do Brasil na derrota por 2×1, no Maracanã, em 7 de julho de 1957, aos 16 anos. Três dias depois, foi um dos titulares e, mais uma vez, marcou. A equipe canarinha venceu por 2×0 e Pelé conquistava seu primeiro título.

No ano seguinte, o Rei foi chamado para sua primeira Copa do Mundo. Decisivo, ajudou o Brasil a faturar o título na Suécia. Conquistou também as taças de 1962 e 1970, sendo o único, até hoje, que pode dizer que é tricampeão mundial como jogador.

Nas quatro Copas que disputou (1958, 1962, 1966, 1970), Pelé anotou 12 gols. Apenas cinco atletas homens marcaram mais gols que o tricampeão: Miroslav Klose (16), Ronaldo (15), Gerd Müller (14), Just Fontaine (13) e Messi (13).

Pelo Santos, colecionou títulos. E, na década de 1960, ganhou o apelido de Rei do Futebol. Com o craque, o Alvinegro Praiano ganhou troféus atrás de troféus. Foram dois Mundiais de Clubes (1962 e 1963), duas Libertadores (1962 e 1963), seis Campeonatos Brasileiros (1961, 1962, 1963, 1964, 1965 e 1968), 10 Campeonatos Paulistas (1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969 e 1973), Recopa Sul-Americana (1968), Recopa Mundial (1968), fora inúmeros outros torneios internacionais.

Em 1961, ainda marcou um gol histórico contra o Fluminense, no Maracanã, quando recebeu a bola na intermediária, driblou sete jogadores adversários e balançou as redes. O lance foi tão bonito que rendeu a Pelé uma placa no estádio – e aí nascia a expressão ‘gol de placa’.

Ao todo, segundo as contas do Santos, foram 1.091 gols. Mas, oficialmente, são atribuídos a Pelé 643 gols – os outros 448 foram marcados em jogos que seriam considerados amistosos e torneios amistosos internacionais e, por isso, não entrariam na conta.

Pelé se despediu oficialmente do clube em 1974, após 1.116 partidas disputadas. Pensava que ali seria sua aposentadoria. Mas, oito meses depois, receberia uma oferta irrecusável para vestir a camisa do New York Cosmos. Aos 35 anos, fechou por três temporadas com os americanos, com salário de 2,8 milhões de dólares por ano. O valor era astronômico, fora da realidade da época, e fez o Rei se tornar o atleta mais bem pago do mundo.

O craque ficou no Cosmos até 1977, atuando em 106 jogos e marcando 64 gols. No dia 1º de outubro daquele ano, viria a despedida definitiva de Pelé dos gramados, em uma partida reuniu os dois únicos clubes pelos quais ele atuou, o Cosmos e o Santos. Jogou um tempo por cada equipe, marcou o gol número 1.281 e se aposentou.

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