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Roubo inédito no Museu do Louvre: criminosos levam nove joias da coroa francesa e forçam fechamento do museu em Paris

19/10/2025 - 14h32min

Gonzalo Fuentes - Reuters

Em um assalto inédito e que chocou a França, criminosos invadiram na manhã deste domingo (19) o Museu do Louvre, em Paris — o mais visitado do mundo — e roubaram nove joias históricas da monarquia francesa, expostas na Galeria de Apolo. Uma das peças, a coroa da imperatriz Eugênia, foi encontrada danificada próximo ao local.

Segundo informações da imprensa francesa, os ladrões escalaram a fachada do museu utilizando uma plataforma acoplada a um caminhão, arrombaram uma janela e quebraram vitrines para alcançar as peças. A ação, que durou cerca de quatro minutos, ocorreu por volta das 9h30 no horário local, meia hora após a abertura do museu.

As autoridades acreditam que quatro criminosos participaram da invasão — dois vestidos como operários em coletes amarelos e dois em scooters, utilizados para a fuga. Eles estariam armados e portavam pequenas motosserras. A polícia investiga se houve envolvimento interno no crime.

De acordo com a ministra da Cultura, Rachida Dati, ninguém ficou ferido durante o assalto. Uma das joias, identificada como a coroa da imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III, foi localizada danificada em uma rua próxima. A peça é composta por 1.354 diamantes e 56 esmeraldas.

O ministro do Interior francês, Laurent Nuñez, classificou o episódio como um “grande roubo” e destacou que os objetos levados têm “valor inestimável”. Ele afirmou que os criminosos demonstraram experiência e planejamento prévio.

A Galeria de Apolo, onde ocorreu o crime, abriga a coleção real de pedras preciosas e diamantes da coroa, incluindo o famoso diamante Regent, de 140 quilates, avaliado em mais de US$ 60 milhões — que não foi roubado.

O museu foi evacuado e permanecerá fechado durante todo o domingo para perícia. Imagens de câmeras de segurança e registros da área do rio Sena estão sendo analisados pela polícia.

Um ataque à história

O Louvre é o maior e mais visitado museu do mundo, com mais de 33 mil obras em exposição, incluindo a Mona Lisa, a Vênus de Milo e a Vitória de Samotrácia. A Galeria de Apolo, construída sob o reinado de Luís XIV após um incêndio, é considerada uma homenagem ao deus grego da luz e da arte.

O roubo reacende o debate sobre segurança no museu, que vem enfrentando problemas de superlotação e falta de pessoal. Em junho, funcionários chegaram a paralisar as atividades por sobrecarga de trabalho.

Casos de furto em plena luz do dia, durante o horário de visitação, são extremamente raros. O episódio é comparado ao roubo no museu Grünes Gewölbe, em Dresden (Alemanha), em 2019, também marcado pela ousadia e precisão dos criminosos.

Reações e repercussões

O caso provocou forte reação na França. “É inacreditável que um museu tão famoso tenha falhas de segurança tão óbvias”, disse Magali Cunel, professora da região de Lyon, em entrevista à imprensa local.

O líder de extrema direita Jordan Bardella usou o episódio para criticar o governo do presidente Emmanuel Macron, afirmando que o roubo “é uma humilhação insuportável para o país”.

O governo francês, que investe mais de € 700 milhões no projeto “Nova Renascença do Louvre” para modernizar o museu até 2031, enfrenta agora nova pressão por reforços imediatos na segurança.

Enquanto as investigações seguem, o símbolo maior da cultura francesa tenta lidar com um de seus maiores constrangimentos do século.

 

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