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Seu Lauro, em Herval, não pensa em outro trabalho a não ser agricultor
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – Ser agricultor é enfrentar, a cada dia, os desafios impostos pelas adversidades da natureza, pelas mudanças econômicas que, geralmente, afetam com mais força os pequenos colonos que não conseguem produzir em larga escala. As dificuldades sempre existiram e continuarão mas, quem agricultor for, continuará em frente, sem deixar de trabalhar com a terra, de cultivar e acreditar na importância do seu ofício.
Tal qual como Lauro Morschel, 72 anos, de Boa Vista do Herval, Santa Maria do Herval. Ele conta que desde sempre trabalhou na roça. Quando criança, estudava meio dia e, no restante, ajudava na lida. Depois, ao completar seis/sete anos, teve que largar o colégio e se dedicar integralmente à função, junto aos pais. Até hoje segue na luta – mas é mais para sobreviver, afinal, está aposentado há 12 anos.
Cultiva algumas batatas e, no tempo livre, lida com lenha de acácia. “Hoje é praticamente impossível para o pequeno agricultor continuar com a batata. Só vale a pena se consegue vender diretamente. Eu não tinha mais plantado, agora, plantei de novo mas só para a gente comer”.
Além disso trabalha com porcos, cultivando milho e ajudando um dos filhos na criação de frango, com uma e outra cabeça de gado para consumo próprio. Antigamente era diferente. “Eu tinha 30 gados”, conta. Os outros quatro filhos, que teve junto com a esposa Soeli Maria Morschel, 67 anos, optaram por outros rumos.
O prejuízo da estiagem
Neste ano, assim como muitos colonos de toda a região, Lauro amargurou um grande prejuízo com o milho afetado pela estiagem. Explica que as três sacas de semente que plantou renderam apenas 80 sacas, quando o normal seria entre 120/130. “Eles não ganharam espigas, infelizmente. A chuva fez muita falta e foi difícil para a gente”.
Continuará enquanto puder
No frio de terça-feira, 19, Lauro estava colhendo pasto ao lado da estrada principal. “Estou pegando porque avisaram que vão alargar a estrada, por causa da obra do asfalto”, disse.
Junto dele, estava seu fiel companheiro, o Preto. O cão o segue por onde vai. Pega até carona em cima do trator. Em casa, o outro amigo, o Tagui, também o esperava e pulou no trator ao avistá-lo.
Questionado se, mesmo diante de todas as dificuldades já pensou em fazer outra coisa da vida, prontamente responde que “é difícil, mas gosto de trabalhar. Se tivesse que fazer outra coisa, não trabalharia”.