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Somente com o movimento da cabeça, ex-secretária executiva escreve livro

18/08/2023 - 05h30min

Andreia Meine em frente ao computador em que escreve seu livro

Superação
Andreia Meine perdeu o movimento do corpo e a fala devido a um AVC de tronco

Por Geison Machado Concencia

Ivoti – Depois de sobreviver a um AVC de tronco há 14 anos e perder os movimentos dos braços, pernas e, inclusive, a fala, devido a lesões nas cordas vocais, a ex secretária da Unisinos, Andreia Meine, teve que se adaptar a essa nova realidade. Mas, nem por isso, a adversidade a impediu de realizar grandes conquistas, como a capacidade de escrever utilizando recursos tecnológicos para se comunicar com as pessoas mais importantes em sua vida: a família.

Esse processo consiste em utilizar um software, que consegue transformar o movimento da cabeça, como cursor. Já o piscar dos olhos e o movimento dos lábios funcionam como clic. Quanto a esse mecanismo, Meine teve acesso no segundo ano, depois de sofrer o AVC. Mas, antes disso, era diferente: “demorou um ano mais ou menos. Até então a comunicação era feita letra por letra para formar uma palavra. A pessoa me falava o alfabeto e eu piscava, quando chegava na letra que eu queria. Era demorado, mas não havia outra forma”, lembra Meine.

Com o tempo, o processo foi melhorando e ela adquiriu mais capacidade de comunicação através de recursos tecnológicos. O irmão de Andreia obteve acesso a um programa espanhol, que reconhecia a face e os movimentos do rosto e transformava esses gestos em comandos para o computador. O software é totalmente gratuito e facilitou o diálogo com as pessoas próximas a ela. O aprimoramento lhe permitiu melhorar a comunicação com seus familiares, entre eles, os seus dois filhos: Arthur e Guilherme. Com apoio da família, que até foi mencionado por Meine como fundamental no processo de recuperação, ela conseguiu estabelecer uma comunicação com seus amigos e familiares. “Os meus filhos eram muito pequenos quando tive o AVC, 3 e 5 anos. Não foi muito fácil, mas sempre tinha um adulto junto, que ajudava no processo”, explica Meine.

Livro
O pai de Andreia, Belmiro Meine, que foi diretor, no passado, do Instituto Ivoti, comentava com a filha a possibilidade dela narrar em um livro sua história de superação, diante das sequelas provocadas pelo AVC de tronco. No início, achava que não era o momento certo, mas, com o tempo, ela alimentou essa ideia e, agora, resolveu de vez mergulhar nesta aventura.

O livro vai narrar o processo de adaptação a essa nova realidade, que no começo, não foi fácil. “Morava em São Leopoldo com meu marido e filhos. Meus objetivos foram arrancados de mim. Tudo o que eu sonhava realizar, meus planos e objetivos foram por água abaixo. Tive que começar do zero. Leva tempo para aceitar que sua vida não será mais aquela que um dia sonhou, mas aos poucos a vida precisa continuar”, comenta Andreia. Toda essa adaptação e superação começa a ser descrito por meio dos movimentos de cabeça da Andreia, que são traduzidos pelo computador em forma de palavras. Com a ajuda do pai, que vai atrás do relato de amigos que conviveram com esse processo, ela contará como fez para não se abater e continuar a manter sua mente ativa.

“Meu pai me incentiva a escrever esse livro há muito tempo. Não sei quantas vezes comecei, mas desistia no meio do caminho. Eu acho que agora está maduro. Na verdade achava que não seria capaz de botar no papel tudo o que vivi e, de alguma forma passar uma mensagem positiva. O livro não está concluído. Digamos que ele está no sétimo mês de gestação. Ainda não tem cronograma de lançamento, talvez no final do ano. Enfim, estou prestes a realizar o que faltava. Já plantei uma árvore, tive filhos e estava faltando escrever um livro”, disse Meine.

Apoio da família

Belmiro e Andreia Meine

<SUB>Apoio da família

Muitas pessoas passam pelo mesmo processo de adaptação que Andreia Meine, ou parecidos. Além da motivação interna e pessoal, ela destaca a família como um elemento chave para a recuperação: o apoio da família é fundamental. Saber que tem gente contigo para o que der e vier. No meu caso os meus filhos também tiveram um papel muito importante. Tirava força de onde eu não tinha para superar cada etapa e poder vê-los crescer e se tornarem seres humanos incríveis”, lembra Meine.

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