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Tesouro Direto volta a suspender negócios com temor fiscal; taxa do IPCA+ vai a 7,37%

29/11/2024 - 13h50min

As negociações de títulos públicos no Tesouro Direto foram suspensas nesta sexta-feira (29), por volta das 11h30 (horário de Brasília). Isso acontece em meio à nova sessão de alta volatilidade nas taxas. Há desconfiança dos investidores quanto ao compromisso do governo com a responsabilidade fiscal, após o anúncio de medidas de contenção de gastos.

O papel do Tesouro IPCA+ com vencimento em 2035 pagava 7,12% ao ano na parte prefixada, o maior valor de 2024. Supera os 7,05% atingidos nesta semana. O papel que vence em 2027 ia a 7,37%, também recorde para o ano.

Entre os prefixados, o título com vencimento em 2027 ia a 14,31% ao ano, e o de 2031, a 14,13%, também os maiores patamares de 2024.

Contenção de gastos

Na avaliação de especialistas, o ajuste proposto criou um sentimento ruim no mercado e colocou pressão nas próximas decisões do Banco Central para a Selic, a taxa básica de juros.

Um dos pontos de atenção para agentes é a proposição da isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês. O governo defende que a medida é fiscalmente neutra, que não gera gastos adicionais, por conta da criação de um imposto mínimo de 10% para quem recebe mais de R$ 50 mil mensais. A proposta ainda será analisada pelo Congresso, que poderá realizar alterações no texto.

Walter Maciel, CEO da gestora AZ Quest, vê um cenário de “elevação brutal” de juros na esteira dos últimos anúncios. “Dado o que o mercado está vendo agora de preço, o Banco Central teria de fazer duas altas de 100 pontos-base nos juros [1 ponto porcentual]”, afirmou. Segundo Maciel, é o preço pago pela perda de credibilidade do governo em relação ao controle de gastos, após o controverso pacote de medidas anunciado.

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