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Um dos maiores terremotos da história recente provoca tsunami na Rússia, Japão e Havaí
Abalo de magnitude 8,8 gera ondas de até 4 metros e provoca evacuações em vários países banhados pelo Pacífico; tremor foi o mais forte na região desde 1952
Por Cleiton Zimer
Um terremoto de magnitude 8,8 sacudiu a Península de Kamtchatka, no extremo leste da Rússia, na manhã de quarta-feira (30), pelo horário local — ainda noite de terça-feira (29) no Brasil — e desencadeou um tsunami que atingiu diversas regiões do Oceano Pacífico, incluindo Japão e Havaí. Trata-se de um dos terremotos mais intensos registrados no século XXI, com potencial de causar destruição em larga escala.
De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o epicentro foi localizado a 125 quilômetros da cidade de Petropavlovsk-Kamchatsky, com profundidade de 19,3 km — considerada rasa, o que aumenta o risco de tsunamis. A cidade, com cerca de 165 mil habitantes, fica às margens da Baía de Avacha, dentro do chamado Círculo de Fogo do Pacífico, região de intensa atividade sísmica.
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As autoridades russas confirmaram a formação de um tsunami “perigoso e poderoso”, com ondas de até 4 metros de altura atingindo áreas costeiras da Kamtchatka. A população começou a ser retirada de zonas de risco, e o governo local emitiu alertas de evacuação. Em Severo-Kurilsk, pouco mais de 2 mil moradores começaram a ser removidos, segundo o governador da região de Sakhalin, Valery Limarenko. A imprensa estatal também informou que houve feridos leves, inclusive em um aeroporto regional.
O governador de Kamtchatka, Vladimir Solodov, classificou o terremoto como o mais forte registrado na região desde 1952. Ele confirmou danos materiais em diferentes localidades.
Tsunami atinge Japão e Havaí
Além da Rússia, o tsunami alcançou a ilha japonesa de Hokkaido, no norte do país, onde as primeiras ondas chegaram com menos de 1 metro de altura. A Agência Meteorológica do Japão prevê que novas ondas, mais fortes, possam atingir até 3 metros. Alertas de emergência foram emitidos e algumas linhas ferroviárias foram suspensas. A emissora estatal NHK informou ainda que trabalhadores da usina nuclear de Fukushima foram temporariamente retirados como medida de precaução.
No Havaí, ondas atingiram a costa durante a madrugada, levando ao cancelamento de voos em Maui e suspensão de atividades comerciais em diversas regiões. O Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico (PTWC) já havia previsto o risco de “ondas de tsunami destrutivas” e recomendou evacuação de áreas litorâneas.
Alerta em quase toda a costa do Pacífico
Autoridades dos Estados Unidos, México, Chile e Equador emitiram alertas preventivos para suas regiões costeiras. Apesar da grande extensão dos avisos, o risco para a maior parte do continente americano é considerado menor. No entanto, a possibilidade de alterações bruscas no nível do mar e correntes marítimas perigosas permanece.
Segundo o USGS, “ondas de tsunami podem ultrapassar 3 metros acima do nível da maré em algumas áreas das ilhas do noroeste do Havaí e da costa da Rússia”.
Escala e potencial de destruição
A magnitude de 8,8 coloca esse terremoto entre os mais destrutivos já registrados. De acordo com a Universidade Michigan Tech, abalos com magnitude superior a 8 são capazes de devastar comunidades inteiras próximas ao epicentro. A escala usada atualmente para medir terremotos é baseada na liberação de energia, e pode ser ajustada conforme novas análises dos dados sísmicos.
O Serviço Geofísico da Academia de Ciências da Rússia advertiu que réplicas intensas devem ocorrer ao longo das próximas semanas, algumas podendo chegar à magnitude 7,5.
Contexto geológico
A Península de Kamtchatka e o Extremo Oriente russo integram o Círculo de Fogo do Pacífico, uma região geologicamente instável que concentra cerca de 90% dos terremotos do planeta. A constante movimentação de placas tectônicas torna o local um dos mais suscetíveis a abalos sísmicos e tsunamis do mundo.
As autoridades seguem monitorando a situação em tempo real, e o estado de alerta permanece nas regiões litorâneas de diversos países. Há preocupação com o impacto nas comunidades costeiras e com a continuidade das réplicas.
