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Vereadores criticam ação que apreendeu quase duas toneladas de alimentos em Herval
Por Cleiton Zimer
Santa Maria do Herval – No início do mês de dezembro uma operação do Programa Segurança Alimentar RS apreendeu 1,7 toneladas de alimentos, por eles considerados impróprios para consumo, em quatro estabelecimentos do Município. Todos foram autuados. Carne foi o principal produto condenado pelos agentes.
Alguns parlamentares do Município criticaram a ação. Quem tomou a frente foi a vereadora do MDB, Daiane Kuzler. Ela se disse indignada. “Alguns comércios foram revistados e levaram produtos que, de acordo com eles, estavam impróprios ao consumo ou que não possuíam procedência, somente pelo fato de estarem congelados. Produtos que tinham nota e mesmo assim foram levados.”
Daiane pontuou que existem leis no Estado que “somente servem para prejudicar mais os nossos comerciantes e outras áreas que também sofrem; pessoas que trabalham de domingo a domingo para ter sua renda e ainda pagam muito imposto sobre isso.”
Para Daiane, os produtos não estavam em má qualidade ou estragados. “Se tivessem […] iria dar razão em alguns pontos, mas isso não ocorreu. Ainda descartam alimento em bom estado só para seguir uma e outra regra burocrática que, na mente de alguns, faz algum sentido,” disse, afirmando que concorda que deve haver fiscalização mas que ela deveria trabalhar junto aos comerciantes. “Para o prejuízo não ser tão grande, alertando, escutando também o outro lado. Mas isso infelizmente não acontece.”
Félix Alles (PDT) disse que condena a maneira como a ação ocorreu. “Principalmente quando temos o entendimento de um país em que pessoas passam fome. Precisamos de leis não mais brandas, mas que este alimento possa chegar em alguém, porque ele está próprio para consumo, principalmente por estar congelado. Precisamos que as leis que sejam cumpridas, dentro do que é certo ou errado, mas eu, por exemplo, não posso doar um alimento, mas se eu jogar na lata de lixo alguém pode ir lá, tirar e comer. Então isso é um descaso total. Você vê quase duas toneladas de alimentos congelados próprios para consumos serem jogados no lixo, e temos pessoas que dobrando a esquina estão passando fome. Isso vai contra qualquer questão de sanidade mental.”
Rubia Reisdorfer (PSDB) também se posicionou contra. “Eu considero que é um abuso o que foi feito. Tem que existir fiscalização, mas sem abusos. Uma questão que eu não consigo entender, nosso Estado com tanta vigilância, tão cobrado, e a gente sai daqui e vai no nordeste e o pessoal têm feira com carne exposta em cima de mesas, sem refrigeração, com moscas, insetos sentando em cima e ninguém faz nada, está tudo certo. E aqui, pela carne estar congelada, aí é recolhida como se fosse imprópria para consumo; acaba denegrindo a imagem dos mercados e trazendo uma imagem ruim para o Município que acaba sendo notícia em toda a região.”
Da mesma forma, Diego Lechner (PDT) repudiou a maneira como a abordagem foi executada. “Com certeza todos nós, todas as famílias, têm carne congelada em casa. Não vejo motivos de descartá-las. E se foram descartadas, por que foram botadas em caixas térmicas? E acho que a foi de forma inconsciente ou errada, porque todo mundo tem carne congelada em casa e a maioria tinha procedência das suas carnes, com notas.”
A fiscalização ocorreu a pedido do promotor de Justiça de Dois Irmãos, Wilson Luís Grezzana, e contou com a participação dos servidores do Gaeco, representantes da Vigilância Sanitária e Serviço de Inspeção Municipal, Secretaria Estadual da Saúde, Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), Delegacia de Polícia de Proteção ao Consumidor (Decon) e da Patrulha Ambiental da Brigada Militar (Patram).