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Voar sobre Nova Petrópolis é uma forma de se libertar
Nova Petrópolis – “Voar é se desafiar. É superar medos que nos travam para coisas da vida pessoal e profissional. Não é um simples voos, são ensinamentos para a vida”, assim descreve Gustavo Agne, o Guga, sobre a prática de voo livre com parapente. Voando desde 2006, em 2017, Guga passou a levar pessoas do Brasil inteiro para ver Nova Petrópolis de cima a partir de voos duplos do Ninho das Águias. E lá do alto, onde tudo parece infinito, as pessoas podem ver a imensidão das possibilidades que podem se abrir diante de si, e enfrentar desafios que elas, até então, pensavam ser perigosas demais.
Na última sexta-feira, 2, Guga convidou-me (Dário Gonçalves, repórter do jornal O Diário que escreve esta matéria) para um voo duplo. Com um dia de céu azul, temperatura agradável e sem nuvens, aceitei o convite na hora, mesmo sem nunca ter tirado os pés do chão para uma aventura assim. No início, as dúvidas costumam ser as mesmas para quase todos: vou sentir medo?; e se eu cair?; tenho muito medo de altura; etc. No entanto, qualquer medo que possa surgir, com certeza é superado ao desafiar a gravidade e ver a natureza de um ângulo totalmente novo.
“As pessoas sentem medo do que elas não conhecem. E eu quero mostrar pra elas que voar de parapente é libertador e absolutamente seguro. Diferentemente do que muitos pensam, apesar de ser considerado um esporte radical, é uma atividade muito tranquila e relaxante”, explica Guga. E depois de viver essa experiência, torna-se impossível discordar.
Preparativos
Ao se preparar para voar, Guga passa para o cliente todas as instruções, que não são muitas. Basicamente, a pessoa terá que correr em direção à rampa e pronto: estará no ar. Antes, porém, Guga explica como funciona o equipamento, o peso suportado e tudo mais que seja necessário. Depois disso, basta vestir o equipamento e se posicionar. “Ao começar a correr, o equipamento é inflado e sobe. Se eu perceber que não está nas melhores condições, a gente para e tenta de novo. Não somos obrigados a voar na primeira tentativa, depende das condições do vento”.
O voo
Confesso que a corrida para o “salto” era o que mais me trazia apreensão, afinal, tudo era novidade. Tinha medo de começar a correr e precisar parar e não conseguir, no entanto, confiei no Guga e sabia que se nada de errado havia acontecido até hoje, não seria comigo. Com tudo pronto, Guga me passou a câmera que gravaria nosso voo e disse: “Vou contar 3, 2, 1, e tu começa a correr. Quanto mais rápido formos, melhor será”, disse. E assim fizemos. Poucos passos depois, o chão sob meus pés sumiu, a rampa ficou para trás e, em segundos, estávamos no ar. “Pode sentar, se acomodar e curtir o passeio. Bem vindo ao voo livre”, comentou o Guga.
Imaginei que, ao deixar a rampa, sentiria um frio na barriga ao “cair”, porém, o que ocorre é justamente o oposto. Com o equipamento aberto e inflado, o parapente puxa os ocupantes para cima e, ao invés de cair, sobem. A partir daí, você está sentado confortavelmente e apreciando uma vista linda, com o vento passando pelo rosto. As árvores, vistas de cima, parecem um amontoado de brócolis. Foi possível ver, até mesmo, pequenos macacos pulando de galho em galho.
Com tanta experiência, Guga consegue ver o que os outros não conseguem. Alguns urubus voando em círculos, por exemplo, são sinais de massa de ar quente, que podem levar o parapente ainda mais para cima, como se fosse um combustível. Então, o piloto mostra onde fica Nova Petrópolis, onde está Caxias do Sul, as águas do Rio Caí, e tudo o mais que pode ser apreciado a partir do “céu” do Jardim da Serra Gaúcha.
O voo vai chegando ao fim, o campo de pouso se aproxima e tudo aquilo que era pequenininho, vai voltando ao seu tamanho normal. O voo para iniciantes costuma levar de 10 a 20 minutos, sempre levando em conta que as condições climáticas definem a melhor experiência por questões de segurança. No meu caso, foram cerca de 15 minutos no ar, em total segurança e, literalmente, enxergando novos horizontes. Ao tocar novamente o chão, a vontade é de repetir imediatamente. Se havia algum medo, ele ficou para trás no instante exato em que a grama também ficou.
Quem pode voar?
A idade mínima para voar é de 16 anos (nestes casos com autorização do responsável), sem haver idade limite. A pessoa deve estar em bom estado de saúde e preencher um formulário antes do voo sobre suas condições. Há também o limite de peso, portanto as duas pessoas juntas não devem exceder 240 quilos. A recomendação é de que a pessoa tenha entre 40 e 105 kg, mas isso não impede que pessoas mais pesadas também voem. No entanto, necessitará de condições meteorológicas especiais. Não é necessário nenhum tipo de treinamento para voar. Antes da decolagem, todas as instruções são passadas.
Maiores informações e como agendar seu voo, basta entrar no site euvouvoar.com.br. E para ver mais fotos e vídeos dessa experiência incrível, acesse @euvouvoaroficial no instagram.
Principais conquistas de Guga:
- Campeão Paranaense – ascendente – 2007
- Bicampeão Sul Brasileiro – serial – 2010 e 2011
- Campeão XCerrado – serial – 2011
- Campeão Brasileiro – serial – 2012
- Campeão do Troféu Charles Ferraz – 2013 (XC temporada 2012/2013)
- 23ª colocação Superfinal Copa do Mundo de Parapente 2013
- Campeão Gaúcho – 2014
- Piloto Homologado – Confederação Brasileira de Parapente
- Campeão do Desafio Morro do Vento 2016