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28 de junho: Dia de comemorar o amor livre de preconceito

28/06/2019 - 12h00min

Atualizada em 28/06/2019 - 15h18min

Região – O dia de hoje, 28 de junho, é considerado o Dia do Orgulho LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersex), data celebrada e lembrada mundialmente, por conta de um episódio ocorrido em Nova Iorque, em 1969.

Naquele dia, as pessoas que frequentavam um bar, até hoje um local de frequência de gays, lésbicas e trans, reagiram a uma série de batidas policiais que eram realizadas ali com frequência.

O levante contra a perseguição da polícia às pessoas LGBTI durou mais duas noites e, no ano seguinte, resultou na organização na 1° parada do orgulho LGBT, realizada no dia 1° de julho de 1970, para lembrar o episódio.

Hoje, as Paradas do Orgulho LGBT acontecem em quase todos os países e em muitas cidades do Brasil ao longo do ano. O orgulho gay celebra o direito de existir sem discriminação.

Uma família do coração feita de amor

Vera Regina era casada na época em que decidiu realizar o desejo de ser mãe. Homossexual assumida, de bem com a vida, funcionária pública estadual, vida financeira estável, havia chegado a hora.

Entrou na lista de intenção de adoção em Novo Hamburgo. Na época não era lista nacional, mas municipal. Aguardou cerca de seis anos na fila. Neste tempo se separou da companheira e veio morar em Estância Velha mais próximo da irmã, com quem tem grande afinidade.

No ano de 2007, chegou a notícia. A pequena Roberta de 2 aninhos procurava um lar. Alguns meses de adaptação, visitas ao lar onde estava a criança e o amor foi crescendo. Roberta chegou cheia de expectativas e muita carência. Logo as duas se apaixonaram e provaram que o destino estava escrito. Elas nasceram para ser mãe e filha.

Vera, Bebeta e Victor na Arena do Grêmio

Em, 2016, Roberta aos 11 anos, começou a cobrar da mãe a companhia de um irmão. Foi então que o destino colocou na vida das duas o Victor Kauã, de 9 anos. Um colorado que quando conheceu a futura família não teve dúvidas, vestiu a camisa do Grêmio e trocou de time para acompanhar a mãe e a mana.

Hoje aposentada, Vera, 59 anos, divide seu tempo entre cuidar da saúde, em busca de uma vida saudável para cuidar dos seus dois filhos, e tornar a vida deles cada vez mais feliz. Por opção, Vera resolveu se dedicar exclusivamente aos filhos.

O processo da Bebeta está finalizado e o do Victor em fase de finalização. “Meus filhos me completam. Somos uma família feliz”, diz Vera. Os três são a maior prova que família é aquela feita de amor.

Qualquer maneira de amor vale a pena

Jéssica Savi (Jé) e Tainara Machado (Tatá), ambas com 30 anos, são a prova de que duas pessoas podem ser o orgulho dos que as querem bem. As duas se conheceram pela rede social, em 2007, tinham uma amiga em comum e faziam comentários uma nas fotos da outra.

O primeiro encontro foi numa Parada Gay em São Leopoldo, sem uma aproximação mais íntima. Tempos depois se reencontraram e rolou o tal “acho que te conheço de algum lugar”. Saíram e começaram a namorar.

Passou um ano de relacionamento, foram morar juntas, e assim ficaram por sete anos. Pensamentos diferentes e a pouca idade para avaliar algumas situações da vida, acabou separando as duas, por um período de três anos.

Sempre em contato, com carinho, respeito e muita consideração uma pela outra, permaneceram próximas. Passados três anos, por sorte do destino, se reencontraram e chegaram a conclusão que guardavam os mesmos sentimentos e tinham os mesmos objetivos de anos atrás.

Benjamin com as mães Jéssica Savi (Jé) e Tainara Machado (Tatá)

Mais maduras, retomaram a vida juntas. A coroação deste amor veio através do Benjamin, hoje com 1 aninho, planejado lá no início do namoro em meados de 2007. Bê, como é carinhosamente chamado pelas mamães, foi gerado por Tainara, através de uma inseminação artificial. Benjamin Machado Savi foi registrado no nome das duas, num procedimento simples, com um pedido de inclusão socioafetivo.

Se já sofreram preconceito? Sim, lá na adolescência e juventude. Especialmente a família da Jé, muito religiosa, teve um pouco de dificuldade em aceitar a opção da filha, coisa que aos poucos foi sendo superada, com muito amor.

Com Tatá foi diferente: a família sempre apoiou as decisões da menina. “Preconceito sempre teve e terá, mas a gente se cerca de gente do bem, que quer o nosso bem e o resto a gente não liga”, diz Jé, muito tranquila em relação ao preconceito. Quando sobrar uma grana, as duas que têm uma união estável pretendem se casar, principalmente pelo futuro do filho Benjamin.

Cris & Lívia

Cristiano Flores, 31 anos, encarregado de loja, gay, e Lívia Bittencourt Mello, 28 anos, cabeleireira, transexual, se conheceram em 2014, numa balada em Novo Hamburgo. Uma fatalidade ocorrida com Cris, que perdeu sua mãe, fez com que os dois decidissem morar juntos, logo que se conheceram.

Passaram por muitas dificuldades, enquanto se conheciam e aprendiam a transformar os problemas em superação. Sofreram e sofrem preconceito até hoje, mas tiram de letra, um apoiando o outro.

Cris e Lívia: cinco anos de relacionamento

No ano passado chegaram a ficar seis meses separados, por conta de desavenças, mas quis o destino que os dois se reencontrassem e redescobrissem o amor, ainda mais forte.

Ainda não tomaram a decisão de oficializar, por conta dos custos do processo, tanto de união estável como do casamento, mas está nos planos do casal. Com muito companheirismo, este ano completam 5 anos dividindo sentimentos e enfrentando os obstáculos que a vida lhes impõe.

Oficializando as relações homoafetivas

Em 15 de maio de 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou uma resolução, de autoria do ministro Joaquim Barbosa, que obrigava os cartórios de todo o País a celebrar o casamento civil e converter a união estável homoafetiva em casamento.

Em Estância Velha desde 2013 foram realizados apenas seis casamentos homoafetivos, número considerado muito pequeno se comparado ao de casais que vivem juntos, numa relação estável.

Homofobia é crime

O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou no último dia 13 de junho, que a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero passe a ser considerada um crime.

Por conta da omissão do Congresso em legislar sobre o tema, os ministros do STF determinaram que a conduta passe a ser punida pela Lei de Racismo (7716/89), que hoje prevê crimes de discriminação ou preconceito por “raça, cor, etnia, religião e procedência nacional”.

O racismo é um crime inafiançável e imprescritível, segundo o texto constitucional, e pode ser punido com um a cinco anos de prisão e, em alguns casos, multa.

Adoção

Com o amparo da Justiça, se torna cada vez mais comum a formação de famílias que contrapõem o modelo tradicional, composto por pai e mãe, por aqueles que desejam adotar crianças, numa quebra de tabus. Neste contexto surge a adoção por casais homoafetivos.

Apesar do respaldo legal, esse novo tipo de família, principalmente no que diz respeito aos casais homoafetivos, ainda é controverso, embora a educação de crianças por pais homossexuais não seja novidade.

Segundo o IBGE (2010), mulheres são maioria das famílias homoafetivas somando 60 mil, o que corresponde a 53,8% dos lares homoafetivos no Brasil. Contudo, casal de homens também entram na lista de pessoas que querem constituir família e distribuir amor a crianças em situação de violência ou abandonadas por pais heterossexuais.

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