Geral

30 Anos, 30 Histórias: vereadores trocaram socos durante sessão da Câmara de Hortêncio

24/02/2023 - 11h16min

POR GUILHERME SPERAFICO

“A maior pancadaria na Câmara de Hortêncio”. Assim, em 16 de setembro de 2011, o Diário narrava aquele que se tornaria um dos fatos mais marcantes e com maior repercussão, na história da região: uma briga, envolvendo os vereadores Valdir Dill – o Cacete – e Adolar Petry, foi flagrada pelo cinegrafista do Diário, Afonso Führ, dois dias antes, em 14 de setembro.

Além de toda a repercussão e das consequências geradas junto à comunidade de toda a região, o vídeo da briga, ainda nos primórdios do YouTube, somou milhares de visualizações e acabou parando em telejornais com abrangência estadual e nacional. Até mesmo a CNN espanhola deu destaque ao ocorrido.

QUE VERGONHA!”

Enquanto Adolar e Cacete trocavam xingamentos, socos e empurrões na localidade de Capela do Rosário, onde foi realizada a sessão itinerante naquela oportunidade, alguns dos presentes exclamavam: “que vergonha!”. Por outro lado, outros davam risadas, até de forma desacreditada, do que viam.

Conforme relatado na época, a discussão começou quando o diretor de Obras da Prefeitura na época, explicava sobre a exploração de saibro no município. Houve troca de acusações entre Cacete e Adolar (que substituía o titular Cesar Senna). Em meio a gritos de “eu nunca roubei” e “vocês são uma tropa de cambalacho”, os dois esquentaram o clima.

Depois de contidos na primeira oportunidade em que ameaçaram briga, eles continuaram trocando farpas, num segundo momento eles levantaram e pouco foi feito pelos demais, para tentar impedir que os dois fossem às vias de fato. Adolar desferiu um soco no rosto de Cacete, que caiu atrás da mesa, levantou e partiu para o revide.

VEJA O VÍDEO:

CONSEQUÊNCIAS

Apesar de ter terminado após vários minutos de tensão, a pancadaria seguiu gerando consequências. Meses depois, Cacete acabou tendo o mandato cassado pelos colegas, perdendo por 5 votos a 3.

Na Justiça, acabou tendo a cassação derrubada em primeira, segunda e terceira instância, após a Câmara ter recorrido diversas vezes, e reassumiu o mandato.

Cacete diz que “passou uma borracha” no ocorrido

Quem conversa com o ainda vereador Cacete, atualmente em seu quarto mandato na Câmara, percebe o jeito tranquilo, com a vida dedicada à família e ao agronegócio, que não lembra em nada a personalidade forte e o jeito duro com que se posiciona sempre que necessário na política. Jeito esse que aflorou naquela fatídica sessão.

Hoje com 67 anos, ele garante que aquele “velho Valdir” ficou no passado e que hoje, mesmo ainda fazendo uma das mais ferrenhas oposições, amadureceu e está diferente. “Com o passar dos anos, mudei meu tom. Continuo cobrando, mas sou mais moderado”, diz o vereador.

Apesar de a briga ter sido um marco na sua vida política, Cacete diz que acredita ter dado a volta por cima e passado uma borracha no que aconteceu. “Fizeram de tudo para me derrubar, mas não conseguiram. Coloquei uma pá de cal quando venci o processo no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Nas eleições seguintes, em 2012, eu me reelegi. O que ainda quero agora? Tenho só que trabalhar pelo povo do meu município”, afirma.

FIZ ERRADO”

A aquisição de saibro sem licitação foi o que deu início à discussão, que esquentou e se transformou em briga, justifica Cacete. “Consegui adiar a votação nas sessões anteriores. Naquele dia, mudaram a sessão para a Capela do Rosário. Vendo que se encaminhava para a aprovação, fiquei muito triste e o sangue subiu”, relata.

A partir dali, veio uma troca de acusações entre ambos, a temperatura subiu e, por pouco, não foram de imediato às vias de fato. Quando as coisas pareciam estar mais calmas, os dois voltaram a discutir e Cacete gritou que a única serventia do oponente era ‘andar atrás de umas vacas’. “Fiz errado naquele momento, em dizer aquilo. Eu quis falar que ele só pensava nos interesses dele e terminei dizendo isso. Como ele era inseminador, o pessoal maliciou e ele veio pra cima de mim. A partir dali, eu só me defendi”, dá sua versão.

Sem entrar em detalhes, o vereador encerra dizendo que respeita o nome do já falecido Adolar Petry e relata que chegaram a conversar, passando uma borracha na situação.

No próximo ano, Cacete irá para a sétima eleição como candidato, buscando ser eleito pela quinta vez. Quando não está ocupado pelas ações parlamentares, se dedica aos negócios da família. Na Vila Dill, localidade que recebeu o sobrenome da família, possui 12 hectares de terra, onde se divide entre os trabalhos nas plantações, no gado e na prestação de serviços de máquinas.

Paz e harmonia

Em setembro de 2021, uma nova matéria do Diário, relembrando os 10 anos do ocorrido, reuniu Cacete e Roger Petry, filho de Adolar, que seguiu os passos políticos do pai, falecido em 23 de março de 2017. A família vive na Capela do Rosário.

Embora nada tenha a ver com a briga de Adolar, já que, na época, era apenas um adolescente de 14 anos, ele chegou a comentar que as rusgas entre o pai e o oponente se davam apenas na Câmara. “Foi uma coisa do momento, mas serviu como um aprendizado. Houve erros e acertos do meu pai, mas errar é humano, e ninguém é perfeito”, disse na ocasião.

Procurado novamente, desta vez Roger optou por não se manifestar sobre a situação. Por isto, para dar as versões de ambas as partes em relação ao ocorrido, resgatamos a entrevista dada por Adolar em 2011, em que ele justifica o que havia levado às vias de fato com Cacete.

 

Copyright© 2020 - Grupo o Diário