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A força da mulher que tira da roça o sustento da família

03/12/2019 - 19h48min

Atualizada em 04/12/2019 - 09h05min

Santa Maria do Herval – Todo dia é assim: ela acorda cedo, faz café, conversa com o marido e a filha, vai tratar os bois, porcos e as galinhas. Prepara tudo e, depois, vai para a roça. Não importa se faz sol ou chuva, calor ou frio. Ela simplesmente vai, porque a família depende disso. “Não temos nenhuma renda fixa. Nosso sustento vem da roça e, meu marido faz alguns “bicos” por fora para conseguir dinheiro. Com isso, pagamos a energia elétrica e compramos as coisas necessárias que não tem como produzir na roça ou, então, que o dinheiro da roça não pode comprar”, disse dona Loni Haubert, de 55 anos. Que apesar da simplicidade, ressalta que nunca faltou nada. “Conseguimos tudo o que precisamos trabalhando muito”, disse.

Loni, seu marido Irnani Haubert, de 61 anos, e sua filha Daiana Haubert, de 31 anos, moram na localidade de Nova Renânia. Ela conta que o casal já encaminhou a aposentadoria, e estão ansiosos. “Mas, mesmo assim, vamos continuar a trabalhar”, destacou. Eles plantam de tudo, desde milho, feijão, mandioca, batatas, frutas e verduras. “Praticamente todas as coisas que consumimos em casa, nós mesmos é que plantamos. As únicas coisas que temos que comprar é açúcar, sal, massas quando é para fazer rápido, mas na maioria das vezes nós mesmos é que fazemos a massa caseira”, comenta.

Alimentação saudável

Questionada se gosta de trabalhar na roça, Loni prontamente responde que sim e explica: “é, principalmente, para ter uma alimentação saudável. Tudo o que plantamos é sem agrotóxicos. As vezes os tomates não ficam tão bonitos quanto aqueles que estão nas prateleiras dos mercados, mas, no final, o que importa mesmo é se alimentar de uma forma saudável, para preservar nosso maior bem que é a saúde”, destacou.

Além da roça, eles têm três terneiros, um porco e galinhas. “A gente vendia os ovos, mas, hoje, não conseguimos mais, pois as pessoas não querem os ovos de casca amarelada que temos aqui. Então usamos para nosso consumo”, explicou.

Loni tem somente uma filha, Daiana, que é adotada e tem necessidades especiais. “Ela me acompanha na roça, só não vai junto quando o sol está muito quente”.

Desde criança na roça

A lida na roça é um ofício da família, que foi herdado e se perpetuou através das gerações. “Quando chegou a minha idade de ir para a fábrica de calçados, minha mãe ficou doente e, com isso, fiquei em casa cuidando dela. Depois, quando ela ficou melhor, me escolheu entre os filhos para ficar com ela. Assim, permaneci na roça minha vida inteira, desde os sete anos de idade”, comentou Loni, enquanto trabalhava embaixo do sol quente, logo após ao meio dia, capinando as batatas que foram plantadas há pouco tempo. “Está quente, mas, temos que aproveitar o tempo bom, já que recentemente choveu muito”.

“Não quero sair daqui”

A vida toda, Loni e a família moram no mesmo lugar. Ao ser questionada se tem vontade de, algum dia, sair da Nova Renânia, prontamente responde que nunca vai querer deixar o local. “Aqui é um lugar muito bom de morar. Se é para sair daqui e ir para uma cidade grande, prefiro meu cantinho”, disse.

Loni mora na propriedade da família, onde mais irmãos construíram casas. No total, são 30 hectares de terra, que antigamente eram mais explorados pela agricultura. “Eram oito irmãos. Todos ajudavam o pai e a mãe na roça naquele tempo”, disse. Hoje, três irmãos já são falecidos, restando apenas cinco e, somente Loni, ainda permanece na agricultura. “Assim a gente faz só o que consegue, não conseguimos mais trabalhar tanto”, comentou.

 

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