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A jornalista Ana Veiga e as batalhas pela vida

Leucemia Mieloide Aguda:
Ela concluiu dois ciclos de quimioterapia, está em casa curtindo Ivoti e se prepara para encarar o 3º ciclo
Por Leila Ermel
Ivoti – Muitas são as etapas que envolvem um tratamento contra um câncer. Maiores ainda são os obstáculos e desafios enfrentados por pessoas diagnosticadas com Leucemia Mieloide Aguda, uma doença grave, devastadora, que pode levar à morte aceleradamente. Ela marca a vida das pessoas que são diagnosticadas, seja pela cura, seja pela perda, ou seja pelo exemplo de luta. Este é o caso da jornalista Ana Veiga, ex-funcionária do O Diário e atualmente na assessoria de imprensa na Prefeitura. Existem fatos e histórias que nos servem como fonte de informação, mas tem aquelas que são inspiração e exemplo de garra e força. Desistir não faz parte de seus planos. Uma mulher de fibra, coragem e determinação para seguir.
A descoberta
Uma trajetória recente, que iniciou com a descoberta da leucemia em fevereiro passado. Ana recorda que fez alguns exames de sangue e resolveu mostra-los ao seu chefe, o prefeito Martin Kahlkmann. “Foi na verdade ele que me alertou sobre os índices apresentados. Como enfermeiro, logo notou que estava alterado e me orientou a procurar imediatamente um hematologista. Foi o que fiz. E graças a ele, ao Martin, descobri a leucemia e pude dar início imediato ao tratamento”.
“Foi um momento de decidir pela vida, por lutar, por encarar de frente. Veio a doação do cabelo, vieram os dias de incertezas, os efeitos da medicação, os difíceis dias internada num leito de hospital. Um turbilhão de sentimentos, que me fortaleceram muito> Hoje sei que sai muito melhor do que entrei, em todos os sentidos”, garante.
Fim de dois ciclos
”Não foram dias fáceis, é bem complicado”, assegura. Terminados na semana passada os dois primeiros ciclos de quimioterapia, a jornalista tem a oportunidade de passar 10 dias em casa. Período que está aproveitando ao máximo para usufruir das delícias simples da vida, como o contato com a natureza, dias fora do ambiente hospitalar, curtir tudo aquilo que não pode enquanto estava internada. Com consciência, devido a pandemia, e com os cuidados que a recuperação exige.
“Foram dois ciclos bem intensos. A quimioterapia não é fácil, traz muitos efeitos, mas o pior ainda é ter que ficar no hospital por todo este tempo”, lembra. “Foram dois ciclos, no primeiro recebi a quimioterapia por 24h durante 7 dias; no segundo, foram mais 7 dias onde a quimio era aplicada por 3 horas de dia e 3 horas na madrugada. Tive muitos momentos difíceis, muito vômito, fraqueza, pois a quimioterapia acaba com as células, tanto as ruins quanto as boas. O pior é depois da quimio. Minha medula estava zeradinha, e com isso minha imunidade muito baixa. Por isso, precisei ficar no hospital me recuperando”, relembra.
SEM CÈLULAS CANCERÌGENAS – “Não tenho mais células cancerígenas no meu organismo. Graças a Deus. Ainda não sabemos se terei que fazer transplante de medula, pois meu corpo está respondendo bem ao tratamento. Mas sou grata em saber, em ter certeza de que estou muito melhor do que quando entrei. Inclusive na vida”, afirma.
”A parte das doações me toca muito”
Após o tratamento com quimioterapia, o paciente necessita da doação de sangue e de plaquetas. “Quando conversei com o pessoal do hospital fiquei inicialmente preocupada, porque soube que o estoque estava baixo, apenas duas doações por dia. Então começamos a movimentar e pedir doações”, destaca.
“Me toca muito esta questão, porque tivemos uma resposta muito boa. Foram mais de 40 pessoas na semana. Foi uma doação para todas as pessoas do hospital. Recebi ajuda de muitas pessoas, de Ijuí, de Ivoti, a Adriana Schalleberger, muito querida, trouxe um grupo, meus ex-colegas do Diário também doaram. Nossa é muita gratidão. Vocês com certeza salvaram vidas”, ressalta.
“O pessoal do hospital ficou muito grato e feliz com as doações. Cada bolsa que eu recebia, precisaria de 5 doadores. Então quem puder, doe sangue, seja em qualquer hospital ou hemocentro. Sabe, agradecia a Deus, pedia que Ele mostrasse a esta pessoa, agraciasse ela com a Paz. Na hora que recebia o sangue pensava: tomara que esta pessoa seja feliz”, fala Ana.
Grupo Dia do Léo fez doações para Ana Veiga
E a doação de medula
Outra doação que faz muita diferença na vida de quem precisa é a de medula. “Quero fazer um pedido e um alerta, faça sua doação, existem alguns requisitos, mas se informe e doe. Poder ajudar com a vida é algo que merece gratidão e muito amor”, salienta Ana.
“Quem quiser também pode fazer sua inscrição, é voluntária. Salvar vida não tem preço, E as pessoas que doam saem felizes também”, pontua.
Mensagem de apoio
Muitas são as manifestações de apoio, de força e de carinho postadas ou enviadas para a jornalista. Cada uma tem seu valor e espaço especial no coração e nas lembranças. Mas uma nova amizade está se criando entre duas personagens muito especiais na luta contra a leucemia. Ana vem recebendo uma atenção toda especial de Adriana Schallenberger, a mãe do Leo, que teve uma batalha enorme contra a leucemia do filho, e trouxe muitas lições para todos. E ela deixa mais uma mensagem para a jornalista: “Ana, essa batalha é cruel, sim. Mas desistir é para os fracos. Tem um pequeno texto que a nossa psico leu e nos fez um bem enorme: ‘…Não me deixe implorar pelo alívio da dor, mas pela coragem de vence-la! Não me deixe procurar aliados a batalha da vida, mas a minha própria força!. (Tagore)’. Tu és forte e vai vencer. E tenha certeza, não estás sozinha, conta conosco. Um grande abraço, Adriana e do grupo Dia do Leo”.
Força que vem da família
”Eu tenho sorte de contar com minha mãe desde o começo, me acompanhando, do meu lado sempre. Largou tudo em Ijuí e veio ficar comigo em Porto Alegre, no Hospital do completo da Santa Casa de Misericórdia. Meu irmão vem todos os finais de semana ficar comigo, segurar minha mão e me dar força”, destaca.
A força e a garra para seguir em frente são ferramentas que tem mais poder se contar com a família, com apoio e energias positivas. “Para ter uma ideia, na terça-feira passada estava com 19 mil plaquetas, rezei muito com minha mãe, pois precisava de 20 mil para poder sair um pouco do hospital. E na quarta, graças a Deus eu tinha 39 mil e puder vir passar alguns dias aqui em Ivoti”.
“É uma doença muito grave, mata muito rápido, mas digo e confirmo que sai do hospital muito melhor do que entrei. É uma questão de entendimento, de viver, de valorizar tudo”, diz a jornalista.
Valorizar tudo
”Uma lição que tiro disso tudo pode parecer clichê, mas é aproveitar as pequenas coisas. Dizer para as pessoas o quanto ama e realmente amar elas na prática. No hospital tive que aprender a valorizar pequenas coisas. O dia que conseguia comer, que conseguia caminhar, o que conseguia dormir bem, quando subiu as plaquetas. Aprendi mesmo a valorizar a vida e agradecer as pessoas, pequenas vitórias. O amor move tudo, amor dos amigos, mensagens. Aquelas mensagens de amigos e de pessoas que fizeram a diferença. Nesta época de pandemia, não podemos abraçar e isso faz tanta falta. Isso eu quero ressaltar, que precisamos valorizar tudo, as pequenas coisas mesmo, os detalhes, os pequenos momentos. Muita gratidão, encarar a vida de frente e contar com dias melhores”, finaliza.