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A lida que não pode parar para aquecer as famílias e empresas em Dois Irmãos

17/06/2021 - 12h02min

Atualizada em 17/06/2021 - 12h16min

Irineu e Geni trabalham juntos no galpão, cortando e rachando lenha (FOTO: Cleiton Zimer)

Por Cleiton Zimer

Dois Irmãos – Frio chegando e, na região, a demanda não poderia ser outra: lenha para aquecer os fogões e as lareiras. Irineu Staudt sabe bem o que é isso pois há quase 40 anos essa é a sua lida diária. Não importa se faz sol, chuva, frio ou calor, o trabalho não para. Em épocas mais frias não tem final de semana nem feriado para dar conta da demanda.

Staudt trabalha com lenha desde 1983, num empreendimento que começou em família quando foi fundado o Comercial Staudt. Todos os irmãos trabalhavam juntos, com a loja, varejo, lenha e tudo mais. Hoje, aos 69 anos, Irineu trabalha só com o comércio de lenha.

Há alguns meses ele conta com uma ajuda muito especial: a da sua companheira Geni Maria Seibel, 66 anos. Em agosto completarão 19 anos juntos. Ela trabalhou durante 48 anos na fábrica de calçados do Wirth e, com a pandemia, por estar no grupo de risco, foi desligada.

Irineu trabalha na lida há quase 40 anos; demanda aumenta com a chegada do inverno. Geni saiu da fábrica e trabalham juntos (FOTO: Cleiton Zimer)

Agora, os dois trabalham juntos no galpão entre os bairros União e Vale Direito, cortando e rachando lenha para aquecer os fornos das pizzarias, padarias, confeitarias, além de moradores que compram para seus fogões e lareiras.

A lida nunca para, nem em dias frios e chuvosos (FOTO: Cleiton Zimer)

Pedidos para 40 dias

Irineu olha seu caderno de anotações e avalia que já está com pedidos fechados para os próximos 40 dias. Serviço não vai faltar. Todo esse tempo, ou maior parte dele, será trabalhando em casa, no galpão. Mais tarde, quando a demanda diminuir, é hora de ir para o mato, descascar e cortar árvores. Hoje, ele não vai mais tanto. Compra a parte mais significativa de terceiros.

Falta lenha no mercado

Experiente, Staudt analisa que há pouca lenha disponível no mercado, o que está encarecendo ela diante da lei de oferta e procura. “Antigamente íamos para o interior, lá em Morro dos Bugres, buscar caminhões de lenha. Mas não porquê precisávamos ir longe, tinha lenha sobrando nas redondezas; íamos porquê conhecíamos as pessoas. Agora, está faltando”, diz, explicando que isso se dá pelo fato de, há uns anos, a lenha não estar tão bem colocada financeiramente, fazendo com que os agricultores parassem de plantar. “Hoje em dia é até difícil conseguir o suficiente para o meu pequeno negócio”.

Tudo tem o seu tempo. A acácia, para ser rendável, precisa crescer durante sete ou oito anos. Irineu diz que a diferença de colher ela antes pode chegar à até 70 metros. “Se, com cinco anos plantadas eu cortar as árvores, elas pode me dar 150 metros. Se esperar mais dois anos, dará de 200 à 220 metros”.

Fácil não é; mas é digno

Geni saiu da fábrica com a pandemia, e ajuda Irineu com a lenha (FOTO: Cleiton Zimer)

Era um dia de chuva, com frio, quando fomos visitá-los. Geni e Irineu estavam no galpão rachando a lenha com machado. Eles tem um rachador, mas fica do lado de fora. Geni conta que na fábrica de calçados, onde trabalhava na montagem, era mais fácil. Ela é aposentada. Se não fosse pela pandemia, ainda não teria saído. “Meus patrões, ali do Wirth, eram ótimas pessoas. Nunca precisei reclamar”, diz, com saudades, entendendo os motivos que levaram ao desligamento dela e outras 17 pessoas acima dos 60 anos.

Irineu diz que, por saber que se trata de um serviço braçal e pesado, nunca pediu para Geni sair da fábrica e ir para a lenha. Mas, mesmo assim, ela sempre o ajudava nesses quase 19 anos, nos finais de semana e em feriados. Eles fazem tudo juntos, sempre ajudando um ao outro.

Irineu diz que já trabalhou muito nessa vida, principalmente na época em que tinha pouco ou quase nenhum equipamento. Tudo era carregado no braço, ao contrário de hoje, onde tem os guinchos nos caminhões. Mesmo assim, prestes a completar 70 anos, não para nenhum minuto e esbanja saúde.

Encomendas de lenha

Irineu e Geni vendem lenha nas redondezas. Quem estiver interessado em conferir as condições, pode entrar em contato pelo 051 99626-7879.

 

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