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A luta contra o alcoolismo e a superação diária de um alcoólico
Ivoti – O primeiro gole veio as 14 anos de idade. Saborosa e atrativa, a bebida alcoólica encantou o seu paladar. Com ela, virava forte, quase um super-homem. Aos 24, o ponto alto: o consumo era diário. De cerveja, foi para cachaça até tomar álcool que seria usado em um carro. O beber socialmente deu lugar a doença.
Esse é o resumo da história que um alcoólico revelou ao Diário. Alexandre foi o nome escolhido do homem que preferiu não se identificar. Mesmo assim, usa sua história para falar de um assunto que, muitas vezes, é tratado como “falta de vergonha na cara”: o alcoolismo. Ser alcoólatra é estar doente. Não há cura. Mas há como tratar.
Se aos 14 anos Alexandre soubesse que o seu gole seria o primeiro de muitos, jamais teria pego aquela bebida. “Comecei como a maioria dos jovens: na parceria, fui com a turma. Eu achava que era o cara. Eu sou acelerado, aos 16 eu já bebida como gente grande. Aos 24 anos, foi o pico”, revela.
O pico a qual Alexandre se refere é o momento em que beber passou de algo social, virou vício, virou parte da rotina, virou essencial. “Tomava dois litros de cachaça por dia, nada me saciava. Usei várias drogas. Eu roubava, andava fazendo falcatrua, tudo pra poder conseguir uma dose a mais. Cheguei a beber álcool puro”, conta.
Na fase mais avançada da doença, Alexandre dormiu nas ruas, jogado, esperando por mais uma gole . Era só a bebida alcoólica que o deixava vivo, era só aquilo que precisava.
VIRADA
Foram anos convivendo com o alcoolismo. “Deitei quatro vezes para morrer”, conta Alexandre. Os familiares pediam constantemente que ele fosse a uma clínica para tratar a doença. “Vi na clínica que eu estava alguém morrendo por conta da doença. Aquilo me deu um despertar espiritual. Eu pensava em beber, mas me lembrava desse homem que morreu. Pensei: tá na hora, estou virado num lixo. Comecei a refletir. Mas para parar de beber, a pessoa tem que querer, não adianta ninguém obrigar. É a pessoa”, conta.
ATUALMENTE
Alexandre conta orgulhoso: “estou há 21 anos sem colocar um gole de bebida alcoólica na boca”. A luta dele serve de exemplo para outras pessoas. Mais do que contar sua história, Alexandre ajuda outros alcoólatras. Em Ivoti, ele participa do grupo Alcoólicos Anônimos, que se reúne toda a terça-feira na Igreja Católica São Pedro Apóstolo, no pavilhão das pastorais, na sala 3.
Apesar do tempo que está sem beber, Alexandre deixa claro que a luta é diária. “ Fugia da cachaça como o diabo foge da cruz. A gente tem que ser forte. O programa do AA, que pra mim funcionou, é uma das saídas. Toda semana vou na reunião, faço serviço voluntário e isso me mantém sóbrio. Quando tratei o alcoolismo como doença, eu melhorei”,finaliza.
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