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Agricultura familiar busca nos estudos a continuidade do trabalho

30/07/2019 - 20h30min

Atualizada em 01/08/2019 - 09h01min

Ivoti – A produção familiar, passada de pai para filho, não é nenhuma novidade na região da Encosta da Serra. Contudo, em alguns casos, a geração seguinte pode ter outros interesses, e seguir uma vida diferente da prometida no campo. Em outras situações, mesmo em um mundo cercado de tecnologias e as possibilidades que ela traz, a vontade do jovem é de permanecer na lavoura e, indo além dos seus antepassados, agregar o conhecimento junto da sua produção.

Um exemplo disso é a Família Graeff, da localidade de Picada Feijão. Com a produção focada em hortaliças, os quatro trabalham juntos nos 2 hectares de plantação. A filha mais velha, Vanessa Graeff, 26 anos, é formada em biologia. O mais novo, Jonas Graeff, 20, procura cursos especializados e começou recentemente a faculdade de administração. Juntos, eles procuram cada vez mais agregar os conhecimentos no plantio e controle de seus produtos.

Família Graeff trabalha unida na sua produção.(Foto: Rafael Petry).

Juntos e alinhados com as ideias, eles pretendem ter mais controle de gastos e contribuir com pequenos detalhes na forma de produção. Mesmo que seja um processo lento. “Tentamos agregar. Esse processo ainda está no início, porque existem as questões dos hábitos dos nossos pais. Mas existem as ideias de como atuar com ciclos curtos, reaproveitamento de alguns materiais e a rotação de cultura”, ela conta e ainda completa: “Ainda existem coisas como querer tirar todo o inço, o que não é necessário, mas é parte do processo.”

Jonas conta que escolheu administração para cuidar do negócio.“Quero aplicar o aprendizado no trabalho da nossa família. Além disso, sempre gostei da questão de planejamento, gestão e números”, diz Jonas. Quanto família, os Graeff demonstram união, seja no cuidado com o futuro da sua produção, ou nas escolhas e decisões uns dos outros. Vanessa finaliza a conversa “Não podemos negar as nossas raízes.”

Família
O pai, Antônio Graeff, 61, conta que, após trabalhar por quase 15 anos dentro de fábricas, decidiu atuar junto do plantio familiar do sogro, Benno Feiten. “Depois que comecei, nunca mais tive a vontade de voltar. É uma vida diferente. E naquele tempo parecia melhor sair da fábrica e continuar o serviço que já era feito aqui.” Segundo ele, as hortaliças assumiram a frente da produção com o passar do tempo, pois antes, com os Feiten, o foco era em melado e schmier.

Para Jonas, ficar na roça é uma oportunidade. “Aqui eu tenho a oportunidade de continuar o trabalho. Tenho muito mais compromisso, mas o controle de aumentar a produção produzir, agregar valor e poder ter mais lucro acaba sendo tudo nosso” relata. Ele ainda complementa: “Eu gosto do trabalho. Gosto mesmo.”

Entretanto, dona Maria Feiten Graeff, 56 anos, tem uma opinião um pouco diferente. Trabalhando a vida com plantio e cuidando da casa, pensa que os filhos poderiam seguir uma outra vida. “Já fiz muito serviço pesado na roça e, se fosse começar de novo, não voltaria para isso”, opinando sobre a escolha dos filhos em trabalhar na propriedade deles. Seu Antônio, comenta com satisfação a decisão de Jonas e Vanessa. “Eles que escolheram ficar aqui. Porque vou ser contra? Eu também tive a minha escolha. Trabalhamos esses anos todos para depois deixar tudo parado?”

Os 2 hectares de plantação contam com variedades de hortaliças.(Foto: Rafael Petry).

Produção e controle
Segundo dados do Governo Federal, atualmente a agricultura familiar é responsável por produzir cerca de 70% dos alimentos que chegam até as mesas do brasileiro. Na produção da Família Graeff,
verduras como alface, beterraba, cenoura e rúcula são os itens mais plantados e vendidos. Além deles, também aparecem repolho, couve e temperinhos. A venda é realizada de forma mensal, em cerca de 10 comércios da região, feiras, para as escolas municipais, através da Cooperativa de Produtores e Agroindústrias de Ivoti (Proagri) e o excedente é vendido para os vizinhos.

Agora, segundo Vanessa, todo esse ciclo tem um controle de gastos. “Antes tínhamos uma falha bem grande com relação a gestão, não conseguíamos ter um controle de gastos e fluxo de caixa. Coisa que agora conseguimos fazer”, conta. Além disso, neste primeiro semestre, a Família Graeff já atingiu o objetivo do ano: uma nova estufa para o plantio das hortaliças. “A nossa antiga já estava bem velha e até uma parte destruída por causa do vento e da chuva. Com a nova podemos manter a qualidade da produção”, ressalta Jonas.

Formação ao lado da Sicredi
Buscando agregar ainda mais com a produção da sua família, Jonas, que além de fazer administração, também está participando dos encontros do Programa de Sucessão Rural da Sicredi Pioneira. O programa tem o objetivo de apoiar famílias no processo de sucessão nas propriedades e demonstrar que os filhos devem ser inseridos na atividade rural, podendo desempenhar papéis importantes na administração do negócio, indo de encontro com a situação da sua família.

Cenouras e beterrabas estão entre os principais itens plantados.(Foto: Rafael Petry).

 

 

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