Geral
Alexandre Garcia: a justiça e o voto
A 1ª Turma do Supremo tornou réu por corrupção passiva, por cinco a zero, o Senador Aécio Neves. Ele foi presidente da Câmara Federal, governador do segundo estado do país em importância, e candidato à Presidência da República que chegou ao turno final quase empatado com a vencedora. A vencedora perdeu o cargo, condenada pelo Senado por crime de responsabilidade. O presidente anterior a ela está preso, condenado por corrupção, assim como estão presos os todo-poderosos ex-Presidente da Câmara Federal e o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil. Cumprindo pena está outro todo-poderoso no governo e na Câmara, José Dirceu. Também preso e condenado o mais poderoso empreiteiro do país. Cito, entre outros, Lula, Dilma, Eduardo Cunha, Palocci e Marcelo Odebrecht ao receber a notícia de que o ex-presidente do PSDB virou réu. E cito todos esses para louvar a reação de instituições contra o grande mal deste país, que é a corrupção generalizada e institucionalizada. Muitos outros ainda cairão nas malhas da Justiça.
Em ano eleitoral, de escolha de governadores, senadores, deputados e presidente da República, não podemos esquecer que todos os investigados, denunciados, réus e condenados por corrupção que têm ou tiveram mandatos, ganharam os cargos, as imunidades, as prerrogativas, pelo nosso voto. É muito fácil deduzir que devemos evitar na urna esse engano de novo. Triste é lembrar que neste país em que a corrupção desvia dos serviços públicos de saúde, ensino, segurança, faltando para os mais desvalidos, e ainda assim aplaudimos condenados por corrupção. Quer dizer, não percebemos ou não aceitamos o que a Justiça nos mostra, depois de tantas investigações e sentenças adotadas sempre depois do mais amplo direito de defesa.
Observemos os políticos que querem enfraquecer a Polícia Federal, o Ministério Público, os juízes federais. Esses devem ser enxotados o quanto antes pelo nosso voto. Não preciso nomeá-los, porque você pode indentificá-los facilmente. São do tipo que se convence da própria mentira, depois mente convincentemente, apostando que não temos neurônios. E apostando também que estamos todos afetados pelo esquecimento, que não conhecemos a história deles. O problema é que eles podem ter razão. Que somos os tais que desistem, se alienam, e prometem votar em branco ou anular o voto – ou até votar em condenado. Seríamos aqueles que deixam o caminho livre para eles continuarem a obra, cujos resultados aí estão, resumidos em 12 milhões de desempregados.
Nas redes sociais, volta e meia algum seguidor me aconselha a me tornar candidato. Respondo que não tenho altruísmo para isso. Teria que me dedicar aos outros e esquecer minha vida privada e familiar. Fico, pois, à distância sanitária do poder. Mas vejo que os tais nossos representantes só pensam em povo na hora da demagogia, da boca para fora. São egoístas e trabalham para si e para seu grupo(não dá para chamar de partido) – desde que o grupo lhes reserve uma parte do butim. Olhemos para a Petrobras de antes e entenderemos porque usei a palavra butim que significa produto de saque, roubo ou pilhagem.