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Alimentação escolar que garante saúde, dignidade e aprendizado em Herval

23/07/2025 - 06h10min

Através do sensorial, e outras atividades lúdicas, crianças reaprendem a alimentação saudável (Foto :. Arquivo pessoal)

A alimentação vai muito além de saciar a fome

Santa Maria do Herval | A merenda escolar vai muito além de apenas saciar a fome. Em muitos casos, ela é a principal — e às vezes a única — refeição completa e nutritiva de diversas crianças. Embora no Teewald não haja famílias passando por necessidades extremas, muitas, ainda, não conseguem elaborar uma alimentação saudável – seja por falta de tempo, de condições, ou até mesmo de consciência.

Com base em políticas públicas bem estruturadas e ações que envolvem toda a comunidade, o município tem feito da alimentação escolar uma ferramenta de transformação social, pedagógica e de saúde – onde no fim o círculo se fecha: uma criança bem alimentada, é uma criança menos doente, um adulto mais consciente, gerando menos filas na saúde pública. Todos ganham!

Melhor rendimento escolar

Para Kátia Maristela Dilkin, 38 anos, mãe da aluna Aurora Kieling, o impacto vai muito além do prato. “Ao meu ver, a alimentação escolar está diretamente ligada ao direito à educação, à saúde, ao bem-estar e à dignidade das crianças. Uma criança bem alimentada tem melhor rendimento escolar, e a fome no mundo prejudica o desenvolvimento cognitivo e emocional”, afirma.

Kátia fala da importância da alimentação para sua filha, Aurora (Foto:. Arquivo pessoal)

Ela destaca ainda a importância do trabalho das nutricionistas nas escolas, que atuam não só na elaboração dos cardápios, mas também na promoção de hábitos saudáveis junto aos alunos e suas famílias. “É muito legal ver as crianças fazendo o próprio plantio de alimentos usados nas refeições. Elas se sentem importantes ao cuidar e depois consumir algo que ajudaram a cultivar”, comenta Kátia. “Temos famílias que doam cenouras, rabanetes, bergamotas e laranjas para a escola, e os filhos se orgulham disso.

Pilar

Esse vínculo entre a merenda, a agricultura familiar e a valorização da produção local é um dos pilares do programa no município. Para a secretária de Educação, Margarete Capeletti Lechner, “a alimentação saudável na merenda escolar é fundamental para o desenvolvimento físico e cognitivo dos alunos, além de ser uma ferramenta de educação alimentar. As nutricionistas atuam integradas com as merendeiras, pais e estudantes, promovendo cardápios equilibrados, formações e ações de conscientização”.

Secretária Margarete (Foto:. Cleiton Zimer)

A missão de ir na “contramão”

A nutricionista Maria Tereza Menna Barreto, responsável técnica pelo programa no município, ressalta que a atuação da nutricionista vai muito além da elaboração de cardápios: inclui ações educativas, avaliações físicas e articulações com a comunidade.

Nutricionistas Maria e Michele desenvolvem diversas atividades com as profissionais que fazem a alimentação e também com os alunos (FOTO:. Arquivo pessoal)

Ela também chama atenção para um desafio crescente: o distanciamento das crianças da experiência completa de se alimentar. “Hoje, muitas crianças já não têm mais tempo — ou estímulo — para apreciar o sabor dos alimentos. A pressa, o uso constante de telas e a influência de produtos industrializados retiram o foco do momento de comer. A criança se alimenta sem sentir o cheiro, o sabor, a textura, sem mastigar direito, sem notar a saciedade. Perde-se uma parte essencial da experiência humana com o alimento.

É por isso que as ações de Educação Alimentar e Nutricional (EAN) são centrais nas escolas. Por meio de rodas de conversa, análises sensoriais e atividades práticas, busca-se reconectar os alunos com o alimento, seus sentidos e sua importância para o corpo e para a vida. “Quando percebemos que, após essas atividades, os alunos passam a aceitar e até pedir mais frutas, verduras e legumes, sabemos que uma mudança real está acontecendo”, reforça Maria Tereza.

Outro destaque importante é a integração entre setores. O município desenvolve ações conjuntas com o setor da Saúde por meio do Programa Saúde na Escola (PSE). Nutricionistas da Educação e da Saúde atuam de forma articulada, como é o caso de Michele Clement (RT da Saúde) e Maria Tereza Menna Barreto (RT do PNAE). Essa união permite um olhar mais amplo sobre a realidade das crianças e adolescentes, fortalecendo as ações dentro e fora do ambiente escolar.

Além disso, uma nota técnica publicada pelo FNDE em fevereiro de 2025 determina que 80% dos recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) sejam usados na compra de alimentos in natura (frutas, verduras e legumes), 15% em alimentos processados e apenas 5% em ingredientes culinários como sal, açúcar e óleo. Para garantir a qualidade, as prefeituras precisam complementar os valores repassados pelo governo federal.

 

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