Geral
Amor além de gerações: duas histórias de encontros inesquecíveis no Dia dos Namorados
Região – O poder do amor transcende as barreiras do tempo e espaço, unindo corações de maneiras surpreendentes. Em um mundo onde as conexões se multiplicam, duas histórias de encontros amorosos revelam a magia de encontrar a alma gêmea em circunstâncias diferentes.
De um lado, um casal de idosos de Linha Nova que dançou ao som do destino há mais de 50 anos, quando se encontraram em um baile inesquecível. Do outro, um casal formado por uma ivotiense e um jovem do Ceará, que se conectou virtualmente, unindo-se através de um jogo online.
AMOR QUE DURA MEIO SÉCULO
Nelso e Helena Utzig moravam em propriedades vizinhas quando eram mais novos: ele na Picada Café e ela no Canto Scheibig, Linha Nova. Segundo o homem, seus pais, Nelson e Wilma Utzig, eram naturais de Picada Café. O seu bisavô, Peter, veio da Alemanha para São Leopoldo, até se mudar mais tarde para a atual localidade de Joaneta. Por sua vez, os pais de Helena, Erni Loesch e Geni Fenner Loesch, eram de Canto Scheibig.
Embora já se conhecessem, os dois perderam o contato ao longo dos anos. Seguiram assim, até que aconteceu o marcante fato que deu início ao relacionamento. Há 53 anos, em baile de Kerb no Salão Bier, os dois voltaram a se ver e passaram a se reencontrar com frequência. Depois namoraram, noivaram e casaram, em 10 de outubro de 1970.
Mesmo tendo passado tanto tempo, os dois ainda recordam, como se fosse hoje, o início do namoro. “Eu vi aquela moça e ela sorriu pra mim, a gente dançou e passou a se gostar, tanto que estamos juntos até hoje. Às vezes xingamos um ao outro, mas isso logo passa, faz parte”, explica o produtor, que começou com a criação de perus, e hoje tem a criação de frangos na localidade de Canto Scheibig.
“Eu já conhecia ele (Nelso) antes, mas quando a antiga namorada dele foi embora, passou um tempo e nós fomos nesse baile. Depois começamos a namorar, mas demorou até a gente ficar junto”, explica Helena.
O casal faz parte do Grupo da Terceira idade Veilchenbeet há 22 anos, integrando a diretoria há 12. Nelso é o atual presidente e o grupo participa de bailes em outros municípios, além de realizar eventos locais.
Fruto do amor que já dura meio século, nasceram três filhos: Edson, Mara Nienov e Vera Kiekov. Ao todo, o casal tem 10 netos. “A primeira vez que a gente se encontrou foi num baile, acho que era um kerb, no Salão Bier, então dançamos e nos encontramos depois novamente. Uma vez a cavalo para subir o morro, mas agente ia em grupos de amigos”, relata o morador.
Perguntados sobre uma mensagem que gostariam de deixar como exemplo para os mais jovens, eles destacam que o respeito mútuo, a tolerância e o diálogo são fundamentais para um casamento que dure para toda a vida. “Tem que se respeitar e conversar, para resolver as coisas em comum acordo”, conclui o casal, que já antecipa os preparativos para comemorar meio século de união.
MAIS DE 3,6 MIL QUILÔMETROS UNIDOS POR UM JOGO
Enquanto Nelso e Helena completam 53 anos de uma relação iniciada de forma extremamente tradicional para a região, como vizinhos que se reencontram e ficaram juntos em um baile, o namoro de uma jovem ivotiense e um adolescente do Ceará demonstra os novos tempos e formação de uma improvável união.
Separados pelos de 3,6 mil quilômetros de distância entre Juazeiro do Norte (CE) e Ivoti, Davi Rodrigues, 19 anos, e Nicole Koch Kunrath, 21 anos, dificilmente teriam se conhecido, não fosse pela capacidade da internet de aproximar as pessoas.
Davi conta que, junto de um amigo, gravou um vídeo e publicou no TikTok, na busca de uma companhia para formar dupla no jogo de celular ‘Free Fire’. “Gravamos e o vídeo viralizou. A Nicole comentou e começamos a conversar. Formamos uma dupla e viramos amigos. Por cerca de três meses ficamos apenas na amizade, mas eu comecei a gostar muito dela e pedi ela em namoro” relembra.
Depois de sete meses de webnamoro – à distância, pelo celular -, veio de Nicole o convite para que Davi viesse ao Rio Grande do Sul. “Eu falei ‘tá, vou ir’. Conversei com minha mãe e ela, no início, não deixava. A família da Nicole também achava uma loucura”, conta Davi.
A mudança para Ivoti foi possível graças a uma coincidência. “Eu tinha uma amiga que o namorado dela trabalha de caminhoneiro e, por coincidência, sempre ia pra uma cidade do lado da que o Davi morava. Em uma dessas viagens que ele fez, a gente combinou do Davi ir para a cidade vizinha (Brejo Santo) e ele acabou vindo junto de caminhão”, relata Nicole. Foram sete dias de viagens repletas de desafios e adversidades, até que, na madrugada de 31 de março de 2021, os dois finalmente puderam se conhecer pessoalmente.
Apesar da mudança, outra circunstância acabou afastando novamente o casal. Ao se alistar no exército para receber o certificado de reservista, Davi acabou chamado e, há três meses, está servindo no quartel de Santa Maria.
Desde então, os dois passaram a poder se reencontrar poucas vezes, mas garantem que o amor segue cada vez mais forte. “Agora, ficar distante é mais difícil que antes, porque antes não tenhamos nos visto e não tinha o convívio juntos. Ficamos sete meses até se ver pela primeira vez, mas agora já estávamos morando juntos”, comenta Nicole.
No último final de semana, Davi e Nicole passaram juntos, às vésperas do Dia dos Namorados. No sábado, ele embarcou para Santa Maria, onde estará nesta segunda-feira. Apesar da distância, os dois comemoram a data, juntos, pela segunda vez.