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Aposentados utilizam a agricultura como complemento da renda

31/07/2019 - 12h32min

Herval – Morando no interior da localidade de Padre Eterno Baixo, os irmãos Maria Selita Backes de 68 anos e Erico Backes de 66 anos, são aposentados e levam uma vida simples e tranquila, mas, ao mesmo tempo, cheia de obrigações com o dia a dia da roça, com o trato com os animais e com os demais afazeres diários do interior. Afinal, por mais que estejam aposentados, a renda mensal do benefício não é o bastante para suprir todas as despesas dos dois, que moram na antiga casa dos pais.

Maria que ainda cultiva suas hortinhas conta que, antigamente, era possível viver somente da renda da agricultura. “Quando eramos mais jovens, quase todos da família trabalhavam na roça, inclusive as crianças, então produzíamos muito e podíamos vender quase tudo, pois eramos entre nove irmãos e mais os pais. Assim, conseguíamos nos manter somente com a agricultura, pois o que não vendíamos era usado para consumo próprio ou guardado para o ano seguinte, e o que faltava a gente comprava, mas comprávamos pouco, pois quase tudo era produzido”, disse.

Erico e Maria são irmãos. Mesmo aposentados, ainda trabalham na roça. (FOTO: Cleiton Zimer)

De tudo

Ela conta que plantavam desde batatas, arroz, feijão, milho, verduras, frutas, fumo e muito mais. Além disso, criavam animais que ajudavam na lida da roça. “Na época, nós tínhamos vacas leiteiras, que produziam muito e isso nos ajudava consideravelmente”, comenta, dizendo que boa parte do dinheiro que conseguiam arrecadar era usado com médicos, principalmente com sua mãe. “A mãe sempre tinha pés e mãos machucadas, então para conseguir pagar um médico e medicamentos usávamos dinheiro da roça”, disse.

Dificuldades

Maria conta que hoje não tem mais como viver somente da roça. “Hoje nós precisamos da roça para viver, mas não conseguimos viver somente dela. Antigamente podíamos vender tudo e hoje, se plantarmos para vender, vamos ter prejuízo, pois está tudo muito caro para o pequeno produtor. Se formos comprar sementes e adubo para produzir em uma quantidade maior, por exemplo, não vamos ter condições. Esse ano, plantei um saco de milho, mas não sei se vou tirar tudo o que investi”, comenta.

Ela ressalta que apesar da dificuldade, a renda adquirida através da agricultura familiar é fundamental para conseguir se manter. “Da mesma forma como não conseguimos viver somente da roça, não é possível viver somente da aposentadoria. E é por isso que trabalhamos na roça, pois as rendas se complementam e, também, porque gostamos de trabalhar. E vamos trabalhar até nossas forças acabarem”, comenta Maria.

Com 68 anos, Maria ainda cultiva sua horta. (FOTO: Cleiton Zimer)

Recomeço

Tanto Maria como Erico já foram casados, e cada qual teve filhos e netos, mas hoje os dois moram sozinhos, na antiga casa da família, na qual todos os irmãos nasceram e cresceram. Diferentemente de irmã, Erico trabalhou na roça por um tempo e, mais tarde, se tornou empresário. “Já fui sócio da Calçados Centenário de Campo Bom, mas a vida me reservou algumas surpresas e acabei voltando para o lugar de onde vim”, comenta Erico, que hoje trabalha na roça junto com a irmã. “Na vida as coisas nem sempre são fáceis. Eu tinha uma vida muito boa, e quando tive que voltar pra cá precisei de muita força para recomeçar e fé para continuar. Mas tudo deu certo”, disse.

Antiga casa da família, na qual os irmãos ainda vivem (FOTO: Cleiton Zimer)

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