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Avô é condenado a 45 anos de prisão por abusar de seis netas em Nova Petrópolis
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Ele tocava nas partes íntimas das crianças e comprava o silêncio com balas e dinheiro
Nova Petrópolis – Um homem de 71 anos foi condenado pela Justiça de Nova Petrópolis a 45 anos de prisão por abusar sexualmente de pelo menos seis de suas netas, todas menores de idade. Na sentença emitida no dia 24, o juiz Dr. Franklin de Oliveira Netto diz que “em razão do réu ter praticado o crime prevalecendo-se da autoridade exercida sobre as vítimas como ascendente (avô)”, a pena aumentou de 10 anos iniciais para quinze, número que triplicou por causa da continuidade dos atos e o incontável número de abusos cometidos contra cada uma das seis vítimas. O acusado já estava preso preventivamente e retornou ao cárcere privado, de onde poderá aguardar um eventual recurso.
DIÁRIO DE VÍTIMA REVELA OS CRIMES – Foi através da mais jovem vítima que os abusos vieram à tona. A menina ganhou da mãe um presente à sua escolha e a pequena, com então oito anos, escolheu um caderno e uma caneta. Ela fez um diário onde começou a escrever seus traumas e medos. Além de relatar que o avô mexia com ela e em suas partes íntimas, a menina demonstrou muita preocupação com sua prima, mais jovem ainda.
Em um dia de aula, a garota perdeu seu diário na escola e uma professora encontrou. Preocupando-se com o conteúdo suicida e os relatos de abuso no material, ela levou à direção e logo o assunto estava com as conselheiras tutelares, que visitavam a escola para falar da lei da escuta protegida. Logo chegou às conselheiras o caderno com os relatos, dando início à investigação que prendeu o acusado.
DOCES PELO SILÊNCIO
O acusado tinha um modus operandi bem definido, assim como o perfil das vítimas: todas crianças entre cinco e 12 anos. Uma das vítimas chegou a revelar que os abusos pararam depois que ela teve sua primeira menstruação.
O acusado começava a intimidar com o olhar malicioso, fazia comentários maldosos sobre os seios das vítimas e, conforme elas, sempre que tinha oportunidade passava a mão por cima da roupa na maioria das vezes, mas chegando a tocar com os dedos a calcinha e as partes íntimas das crianças. Como uma forma de suborno, ele oferecia doces e dinheiro para as meninas e pedia para não contar para a avó. Em uma das situações, uma das crianças teria dito que “não queria” que o avô tocasse nela e, com sua autoridade, ele retrucou dizendo que “ela não tinha que querer”.
Uma das netas chegou a dizer que todas as tias (filhas do avô) teriam passado pelo mesmo e que por isso as primas estavam unidas para acabar com os abusos. Na sentença, o Juiz diz que “notaram uma coisa dos filhos protegendo o pai (acusado)” e que as meninas não inventaram. O avô era uma pessoa perigosa. “A dor delas era bem real e pessoal de cada uma”, diz o documento. A esposa do acusado, avó das vítimas, é vista com suspeita de conivência e diz que o marido é um homem honesto e trabalhador, alegando desconhecer sobre os abusos que ocorriam na maioria das vezes em sua própria casa.
Os abusos começaram em 2005 e eram mais violentos
Apesar de cinco das crianças terem sido abusadas praticamente no mesmo período, de 2016 a 2022 com maior intensidade nos dois últimos anos, uma das suas primeiras vítimas foi em 2005, quando a criança tinha apenas quatro anos de idade. O relato da neta só aconteceu após surgirem os novos abusos e a prima se sentir da obrigação de contar que já havia passado por aquilo por longos nove anos.
Ela contou à polícia que o avô chegava sempre em momentos que ela estava sozinha, invadindo a casa e chegando até a pular a janela. Ela contou ainda que ele era muito agressivo, chegando a prendê-la contra a parede ou dentro do quarto. O maior pensamento dela quando resolveu denunciar o avô e ficar do lado das primas, foi tentar evitar um trauma nas pequenas que ela mesmo carrega hoje por causa dos abusos sofridos há quase duas décadas.