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Casal traz permacultura da Grécia para Nova Petrópolis
Após viver experiência na Europa, eles decidiram deixar a cidade grande e viver no interior da serra
Diário Rural
POR: GIAN WAGNER – [email protected]
Abandonar a cidade e recomeçar a vida no campo é o sonho de muitas pessoas. Alguns por preferir estar próximo à natureza, outros simplesmente por ter cansado de tanta correria. Foi essa segunda opção que trouxe os porto-alegrenses Rodrigo Pelicoli Proença, 36 anos, e Bianca Alvares Fleck Selle, 33, para a região. O casal, ele engenheiro e ela advogada e cozinheira, cansou da vida agitada em Porto Alegre e decidiu que recomeçaria do zero aplicando o novo estilo de vida aprendido em uma viagem à Europa. “Tivemos uma experiência muito transformadora que foi em um voluntariado que a gente fez no interior da Grécia em 2019. Queríamos uma viagem com um pouco mais de significado, não apenas ir a locais turísticos. Eu já tinha lido na internet sobre permacultura, me interessei. Vi também sobre voluntariado e achei interessante. Aí a gente se cadastrou na plataforma de voluntariado”, contou Rodrigo.
O casal viajou para a Europa em uma viagem de voluntariado. Rodrigo ficou um mês no interior da Grécia. Já Bianca ficou três meses. “A gente viu um estilo de vida que a gente se apaixonou. Voltamos determinados a mudar a nossa vida completamente”, conta. Vivendo na permacultura, eles estão se adaptando a nova realidade. “Nós somos da cidade, estamos aprendendo a viver aqui. Tem sido uma sala de aula muito grande”, conta Rodrigo. O casal vive hoje em Linha Pirajá, onde recebem visitantes e estão, desde novembro de 2020, trabalhando para melhorar o espaço e adaptá-lo cada vez mais ao novo estilo de vida.
A PERMACULTURA – Também conhecida como ‘Cultura Permanente’, ela é, resumidamente, uma forma de viver em harmonia com a natureza. “É difícil explicar em uma só frase porque é bem complexo. É basicamente um sistema de design, de desenho de lugares sustentáveis”, conta Rodrigo. “O conceito da permacultura é como desenhar esse sistema de uma forma que uma coisa complemente a outra, que use as ‘entradas’ e as ‘saídas’. Tudo tem entrada e saída. Por exemplo, a água do sistema do tanque de peixes vai servir como irrigação da horta. A horta serve de alimento para as galinhas”, explica. “A gente usa a natureza a nosso favor e um sistema complementa o outro. A ideia é usar a natureza com ela, e não contra ela como acontece na agricultura comum”.
Acostumada com os escritórios e gabinetes da Câmara de Vereadores da Capital, onde foi assessora parlamentar por quatro anos, Bianca conta que aprendeu muito sobre plantações com livros. “Foi tudo [aprendido] em livros, e tentando mesmo”, revela. “Tem muita coisa que aprende pela internet, tem coisas que dão certo, outras não. Mas a gente vai assim, no erro e no acerto aprendendo”, conta Rodrigo.
A vizinhança também foi muito favorável aos novos moradores, que deram dicas e ajudaram o casal. “A ajuda dos vizinhos foi muito importante. Temos uma rede de vizinhança muito boa, sempre disposta a ajudar e dividir o conhecimento com a gente”, conta Bianca. Rodrigo também ficou satisfeito com a recepção em Nova Petrópolis. “É impressionante a diferença que existe do interior para capital. Nós fomos muito bem acolhidos”
“A base da permacultura é a observação da natureza. Nossa sala de aula é observar, ir lá no meio da mata virgem e ver como funciona”, Rodrigo Pelicoli
Seliana
O nome do sítio foi dado em homenagem a cidade grega que recebeu o casal e mudou a vida dos dois: Seliana. Já faz quatro meses que o casal está recebendo voluntários, no mesmo estilo experimentado na Europa. Já passaram por ali um alemão e uma inglesa, além de dois brasileiros vindos do Nordeste, um do Maranhão e outro da Paraíba. Rodrigo conta que o voluntário da Paraíba chegou no Sul com a expectativa de sentir frio pela primeira vez na vida. “Ele nunca tinha sentido frio. Chega a ser estranho, pois é algo tão comum para nós e para ele, que mora no mesmo país, é uma experiência muito fora do comum”, conta Rodrigo.
Para os próximos meses, duas francesas devem desembarcar e viver uma experiência de vida no interior de Nova Petrópolis. “Nós compartilhamos do pouco conhecimento que a gente tem, nosso dia a dia e compartilha o lugar”, conta Rodrigo.
VOLUNTARIADO – Os voluntários têm lugar para dormir e recebem alimentação. Eles contribuem com trabalho, ajudando o casal cinco horas por dia. “Depois disso eles estão livres para a cachoeira, trilha, passear, ir ao centro”, conta Rodrigo. “Exatamente a mesma experiência que a gente teve na Grécia a gente está devolvendo aqui”.
Uma cabana está sendo construída para receber os voluntários e outras estão no planejamento. Para o futuro, eles projetam também ter cabanas para que as pessoas possam se hospedar através de plataformas como o AirBnb. “Queremos proporcionar dias no campo e disseminar ainda mais essa ideia da permacultura”, revela Rodrigo.