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CASO GARÇOM: o que foi concluído com a condenação da dupla autora do assassinato na Joaneta
Sobrinho e comparsa foram condenados a mais de três décadas de prisão cada pela morte brutal, ocultação de cadáver e atividades ligadas ao tráfico de drogas e facção criminosa em Picada Café
Por: Gian Wagner – gian@odiario.net
Picada Café – O caso do garçom de Picada Café, que primeiramente foi dado como desaparecido até que a investigação policial levasse aos que os algozes de Alexandro Grott, na época do crime com 32 anos. A vítima foi morta de forma covarde, sem dar direito a defesa, sendo atingido pelas costas sem perceber que o autor do disparo era o próprio sobrinho, Mateus de Lima, na época com 19 anos.
Além de matar o tio, com quem dividia a moradia na Joaneta, Mateus e um comparsa desfiguraram o corpo na tentativa de destruí-lo. Não satisfeitos, o corpo foi incinerado e descartado em um rio próximo a moradia.
O crime chocou a pequena comunidade de Joaneta, bairro ao interior de Picada Café, município com menos de quatro mil habitantes. O crime e as medidas usadas para tentar descartar as provas dificultaram o trabalho policial mas, com a obtenção de provas, o Ministério Público processou os dois e conseguiu a condenação na noite de quinta-feira, 28, em júri popular em Nova Petrópolis. Mateus foi condenado a mais de 37 anos de prisão. O comparsa “Paulista” (24) foi condenado a mais de 31 anos de prisão.
Confira o que o inquérito apurou sobre como ocorreu o crime na Joaneta entre os dias 1º e 2 de julho de 2018:
Um crime premeditado
Um dos agravantes foi que o crime foi premeditado por Mateus que, conforme a denúncia do Ministério Público que embasou a decisão final, queria usar a casa para o tráfico de drogas. Mateus e Geovanne teriam ido no dia 1º até a casa de Alexandro. Paulista ficou em um ponto, segundo ele mesmo, cuidando para ver se a polícia não passava, enquanto Mateus iria até a casa do tio.
Chegando na casa, Mateus subiu no telhado e chutou a janela, o que fez com que Alexandro abrisse a abertura e, ao não ver ninguém, colocou a cabeça para fora. Em depoimento, Mateus teria dito que neste momento foi que ele atirou na nuca do tio e entrou pela janela. Ele puxou o corpo para dentro de casa e, ao ver que Alexandro ainda estava vivo, decapitou a vítima com uma faca de cozinha e fugiu do local, indo dormir na casa da então namorada, na mesma localidade.
“SEM CORPO, SEM PROVA”
Mateus alega que, como nos filmes, o pensamento ao esconder o corpo de Alexandro foi “sem corpo, sem provas”. Para isso, ele cortou o corpo do tio com uma faca e colocou em um tonel, que foi incinerado. O vídeo da queima foi gravado por Geovanne, que cita por diversas vezes a facção Os Manos, chama a vítima de “cagueta” (aquele que entrega, delator), e zomba: “queria ter o número do sargento”, diz em um momento do vídeo, insinuando que a causa da morte também seria por Alexandro estar atrapalhando o tráfico e com uma possível intenção de denunciar a dupla à Brigada Militar.
O corpo foi incinerado uma vez, mas não consumiu com os restos mortais. Mateus teria comprado mais gasolina para uma segunda incineração, que desta vez, com a ajuda de uma pá, o corpo foi totalmente destruído, queimado e, partes dadas para os cachorros comer e parte despejada em um arroio próximo a casa, na Joaneta. No vídeo gravado por Paulista, é possível ouvir um dos acusados narrando: “Isso aqui vai parar dentro do rio. Já era. Corpinho desfiguradinho e a faquinha do crime”.
OPERAÇÃO
Dias após o desaparecimento de Alexandro, quando o caso era tratado apenas assim, a Polícia fez diligência até a casa e, quando chegou lá, Mateus e Geovanne estavam na casa. Ao perceber a chegada dos policiais, eles fugiram. No local, a polícia encontrou documentos de Geovanne, a arma do crime, algumas evidências que após analisadas mostraram conter DNA da vítima e mais de um quilo de drogas e uma balança de precisão. As apreensões ajudaram a elucidar o que havia ocorrido na casa e direcionar as suspeitas ao sobrinho que passou quase dois meses fugindo. Ele foi preso em flagrante em Caxias do Sul, armado e traficando. Já Geovanne, que foi preso primeiro, foi pego e São Lourenço do Sul, em uma casa usada para o tráfico. Nessa mesma cidade, Mateus é acusado de matar outro traficante, desafeto da facção.