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Cineasta de Picada Café inicia contagem regressiva para o Alasca
Picada Café – Cerca de 100 dias. Este é o tempo que falta para o início da viagem de Rodrigo Castelhano, cineasta, e De Niro, um fusca 1974, até o Alasca. A ideia é sair entre 20 e 25 de novembro para o Ushuaia, na Argentina. A cidade é conhecida como “o fim do mundo” por ser o local mais ao Sul do Planeta em que se pode chegar por terra.
A viagem será em duas partes. A primeira é justamente até o Ushuaia, descendo pelo Rio Grande do Sul e Uruguai. Depois volta pelo Chile e retorna para Picada Café, onde passará o Natal e o Ano Novo. No Brasil, ele retoma suas produções e, no início de abril, vai para a segunda parte que é ir até o Alasca. Desta vez, subirá até Guarapuava, sua cidade natal no Paraná, e então entra no Paraguai através de Foz do Iguaçu e subirá o continente.
Preparativos
A ideia surgiu em 2015, quando Castelhano foi morar em Picada Café para produzir o filme Pura Ficção, gravado também em Nova Petrópolis. Ele e sua namorada, Joice, são apaixonados por fuscas e comparam um modelo 1976, vermelho, que foi chamado de Forrest. “Todos os meus carros tiveram um nome, o último foi em referência ao Forrest Gump, um filme que gosto muito. O personagem do Tom Hanks tem algumas limitações, mas tem uma imaginação e determinação incrível. Era um limitado, mas que ia longe, assim como o Fusca”, conta ele.
Com o Forrest, planejavam ir até o Peru e nele viajaram metade do Brasil. O veículo estava sendo preparado para a viagem ao Alasca, mas acabou sendo furtado. Nessa altura, Castelhano já tinha gasto cerca de R$ 30 mil no carro. Aliás, quando o cineasta fala em “todos os meus carros”, não é por ter vários, mas porque já teve sete fuscas furtados. Inclusive, um deles por duas vezes e no mesmo local. Esta história poderia ser um filme da Sessão da Tarde com um nome ao estilo “Ei cara, cadê meu Fusca?”, mas infelizmente é real.
A vez do De Niro
Pura Ficção foi mais extenso do que se esperava e logo Forrest foi levado. Veio a Covid-19 e o tempo parado o fez pensar, até que decidiu que, se a pandemia fosse superada, a viagem de Fusca do “Fim do Mundo” ao Alasca aconteceria. Em 2020, comprou o carro atual e o batizou de De Niro, em homenagem ao ator Robert De Niro, que coincidentemente completa 79 anos justamente hoje, 17 de agosto. “Quando comprei o De Niro, pensei em nomes relacionados ao cinema e ao filme O Poderoso Chefão. Eu estava com um amigo que sugeriu De Niro. Sou muito fã, acho um dos maiores atores que existem e tem um papel muito marcante n’O Poderoso Chefão”, explica.
Inspiração em Jesse e Shurastey
Jesse Koz, um paranaense que vivia em Balneário Camboriú, e seu Golden Retriever chamado Shurastey, tinham o mesmo desejo de dirigir em um Fusca até o Alasca. A jornada dos companheiros era acompanhada por milhares de pessoas através do Instagram. No entanto, no dia 23 de maio deste ano, um acidente com o Fusca em que viajavam tirou a vida dos amigos. Jesse tinha 29 anos e Shurastey 9. Embora a ideia de Castelhano tenha surgido antes de conhecer a dupla, os dois foram fontes de inspiração.
“Vi a página do Jesse e do Shurastey e achei muito inspirador. Eles estavam sem muito preparo e planejamento, mas com muita paixão de chegar no Alasca. Falar deles é bem complicado porque foi muito triste o que aconteceu”, conta o cineasta. Ambos chegaram a trocar mensagens e, quando Castelhano chegar ao Alasca, pretende dedicar o feito aos dois. “Eles me inspiraram a não deixar nada pra amanhã, sem desculpas. Além dos conteúdos diários, farei um documentário no final e citar os dois porque eles mudaram e deram coragem à vida de muitas pessoas”, acrescenta.
Rota cervejeira
Castelhano unirá sua paixão pelo cinema à paixão por cervejas. Pelos continentes viajará conhecendo o maior número de cervejarias possíveis. Para isso, criou o projeto Expedição Malte (@expedicaomalte), que já conta com mais de 5 mil seguidores. “Adaptei meu projeto para que eu pudesse sobreviver financeiramente, a pandemia acabou com todas as economias. Quero mostrar um pouco desse universo cervejeiro do Novo mundo, e unir a viagem em uma ótica cinematográfica”, diz.
Além disso, ele fará um roteiro de mecânica preventiva para a cada 6 ou 7 mil quilômetros trocar peças para evitar problemas. “O Fusca recebeu rodas e pneus novos. Estou mexendo na parte interna para ter mais espaço. Antes ele tinha roda 14, agora são 15 para se adaptar aos terrenos”.
Patrocínios
Somete para atravessar com o carro pelo Canal do Panamá, o custo fica entre 15 e 20 mil reais. Por isso, ele busca patrocinadores que possam lhe auxiliar nesse projeto e, em setembro, abrirá uma vaquinha virtual. “Estou com patrocinadores, uns fechados, outros negociando, mas ainda aberto a novos. Tenho um plano de mídia muito interessante, com várias contrapartidas”, afirma.
Trabalho atual
No momento, o diretor está filmando uma série chamada Taking Back, em Balneário Camboriú, com temática dos anos 80. O projeto conta mais uma vez com Dedé Santana, que interpretará um mafioso ao estilo Poderoso Chefão, e sua filha, Yasminn Santana. A série faz parte do projeto cultural Partiu Santa, produzido pela Nucleoset (produtora de Castelhano) por Mia Maia e Vanessa Garcia, e roteiro de Ayrton Batista. Taking Back será lançada em março, pela Record SC em quatro episódios, e depois relançada como filme em uma versão maior.