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“Coloquei pedras para proteger minha casa”: morador reforça segurança por conta própria na Curva da Morte

04/08/2025 - 05h25min

No acidente de sexta-feira, as pedras colocadas impediram que o caminhão colidisse contra a residência (FOTO: Bruno Wingert)

Por Bruno Wingert / Cleiton Zimer

Na trecho conhecida como Curva da Morte, em Santa Maria do Herval, o medo virou rotina. Gilberto Closs, morador que fica em frente à via localizada na VRS-873, conhece bem o risco. Tanto que decidiu agir por conta própria: empilhou pedras diante da residência como uma forma de contenção. E foi essa decisão que, na última sexta-feira (1º), pode ter evitado uma tragédia ainda maior.

VEJA VÍDEO DO ACIDENTE:

 

Coloquei as pedras para não atingirem minha casa, é uma segurança para mim”, contou ele, após ver o caminhão da empresa Tirol sair da pista, invadir o pátio e por pouco não atingir sua casa. As pedras serviram como barreira e desviaram o veículo, cuja cabine ficou completamente destruída.

Vítima ficou presa às ferragens.

O acidente aconteceu por volta das 9h30 da manhã e deixou o motorista – um jovem de 25 anos, natural de Canoas – preso às ferragens. O caminhão, carregado com produtos derivados de leite, descia a serra quando perdeu o controle. O impacto foi tão forte que a carga tombou sobre a cabine.

O resgate mobilizou equipes do Corpo de Bombeiros de Dois Irmãos e do Ambulatório 12 de Maio. Uma empilhadeira da empresa Kunst, que fica ao lado, foi usada para aliviar o peso sobre o motorista. Segundo o sargento Marcos Júnior, comandante da Brigada Militar local, a atuação da empilhadeira foi decisiva, o que também foi confirmado pelo médico Dr. Mauro, responsável pelo primeiro atendimento. Após o resgate, o motorista foi levado ao Hospital Nossa Senhora das Graças, em Canoas, com fraturas, mas em estado estável.

O trecho foi totalmente isolado durante a operação. A imagem da cabine esmagada e da carga espalhada pelo pátio reforça o que a comunidade já sabe: trata-se de um ponto crítico da estrada. “Desde a época que era estrada de chão, eu já contei uns 30 acidentes. Acredito que algo precise ser feito neste local, pois é uma curva muito perigosa e já ocorreram vários acidentes”, desabafa Gilberto.

Prefeitura cobra melhorias, mas reconhece limites

Diante da conclusão da obra da ERS-373 – que vem logo após e que liga Santa Maria do Herval a Gramado -, a preocupação aumenta.

A situação é acompanhada de perto pela Prefeitura. O prefeito Gilnei Capeletti (MDB) relata que as reivindicações já foram levadas ao Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), em conjunto com o secretário de Transportes. “Estávamos com o secretário de Transportes, junto com o diretor do Daer, mas a gente sabe que dali é mais um pedido depois de tantos. Foi deixado um dossiê de todos os acidentes que aconteceram lá, inclusive com vítimas”, disse.

No entanto, a resposta do Estado foi desanimadora. “Eles disseram que se forem fazer área de escape e caixa de brita em todos os morros e descidas que tem no Estado, não têm como fazer agora. O foco, neste momento, é terminar a VRS”, explicou Capeletti.

Apesar disso, o município conseguiu autorização para reforçar a sinalização no trecho. “Cobramos a sinalização, e pedimos para autorizar a colocação de algumas placas. Eles autorizaram e estamos vendo para fazer uma sinalização maior”, garantiu.

99% é imprudência

Ainda assim, o prefeito reconhece que o maior problema é humano. “O grande problema, 99% dos casos, é a imprudência dos motoristas. Isso não tem como controlar. É sempre o risco, porque sempre estoura no mesmo lugar. E não tem muita saída. Se tivesse uma solução fácil de fazer, já teria sido feita. Mas o problema é: se descer os morros sem freio, pode ter muro, placa, redutor… estoura ali na curva”, resumiu.

 

 

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