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Credores definirão o futuro do Frigorífico Boa Vista em agosto

01/08/2019 - 15h42min

Santa Maria do Herval – Em recuperação judicial há cerca de dois anos, o futuro do Frigorífico Boa Vista, de Santa Maria do Herval, vai ser decidido em assembleia com os credores no dia 21 de agosto e, dependendo do quórum da primeira convocação, terá uma segunda convocação para o dia 28. A empresa, que tem 66 anos de história, está com um novo administrador, Cristiano de Bem Cardoso, que comprou o frigorífico já em recuperação judicial há um ano e meio.

Na assembleia, convocada pela administração judicial devido ao não pagamento das parcelas do plano de recuperação judicial desde maio desse ano, serão discutidos quatro pontos na ordem do dia. A primeira será quanto aos imóveis ofertados pelo sócio da empresa, Cristiano de Bem Cardoso, para a quitação integral da dívida. O segundo ponto será a apuração dos fatos relatados pela Administração Judicial e a votação dos credores sobre a destituição ou não do sócio Cristiano de Bem Cardoso. O terceiro ponto será a indicação pelos credores de um gestor judicial para tocar as atividades da empresa. E o quarto ponto será deliberado pela assembleia sobre a convolação em falência, ou seja, a transformação da recuperação judicial em falência.

Judiciário nomeou cogestor

No último dia 23 de julho, a justiça determinou uma intervenção intermediária através da nomeação de um cogestor, que vai fazer parte dos processos de tomadas de decisões junto com o proprietário da empresa até a assembleia com os credores. O escritório Von Saltiél Advocacia & Consultoria Empresarial, sob responsabilidade do sócio Augusto von Saltiél, foi nomeado pela juíza do caso e, desde segunda-feira, dia 29, ele, acompanhado de uma equipe do seu escritório, está fazendo parte do dia a dia do frigorífico, no qual semanalmente enviarão um relatório para a justiça, externando as atividades e a realidade da empresa.

Na sexta-feira, dia 26, tivemos a primeira reunião com o Cristiano Cardoso, o advogado da empresa Daniel Magalhães e os diretores de cada departamento para tratar sobre os procedimentos que seriam adotados. Falamos sobre a necessidade de apresentação de documentos, revisões de contratos, controle de pagamentos que devem ser autorizados pelo nosso escritório antes de serem firmados pelo Cristiano. A cogestão é uma gestão compartilhada, como o próprio nome já diz. Desta forma, incumbe a cogestão o controle e autorização dos atos administrativos realizados pelo sócio administrador do Frigorífico Boa vista. Cabe frisar que o acesso aos documentos e o controle dos atos administrativos da recuperanda começou efetivamente nessa segunda-feira, dia 29”, disse Augusto.

 Decisivo

Augusto comenta ainda que a assembleia com os credores será decisiva para o Frigorífico. “Serão deliberadas em assembleia de credores quatro ordens do dia. A primeira quanto aos imóveis ofertados pelo Cristiano Cardoso para a quitação integral do plano de recuperação judicial, a qual será aprovada ou rejeitada pelos credores; posteriormente, a apuração dos fatos apontados pela Administração Judicial e a possibilidade de destituição do administrador da empresa; em seguida, a votação pelos credores sobre a indicação de um gestor judicial para administrar as atividades da empresa; por fim, a deliberação sobre a convolação da recuperação judicial em falência”, disse.

Dificuldades

De acordo com Augusto, é prematuro passar um panorama geral sobre o Frigorífico Boa Vista, tendo em vista que as atividades da cogestão iniciaram, efetivamente, no último dia 29 de julho, mas destaca que a empresa apresenta dificuldades. “Há, sim, necessidade de aportes externos para o giro da atividade empresarial, para a produção e para a compra de gado. A empresa não dispõe de recursos próprios à circulação da empresa. Pelo fato de estar em recuperação judicial causa um certo receio aos credores e fornecedores em negociar com o frigorífico. Todavia, a empresa acredita que com a possível quitação da recuperação judicial poderá trazer mais crédito e facilidades para negociar futuros contratos e compras”, comenta Augusto.

Otimismo

De acordo com o advogado da empresa, Daniel Magalhães, a empresa está muito otimista. “Hoje posso dizer que estamos abençoados. Pois no final de toda essa questão, tudo deu certo. Tudo o que a gente queria lá atrás e que agora a gente tem, é que essa proposta de quitação com imóveis fosse ouvida. Então a gente tem isso, já com data programada, onde a gente no mínimo vai conseguir que ouçam a proposta, sobre a qual os credores são soberanos”, comentou.

O advogado ainda ressalta que a cogestão auxilia nesse momento. “Foram levantadas muitas questões que em tese estariam erradas, mas com a cogestão vai ficar provado que não, que não houve nada de mais, nada que não acontece em uma empresa normal. As coisas foram feitas para que o negócio continuasse andando e para que continuasse em pé”, disse, ressaltando que a dívida não foi contraída pelo Cristiano. “Como todos sabem, ele comprou a empresa já em recuperação judicial, então a dívida não foi contraída por essa administração. Trata-se de uma empresa que estava em recuperação judicial e fecharia, mas o Cristiano veio para dar continuidade ao negócio, principalmente aos empregos”, enfatizou.

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