De agricultor a empresário na Picada São Paulo

Hermes Reich

Morro Reuter – Quem encontrar com Benno Büttenbender, de 71 anos de idade, casado com Alcira Maria, de 64 anos, pai de Claudine, Angelina, Darlene, Fernando e Elisângela, a primeira impressão é que ele leva uma vida plena e sem precisar superar dificuldades. De bem com a vida e com sorriso largo, Seu Benno revela que já enfrentou várias adversidades, mas que foram superadas pela força de vontade de vencer e muito trabalho. Hoje, é proprietário de um aviário na localidade de Picada São Paulo, em Morro Reuter, local que considera especial e muito lindo.

“Desde pequeno ajudava meus pais no trabalho da lavoura. Depois, já na fase adulta, fui trabalhar na Esquadrias Büttenbender e lá sofri um acidente na máquina de lixar (tive de tomar uma injeção de penicilina). Algum tempo após o acidente comecei a ganhar alergia por todo o corpo que, segundo o médico, era por causa do pó da madeira. Então, decidi parar de trabalhar.”

Para a surpresa de Benno, a alergia na pele não foi por causa do trabalho na fábrica de esquadrias de seu pai Vicente Büttenbender, mas devido a uma reação adversa da penicilina.

O retorno à agricultura

Trabalhador incansável, Benno Büttenbender jamais baixa a cabeça diante da adversidade. Para ele, o recomeço inspira a realizar mudanças significativas, principalmente para o crescimento pessoal.

“Depois que parei na fábrica de esquadrias fui novamente trabalhar na agricultura nas terras de meus pais, em Picada São Paulo, onde adquiri 10 vacas e comecei a produção de leite. Também entrei de sócio no Laticínios Piá, em Nova Petrópolis – fornecia até 200 litros de leite. Nesse trabalho acabei me machucando e resolvi vender as vacas.”

Mudando os rumos

Então, Benno Büttenbender percebeu que era a hora de mudar de rumo na vida e decidiu utilizar seu trator na prestação de serviços. “As pessoas me procuraram para fazer as roças. Depois, o Laticínios Piá me solicitou um círculo de máquinas. Tive de adquirir um trator novo e os equipamentos necessários para fazer esse trabalho. Trabalhei muito, inclusive para as prefeituras de Dois Irmãos e Morro Reuter. Poucas pessoas tinham trator na época, então era muito serviço mesmo.”

Predestinado ao empreendedorismo, não demorou para Benno vislumbrar uma nova oportunidade de negócio na área avicultura. “Trabalhei bom tempo na prestação de serviços, mas desejava algo novo. Então, comecei um aviário que fornece frango para corte a Nutrifrango. O negócio deu certo e construí mais dois aviários em minha propriedade de 9 hectares. São cerca de 25 mil frangos que cuido diariamente com a ajuda de meu filho”, conta Benno que ainda lembra do tempo em que o trabalho era braçal. “No início era tudo feito manualmente, o meu filho e a minha filha tinham que tratar os frangos, entre outras afazeres. Hoje, tenho tudo automatizado: bebedouro, controle de temperatura, nebulização, além de muita sombra para os frangos o que reduz a perda nos dias de muito calor.”

Do campo de futebol à Sociedade Picada São Paulo

Não foi somente no empreendedorismo que Benno Büttenbender fez história, ele também marcou forte presença no esporte e na sociedade de Picada São Paulo. Segundo ele, foi um dos melhores tempos de sua vida.

“Em Picada São Paulo tinha um potreiro na propriedade de João Link, que era o nosso campo de futebol. Até os times grandes como o Sete e o União vinham jogar ali. Era um campo pequeno e apenas parte dele com grama”, recorda com brilho nos olhos.

Benno ainda relata que junto do campo tinha um galpão comunitário que servia de salão de festas – iniciava-se uma nova era na história de Picada São Paulo.

“Resolvemos fazer uma sociedade e fomos atrás de pessoas interessadas em participar. Iniciamos com um grupo pequeno e fomos realizando as reuniões. Mais tarde, adquirimos uma área de terra onde hoje está localizada a sociedade. Iniciamos com a construção do campo de futebol por etapas. Todo final de dia nos reuníamos para construir o alambrado, plantar grama, entre outros trabalhos.”

Presidente da Sociedade Picada São Paulo

Benno Büttenbender assumiu a presidência da Sociedade Picada São Paulo em 1991, ano também de glória no futebol do clube.

“O nosso time, o São Paulo Futebol Clube, era muito bom e ficou campeão municipal por Dois Irmãos (na época Morro Reuter ainda não era município). Sempre estive junto como presidente, vice-presidente, diretor de esporte, treinador e jogador.”

Benno era o coringa do time, jogava em todas as posições, de goleiro a centroavante. “Eu jogava na meia direita, na meia esquerda e de atacante. Numa partida quebrei o dedo do pé esquerdo e não pude mais jogar na linha. No jogo seguinte faltou gente para jogar e eu me ofereci para ser goleiro. Fui muito bem nesse jogo. Continuei jogando de goleiro até parar no gol do futebol amador. Foi meu melhor ano de atleta. Fiz história! Hoje, quando chego em Picada Café, o pessoal diz: chegou o nosso goleiro Pedro!”

Em 2018, Benno mais uma vez ingressou no comando da Sociedade. Porém, desta vez, o desafio era montar a diretoria que não existia mais. “Consegui arrumar seis pessoas e começamos novamente. Em um ano de trabalho conseguimos fazer um bingo bom, um baile da linguiça muito bom, um baile de Kerb ótimo e o baile da moto.”

O ótimo trabalho teve de ser interrompido no ano de 2020, com a pandemia de Covid-19. “Já estávamos com a programação completa, mas veio a pandemia e tudo parou. Hoje, a sociedade segue forte e firme, inclusive temos o salão, o bolão, o futebol de salão e o futebol de campo. Atualmente sou colaborador da sociedade que é particular. Apesar disso, ela também está disponível para toda a comunidade realizar eventos. O que eu tenho a dizer sobre tudo isto, é que a minha vida está sendo especial e só tenho a agradecer!”