Conecte-se conosco

Destaques

Dia das Mães: Adriana Schallenberger é MÃE na sublime essência de ser

07/05/2021 - 05h50min

Atualizada em 07/05/2021 - 07h01min

Em 13 de maio de 2018 o último Dia das Mães com os dois filhos reunidos, Cíntia e Léo (em memória)

Através desta grande mulher, mãe, lutadora, heroína, exemplo da mais plena e pura humanidade, com o maior amor do mundo, homenageamos todas as mães pelo seu dia, com a gratidão da vida e do amor incondicional, imensurável e infinito

 

Por Leila Ermel

 

Ivoti – Pensar e falar em Dia das Mães pode parecer clichê para muitos, ainda mais por ter conotação comercial ou parecer rotular apenas uma data para se lembrar de alguém especial. Na verdade, reconhecer o significado desta figura tão extraordinária, que gera vida, é valorizar toda forma deste amor incondicional de mãe.

E para homenagear todas as mães com muito amor, carinho e inspiração, entrevistamos Adriana Schallenberger, uma mulher que transformou a dor de perder seu filho Léo, em 2018, aos 19 anos, em um amor sublime, um bem querer que transborda carinho, gentileza e leveza por onde passa. Que a torna um ser iluminado, conhecida por suas andanças entre os hospitais de Porto Alegre, onde já ultrapassou o número de 1 mil doadores, levando vida, esperança e acalento a quem tanto precisa de apoio no enfrentamento a doença. Sua grande inspiração e motivação? O filho Léo, um anjo que segue acompanhando seus passos, e a filha Cíntia, companheira que participa de tudo com amor, orgulho e lembranças do amor de irmã e filha.

 

 

Adriana – mãe no contexto pleno

Adriana Arnecke Schallenberger tem 54 anos, é casada há mais de 36 anos com Eldon Eloi Schallenberger. Aposentada, vive plenamente em casa, realizando todas as ações sociais de apoio e amor ao próximo que a tornam tão marcante e um ser de luz. Mãe de Cíntia, de 35 anos, a quem considera seu sol, de tanto brilho e luz que irradia, ela se mantém firme e feliz por ter vivido a maternidade com tanta intensidade, com tantos desafios, com tanto amor e força envolvidos na família em benefício do bem-estar e passagem do Léo. Foram 19 anos de uma família repleta de amor, de luta, de garra e de experiências, que se transformaram em livro e que hoje fazem a diferença na vida de outras pessoas que se deparam com a mesma situação, a luta de um filho contra a Leucemia.

 

 

Mãe por inteiro

Adriana lembra que se casou, ela e o marido construíram a casa, tiveram planos e viram a vida a dois se transformar em família. Casada há mais de 36 anos, vive uma união de muito companheirismo, lealdade, cotidiano, altos e baixos, porém sempre com a presença do amor e das lembranças vividas.

Desta união, aos 18 anos de idade ela foi mãe de Cíntia, que fez formarem uma família e realizarem um sonho. “Minha filha sempre foi uma menina muito calma, doce, alegre. Mas sempre quis ter mais um filho”. Os laços foram crescendo, o amor sendo compartilhado, a união fortalecida, até que ocorreu o nascimento do Leonardo, o Léo. A partir de então, aquela família de 4 pessoas passava a irradiar ainda mais amor e momentos inesquecíveis.

“Nossa Cíntia tinha 13 anos quando o Leonardo nasceu. Ele faria agora em 02 de setembro, 23 anos de muita luz, energia, amava o ciclismo, amava a vida e foi um guerreiro, um lutador. Sempre nos mantivemos unidos e firmes ao lado dele, fazendo de tudo para tornar este período um momento de coragem. Ele nos inspirou a seguir, nos fez prometer que iríamos continuar as campanhas de doações, pois muitas pessoas iam precisar disso, e deveriam contar com nossa força, nosso apoio”, relembra.

 

Inquebrantável fé, amor incondicional e evolução espiritual

 

Esta são apenas algumas das razões por dedicarmos a homenagem do Dia das Mães através de Adriana. Foram meses de tratamento, diferentes fases da doença, um jovem com uma fé inabalável, apaixonado pelo ciclismo, que preenchia todos os espaços da casa e a vida da família com sua jovialidade, seu carinho, os bilhetinhos amorosos. Enfim, um jovem e um filho que toda mãe almeja, que juntamente com sua irmã Cíntia, fizeram da nossa entrevistada uma mulher completa e uma super mãe.

Em um relato comovente, Adriana relembrou a última noite que passaram os quatro, unidos em família, no Hospital, enquanto acompanhavam a partida do amado filho:

“Lembro tão vivamente em meu coração aquela noite. Em pacientes terminais o hospital possibilita a família ter aquele contato direto e familiar com o paciente, então nós quatro pudemos passar a noite unidos, abraçados ao redor do Léo. Mesmo ele estando inconsciente, sei que ele pode sentir nosso amor, nosso carinho, nossas orações e nosso desejo do melhor para ele. Lembro que coloquei minha mão no peito dele, no coração, e sentia ele bater até o último sinal. Para uma mãe isso é inesquecível, inexplicável, chocante. Se para uma mãe não existe nada que explique a emoção, a sensação do nascimento de seus filhos garanto que maior ainda é o sentimento de não sentir mais o coração dele bater. Ele tinha nos deixado fisicamente, mas vive entre nós a cada dia. Nos move, nos motiva e nos faz querer mais pelos outros”, emociona-se.

 

 

O Grupo Dia do Leo e o livro

 

Muitas etapas completam esta história de Adriana, poderiam ser escritas páginas e mais páginas de sua história, da sua luta como mãe, das suas experiências, da dádiva de ter sido mãe do Léo, que comoveu toda uma região, que deixou um legado de amor ao próximo, toda sua dedicação e amor à Cíntia, ao marido, enfim, a todos a quem estende a mão dando apoio, reunindo e levando doadores que salvam vidas. Uma mulher, uma mãe que nos faz querer ser melhor a cada dia.

Nesta trajetória a família criou o Grupo Dia D do Leo, na qual realiza ações de doações de sangue, plaquetas e medula. Vende camisetas alusivas para poder auxiliar na viabilização da campanha, nas idas e vindas a hospitais e hemocentros. Também foi lançado o livro Pedalando Junto às Estrelas, que além de registrar a vida de Léo e seu amor pelo ciclismo, também ajuda nas ações sociais.

 

 

O amor da mãe para a filha

 

“Ser mãe é carregar no rosto o dom do amor, da bondade e da força! Essa frase representa da forma mais verdadeira, minha mãe Adriana. Ela que é sempre doce, amorosa, verdadeira e a maior guerreira que eu conheci. Transformou sua maior dor em amor. Esse amor que transcende e transborda.

Guardamos no coração, à linda lembrança do último dia das mães que passamos nós três juntinhos, em maio de 2018, no hospital. Foi um dia das mães repleto de amor.

Hoje, permanecemos juntos, o nosso amor nos une e fortalece. Obrigada, mãe, por ser meu maior exemplo de amor, coragem e força.  Com amor, Cíntia Schallenberger.

 

Cíntia e a mãe Adriana, cumplicidade, amor, vida que gera mais vida

 

Mensagem da mãe Adriana a todas as mães

 

”Dedico de todo coração um abraço e muito carinho para todas as mães , mas com carinho especial aquelas que não podem abraçar, beijar os filhos nesse e em todos os dias. Não existe superação, buscamos sim resignificar, buscar outra forma de nos manter forte, cada um tem a sua dor. E posso afirmar que não existe dor maior nesse mundo do que a despedida de um filho, o adeus ….. A todas as mãezinhas meu carinho .. conforto no coração ❤️

A cada dia resignificar, dar outro sentido à vida. Agradeço a minha mãe, Julita, as flores que ela traz pra mim, e as coloca junto a uma foto do meu Leo. Mãe te amo, te agradeço por estar aqui para mim”.

Este foi o último Dia das Mães que passaram juntos, em 13 de maio de 2018

 

A mãe Julita e a Mãe Adri

 

Admiração de um amigo

 

Adriana tem marcado a vida e o coração de muitas pessoas, dentre as quais o amigo Alexandre Scherpinki, que foi amigo e parceiro de Léo no ciclismo e se aproximou da mãe nos momentos finais do jovem. “Trabalhei com ela há mais de 20 anos na Calçados Dilly, mas me aproximei dessa mãe incrível quando o Léo se aproximava da sua passagem. O que posso dizer é que ela foi e é abençoada por ter sido mãe dele, e não podemos esquecer da Cíntia, uma filha exemplar”. “Tudo o que ela me pede eu não nego, embarco nas propostas dela, pois tudo o que planeja e pede, ela sabe, tem certeza que vai conseguir”, afirma Alexandre.

“Sabe a gente não categoriza mãe, é claro, mas se existisse uma forma de colocar num ranking, diria que a Adri é a top mais top delas, pois conseguiu transformar tamanha dor em um imenso amor, ela apoia as famílias que passam pela mesma situação, ela luta por doadores, faz e acontece. Ela tem um amor, uma doçura, ela transborda em mais amor e solidariedade por onde passa. Ela é muito, mas muito especial. Ela é a mãe do Léo, em todos os hospitais que vamos. Em Porto Alegre, no Clínicas todos a conhecem e admiram, ela já ultrapassou o número de 1 mil doadores que levou para doarem sangue, plaquetas, vida. Uma homenagem mais que especial neste Dia das Mães, para ela que simboliza e sintetiza todo o significado da palavra e do papel de mãe. A Cíntia confirma isso, e quem a conhece também. Uma pessoa abençoada.”, finaliza muito emocionado com as lembranças.

 

Alexandre e Léo nos pedais da vida; e Adri e Alexandre no lançamento do livro

 

*A reportagem sairá na edição impressa do O Diário em duas partes. Neste dia 07, Parte 1, e no dia 10 Parte 2.

** Uma homenagem a todas a mães, em especial às mães de toda a equipe de colaboradores do Grupo O Diário. Gratidão a todas pelo amor e vida.

Conteúdo EXCLUSIVO para assinantes

Faça sua assinatura digital e tenha acesso ilimitado ao site.