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DIÁRIO DA 3ª IDADE: Casal de Linha Nova Baixa ainda se dedica ao plantio
Nascer e continuar na roça é tradição na Linha Nova Baixa
Por Cândido Nascimento
Presidente Lucena – Deixar um legado de trabalho e amor aos filhos e netos e às novas gerações é algo que faz parte da vida de Paulo Bohn e sua esposa Julita Bervian Bohn.
Dos cinco filhos, as quatro filhas são professoras e o mais novo, Cristian, 26 anos, é o “braço direito” do pai, auxiliando nos serviços da roça. As filhas são Daniela, 40, Andréia, 37, Luciane, 32 e Ana Paula, 29. Daniela é professora, mas trabalha na área de contabilidade.
Enquanto Julita tem as suas raízes na Linha Nova Baixa, Paulo era morador de São Roque, Feliz, de onde traz lembranças como os times em que jogava na sua juventude. Como a irmã dele morava na Linha Nova Baixa e, com frequência, vinha para cá, ficou conhecendo Julita, com quem casou há 42 anos.
Tanto os pais de Paulo, José e Ida, que criavam porcos, tinham algumas cabeças de gado e plantavam alface e milho e soja na Feliz, os pais de Julita, Mathias Bervian e Lúcia Catharina Reichert Bervian, plantavam vários produtos, inclusive fumo. O fumo era levado para Santa Cruz pelo pai do prefeito da época, Nilo Exner.
Casal consegue colher aipim de boa qualidade na sua propriedade (Crédito: Cândido Nascimento)
“Eu sempre trabalhei na roça”
Paulo Bohn comenta que desde muito cedo ajudava os pais nas mais diversas tarefas, tirava pasto e fazia capina. Quando ficou um pouco mais velho ia junto para roça com o carro de bois e arava a terra.
Hoje, a família dedica-se ao plantio de aipim, sendo vendidas em média 400 caixas do produto por ano. Mas o plantio envolve ainda: feijão vagem, couve em folhas, pepino, beterraba e abobrinha, entre outros. Também tem pomar de limão e bergamota na propriedade. A venda na Ceasa é feita em parceria com o produtor Antenor Engerhoff, de São José do Hortêncio.
SEM ATIVIDADES
O casal sempre participava de alguma atividade antes de surgir a pandemia do novo coronavírus, mas a principal delas era participar dos bingos. “Agora está tudo parado, a gente nunca pensou que ia chegar nesse ponto”, comentam Paulo e Julita. Os dois optaram por fazer a vacina, com a diferença de 15 dias.
O feijão em vagem é um dos produtos colhidos
Difícil ter a continuidade na terra
Paulo Bohn fala com orgulho que o filho decidiu continuar na roça e ajuda em todas as tarefas, mas entende que é difícil isso acontecer. As filhas, quando moravam em casa, ajudavam nas tarefas do lar, comenta Julita.
O horário das atividades começa bem cedo, entre 5h30 e 6h15min nos dias mais quentes e entre 7h e 7h30 nos dias frios. Quando é quente, eles vão um pouco mais tarde para a roça e terminam o serviço perto das 19 horas.
Uma parte dos 8,8 hectares tem produtos plantados na propriedade familiar, e uma parcela de mata serve como Área de Preservação Permanente (APP).
O serviço da roça começa bem cedo pela manhã
AÇUDES
A propriedade familiar ainda tem açudes com peixes como a carpa capim e a tilápia, que também servem para a alimentação de toda a família.
A família tem um micro trator para ajudar a levar as mercadorias até o galpão. Quando é necessário alguma máquina maior para abrir açude ou outro serviço, é contratada uma empresa terceirizada, mas a Prefeitura também, auxilia, destaca Paulo Bohn. O adubo é essencial como ajuda no plantio.
Paulo comenta que não troca por nada a vida no interior para morar na cidade. “A gente nasceu na roça e vai ficar aqui até o fim”, finalizou.
O micro trator é utilizado para levar os produtos até o galpão