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DIÁRIO DA TERCEIRA IDADE: Centenária do Pinhal Alto foi testemunha da história do Tannenwald
Maria Weber faleceu na semana passada, cinco dias após completar 100 anos
Por: Gian Wagner Baum
Fotografia de Maria Weber quando jovem (Créd. Reprodução/Arquivo Pessoal)
Nova Petrópolis – Se a história da imigração alemã no Brasil começou há quase 200 anos, metade deles foram vividos e testemunhados por Maria Weber, a moradora do Pinhal Alto que comemorou 100 anos no dia 20 de novembro, cinco dias antes de falecer. Descendente de imigrantes, Maria nasceu em 1922 e não falava português. Isso porque naquela época não existia escola pública e Maria teve sua educação em uma escola particular do Pinhal Alto, que, antes da Segunda Guerra Mundial, ainda carregava seu nome alemão de batismo: Tannenwald, ou ‘floresta de abetos ou pinheiros’, em tradução livre. Na escola, foi aluna de Joseph Zilles.
Quando tinha sete anos de idade, Maria esteve presente com seus familiares na inauguração da igreja católica Imaculado Coração de Maria, em 1929. “Essas lembranças ela falava como se fosse hoje, tinha a memória muito boa”, conta o sobrinho Gelásio Schneider, que cuidou de Maria por quase três décadas. Com exceção dos últimos dois anos, Maria nunca deixou de participar das missas rezadas na igreja do Pinhal Alto. “Ela era muito religiosa, participou do Apostolado da Oração até o último dia de sua vida”, conta o sobrinho.
Lembrança da 1ª comunhão de Maria, com data de 1934 (Créd. Reprodução/Arquivo Pessoal)
RESGATE HISTÓRICO – Apesar de não falar português, Maria foi responsável pelo resgate de histórias da comunidade e era muito procurada para contar sobre o passado do Pinhal Alto. Um de seus registros mais importantes foi a história da Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, que fica à direita de quem vai em direção a igreja do Pinhal Alto. Essa gruta foi construída no final da década de 1940 e a própria Maria foi madrinha de uma das estatuetas expostas no local. O resgate dessa história aconteceu em 2015, em função da reforma feita no local. Maria ditou a história, em alemão, para o sobrinho Gelásio que escreveu em português o texto que foi lido e hoje é documento oficial da história do local. “Ela lembrava de tudo muito bem, contava como se tivesse acontecido ontem”, conta o sobrinho
Aos 93 anos, Maria participou da restauração da gruta do Pinhal Alto (Créd. PMNP/Arquivo)
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A missa de sétimo dia de falecimento acontecerá neste sábado, dia 3 de dezembro, às 18h, na Capela Imaculado Coração de Maria, no Pinhal Alto. “Queremos fazer um agradecimento especial, primeiramente às enfermeiras do Posto de Saúde do Pinhal Alto pela dedicação ao bem-estar da Maria. Também ao Dr. Leonardo, aos vizinhos, aos bombeiros, as pessoas que se dispuseram a auxiliar como cuidador nos dias que precederam sua morte”, agradece Gelásio.
Descendente de Imigrantes
Os avós de Maria migraram da Alemanha para o Brasil entre os anos de 1859 e 1860. Na foto abaixo, de 1895, praticamente inédita e uma das mais antigas já publicadas n’O Diário, está a família de imigrantes. Sentados na foto estão os avós, Jacob Weber (1851-1925), adulto com barba à direita, e Maria Anna Zilles (1851-1907), sentada à esquerda com uma criança no colo. A criança é seu filho, Felipe.
O pai de Maria Weber também está na foto. Ele é a criança pequena que está mais ao centro da imagem. Na fotografia da família Weber ainda estão Nicolau, de pé apoiando a mão no ombro do pai. Nicolau Weber é bisavô do deputado estadual Elton Weber.
OUTROS INTEGRANTES – Ao todo, onze pessoas estão na foto da família. Na extrema direita está Maria, que se casou com Pedro Wendling. Na extrema esquerda está Joseph, que se casou com Elizabeth Kunst. Ao lado de Joseph está Carolina, que se casou com João Wiekert. Felipe, no colo da mãe, casou-se com Verônica Kröetz. Atrás da mãe. Maria Anna, está Anna, casada com Adam Knorst. Ao lado de Anna está Pedro, casado com Catharina Wickert. Nicolau, já citado, que foi casado com Catharina Knorst. Na frente do pai, a criança é Johann Peter, que se casou com Suzana Wendling.
Foto da família Weber tem quase 130 anos e é datada de 1895 (Créd. Arquivo Pessoal)