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Diário Rural: diversidade da produção é tradição há várias gerações em Presidente Lucena
Por Cândido Nascimento
Presidente Lucena – Os antepassados de Vitorino Petry vieram da Alemanha. Segundo o livro da família, que teve o primeiro encontro em 1994, o imigrante alemão Nicolaus Petry, 43 anos, veio com a esposa Anna Wagner, 36, para o Rio de Janeiro, chegando na antiga Feitoria de Linho Cânhamo em 18 de março de 1829.
Eles tiveram sete filhos, sendo quatro nascidos na Europa e três no Brasil. Segundo lembra Vitorino, que mora no Canto Karling, o seu avô Henrique Petry, neto de Nicolaus, já morava na atual propriedade da família.
“Os colonos ganhavam do Governo Imperial duas colônias, com 25 hectares cada”, explica o produtor rural, que segue a tradição de plantar aipim e hortaliças e fazer melado na propriedade familiar.
Retorno ao lar após 20 anos fora
Filho de José Alfredo Petry e Rosa Führ Petry, Vitorino comenta que a família era de seis irmãos: Cerino (falecido), Geraldo, Imelda, Vitorino, Jacinta e Lidia. De todos, somente ele permaneceu na agricultura. Quando criança estudava no Colégio Mathias Schütz, em Ivoti. Ele e o irmão mais velho caminhavam quase duas horas a pé para ir à escola. Até por volta dos 12-13 anos ficou na roça.
Ainda na ad olescência foi trabalhar no Colégio Anchieta em Porto Alegre, estudou em Bom Princípio e em Novo Hamburgo, onde permaneceu por cerca de 15 anos. Aos 33 voltou para casa para ajudar os pais, pois eles estavam doentes. E de lá para cá nunca mais deixou a atividade agrícola.
Aos 40 anos casou com Marna Petry, que tinha 32 anos, era extensionista da Emater na época e fazia visitas à propriedade familiar. O casal tem dois filhos: José Henrique, 34 e Madalena, 32, e o neto Mateus Henrique, filho de José.
NO CONSELHO
Entre os anos 2000 e 2003 Vitorino foi conselheiro tutelar em Ivoti, onde morou. Atualmente também é conselheiro tutelar em Presidente Lucena, função que iniciou como suplente. Ele consegue um tempo intermediário de três dias por semana para atuar na agricultura.
Era tudo feito com junta de bois
O serviço era braçal nos tempos antigos, e eram utilizadas as juntas e os carros de bois para lavrar a terra e levar pasto e produtos colhidos da roça. Com o passar dos anos foi necessário adquirir trator, implementos e uma Kombi para transportar os produtos até o consumidor final.
Quando voltou para ajudar os pais, Vitorino comprou sete vacas holandesas e passou a trabalhar com tambo de leite. Ele repassava o produto para a Cooperativa Piá e chegou a ter uma produção de 100 litros de leite por dia. Ele encerrou a atividade em 1996, já que essa produção era feita manualmente.
Produção era vendida em Novo Hamburgo
Além do plantio de verduras, feijão e frutas, houve um tempo que o produtor investiu na fabricação de carvão, que era vendido nos restaurantes de Novo Hamburgo, onde fez a feira por 11 anos. Naquele período ele adquiriu uma Kombi 1995 0km. Aliás, os seus veículos sempre foram Kombi.
Ele fazia schmier colonial com batata-doce, cana-de-açúcar e abóbora, além de melado. “Eu vendia o melado pré-cozido nas fábricas de schmier, e cheguei a produzir bastante, em torno de oito a dez tonéis de 260 kg (cada) por mês”, explica o produtor.
O QUE VENDE HOJE
Vitorino faz até hoje o melado para vender na Feira do Produtor Rural, que acontece sempre aos domingos, no Parque Municipal Egon Gewehr. Ali são vendidas as verduras e os demais produtos.
Tudo o que é plantado na propriedade é utilizado para o consumo da família e o excedente é vendido na feira. Ele vende ainda aipim, batata-doce, feijão, banana, abacate e até a noz pecan, entre outros.
<LEGH>A noz pecan é um dos produtos diferenciados que Vitorino leva à feira (Pldruralcn-5903)
Auxílio do Pro in Rural
O produtor destaca a importância do auxílio da Prefeitura, através do Pro in Rural, pelo qual tem direito até 15 horas de serviço de máquina por ano. Atualmente ele possui entre oito e nove implementos para acoplar ao trator, mas o custo desse equipamento é alto.
“É conforme as notas que são tiradas, mas eu não utilizo todas as horas a que tenho direito, mas é uma ajuda necessária no plantio e na colheita do milho seco e milho para silagem”, explica Petry.
SUCESSÃO
O produtor lamenta que os mais jovens não querem mais permanecer no serviço da roça, ao qual os seus antepassados investiram a sua vida para a criação da família. “Hoje, os mais novos não assumem mais, não querem esse compromisso aos finais de semana, e quem trabalha com animais não tem como sair, eu não sei o que é tirar férias”, conclui.